quarta-feira, julho 06, 2005

Receitas com Chispes – Eu também sei ser sensível

Embora a rudeza extravase do meu aspecto físico, eu, Lícinio da Silva Chispes, até sou um tipo sensível. Não sou de chorar lágrimas de jacaré, mas por vezes surge a lágrima no canto do sobrolho. Recordo-me de ter ficado sensibilizado no dia do meu casamento, a minha futura mulher vinha deslumbrante ao entrar na igreja. Aquele vestido branco, comprado na casa de cortinados da Rua de Trás-os-Montes na Baixa da Serra, ficava-lhe a matar. Era largo, escondia perfeitamente os 107 quilos e o véu ocultava-lhe na perfeição o estrabismo e o amarelo escuro dos 14 dentes e meio que possuía. A marcha nupcial, tocada pelas gaitas-de-beiços dos meus amigos da taberna do Azedo, o Zé Rui e o Alfredo, foram um momento chave do acontecimento. Era um dia de chuva e como diz o Povo: casamento com chuva, vai batendo até furar. E furou. Dois meses depois a minha bela mulher deixou-me para ir viver em pecado com uma colega de trabalho. Segundo consta a tipa é sindicalista e também presidente da comissão de defesa da caracoleta ibérica, que pelos vistos está à beira da extinção. Desde então tenho caminhado sozinho na jornada da vida. Aqui e ali umas aventuras mais ou menos selvagens com moças que acabam por me deixar por me acharem um tipo grosseiro, dizem que não ligo aos seus sentimentos, que apenas me preocupo em leva-las ao desmaio extasiado. Mas eu também sei ser sensível.

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande chispes, ainda bem que a tua ex te deixou porque tu mereces mais e melhor. Um tipo como tu tem de andar com uma Claudia Schiefer. Continua a leva-las ao desmaio extasiado.