quinta-feira, julho 28, 2005

Receitas com Chispes – Farófias do Chispes

Finalmente está chegada a hora de falar de culinária. No passado, na tropa, fui cozinheiro, granjeando grande fama entre os meus camaradas. Era com alguma mestria que preparava cozinhados que levavam muito boa gente à loucura. Mas a arte dos doces, das sobremesas, era o que mais me motivava. Preparei doces que chegaram a ser usados em pleno campo de batalha, nas selvas da Guiné. Dizia-se que a minha mousse de chocolate era ideal para limpar as G3 ou em contacto com a água transformava-se numa boa argamassa para construir muros de tijolo.
Hoje pouco cozinho. Limito-me a preparar uns repastos para enganar o estômago ou para conquistar uma moça de vez em quando, é como diz o povo: “pela boca, cai na rede o peixe”.
Todos temos os nossos momentos de inspiração artística, o meu foi as Farófias do Chispes. Embora seja verdade que este doce não é de fácil digestão (houve quem tenha apanhado congestões 2 semanas depois), de se tratar dum produto que não pode ir ao frigorífico (pode se for o único produto nele contido) e de, em caso algum, poder ser ingerido acompanhado por qualquer bebida, é sem duvida uma obra-sobrinha da doçaria lusitana.
Passemos sem mais demoras à Receita:


Ingredientes:
- Açúcar na quantidade suficiente para encher uma mão dum homem adulto;
- Cascas de ovo de Avestruz;
- Maisena na quantidade de duas mãos do mesmo homem;
- 7,5 dl de vinho, marca Carrascão ;
- 1 casca de limão ;
- Cascas de tremoço na quantidade dum pires bem cheiinho;
- Casca de queijo em pó;
- A parte interior (se a encontrarem) das cascas de ovo referidas atrás;


Confecção:
Separam-se as partes mais claras das mais amarelas (se entretanto não estiverem ambas negras) do interior das cascas de ovo. Mexem-se freneticamente as partes claras e quando estiverem bem firmes junta-se o açúcar e as cascas de ovo e de tremoço, continuando a mexer até se obter uma mistela bem espessa e seca. Entretanto, leva-se o vinho ao lume com a casca de limão. Quando ferver, reduz-se o calor para manter apenas uma fervura suave. Deitam-se dentro colheradas da mistela de ovo, cascas e açúcar. Deixam-se cozer rapidamente, voltando-as. Retiram-se as farófias com uma escumadeira e colocam-se num passador para escorrer. O vinho que vai escorrendo das farófias junta-se ao do tacho. Depois dispõem-se no prato ou travessa de serviço, fundos. Deixa-se arrefecer o vinho em que as farófias cozeram e adiciona-se a maisena desfeita num pouco de vinho e as partes amarelas dos ditos ovos de Avestruz. Leva-se ao lume, mexendo sem parar para cozer e engrossar. Rectifica-se o açúcar se for necessário. Cobrem-se as farófias com o molho e polvilham-se com a casca de queijo. Servem-se mornas e a seco. Bom Apetite.

5 comentários:

Titá disse...

Uau. Obrigada

Titá disse...

E ainda por cima vou ter q pôr um homem a fazer de medidor...ahahahah

Anónimo disse...

Buuuurrrrrpppppp!!!!!!!!!
Com licença....
Como não tinha ovos útilizei mesmo as avestruzes, e é melhor do que um orc regado com um bom vinho do Shire.
Estou ansiosa pela próxima receita.

Anónimo disse...

Pois é Tita, esse é o grande problema da minha receita, precisar dum instrumento de medida tão grande.

Anónimo disse...

Amigo Chispes:
Foste nobre em divulgar assim a tua receita, que se suponha secreta. Mostras aqui que a tua grandiosidade está vai muito para além da largura de teus pés.
Um abraço do Zé