sexta-feira, dezembro 23, 2005

É Natal !!! O Amigo Secreto

Já está a tornar-se uma tradição. Eu e um grupo de amigos, juntamo-nos em vésperas de Natal para trocar presentes simbólicos entre nós. Após um sorteio prévio, ficamos a saber a quem deveremos fornecer a prenda, informação que deverá ser mantida secreta até ao jantar de Natal organizado, onde, em apoteose, é revelado o “Amigo Secreto”de cada um.
Somam-se apostas, são definidas estratégias, até já existiram alianças impensáveis, tudo com a intenção de se saber previamente quem fica com quem.
Este ano calhou-me o Crazy Charm. Levou com a prenda com que tem sonhado nos últimos 5 anos: uma boneca insuflável com abertura bocal alargada. Eu levei com a excentricidade do Mr. Stylish que me ofereceu um Horóscopo Sexual, onde fiquei a saber que os nativos do meu signo são danados para a brincadeira, especialmente quando Vénus está alinhado com a Constelação da Jeropiga e desde que as luas de Saturno continuem a circular sem chocarem umas com as outras.
Este ano correu tudo bem. No ano passado não foi assim. Miss Susy, namorada de Stylish, e a minha Anuska, combinaram entre elas uma marosca. Veio a acontecer que nos papelinhos do sorteio haviam apenas dois nomes: os delas. Apenas elas receberam presentes. O caldo ficou entornado!!! Após morosas negociações (e porque era Natal) os presentes foram divididos por todos. Eu fiquei com um livro de fazer chorar as pedras da calçada dum homónimo do Sparks, Stylish ficou com um ursito de peluche, Crazy Charm com uma sexy lingerie preta.
Jurei ficar zangado com a Anusca depois daquela cena pelo menos por uma semana!! Mas que raios… Vénus nessa noite estava alinhado com a Constelação da Jeropiga…
Um Santo Natal para todos e se virem o Pai Natal digam-lhe que ainda estou à espera daquele boneco do Action Man que lhe pedi vai para 22 anos! (Não sei se me fiz entender a alguém …)

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Conto de Natal – O Sentido da Música

A noite estava gélida. A neblina, provocada pela proximidade do Rio, e o silêncio tornavam o ambiente quase sinistro. Os relógios estavam sintonizados. Faltavam apenas 3 minutos para passarmos à acção.
O segurança de serviço, sobrinho do primo do Seducer, tinha sido pago para não surgir na Ala Este do Edifício. O nosso vigia informara-nos pelo walkie-talkie, comprado na loja dos chineses, que o rapazito já tinha gasto o nosso suborno, estando agora de ressaca, dormindo dentro dum carrinho de compras.
Hora de entrar em acção! A invasão do Edifício foi rápida e limpa. Sexy Sparks era perito em arrombamentos sem deixar rasto visível. Com as luzes apagadas era mais complicado encontrar o balcão de informações. Stylish e o seu sentido de orientação tipo rato bêbado dentro dum labirinto, levou-nos para o sitio oposto, para junto das casas de banho. A tempo veio a correcção de Charm, que munido dum faro impar e reparando na luz de presença que iluminava tenuemente o balcão, guiou-nos até ao local.
Chegados ao balcão de informações, foi tempo de realizar a operação: roubar todos os cd´s com canções de Natal que aí se encontravam e que repetidamente eram postos a tocar durante todo o dia pelos funcionários, penetrando as músicas sem piedade, nos ouvidos dos clientes.
Missão cumprida!! Amanhã quando for às compras estarei a salvo daquela música maquiavélica que apela ao consumismo exacerbado.
Para todos um Santo Natal.

(Nota: Exceptuando o sentido de orientação de Mr. Stylish este texto é pura ficção)

terça-feira, dezembro 20, 2005

Glamour Gold II

As Crónicas do Zé Caxias - Acalmia depois da Tempestade

Findou-se o clima de guerrilha urbana entre mim e “Facadas”. Já não era sem tempo. Chegámos a acordo em relação ao facto de não nos agredirmos mais verbalmente, nem de qualquer outra forma. Anteontem até pegámos em nós e para selarmos este acordo fomos a uma casita de alterne que há lá para os lados das Arroteias. Foi como nos velhos tempos. Um show de strip à antiga portuguesa. A música, a passerelle, o tubo e a Sensual Berta com os seus 58 anitos de puro charme e sedução. Foi qualquer coisa de extraordinário. Paguei uma “individual” ao “Facadas”. Eu disse-lhe: “companheiro esquece a brasileira que tem pouca experiência, escolhe a Berta”, mas ele não foi nisso. Quis a miúda com 20 anitos, peitos firmes, pernas macias, rabo sem efeitos da gravidade. Claro que a Berta ao ver a fraca performance da miúda, veio, qual elefante ferido, numa louca correria em auxílio do “Facadas” e em defesa da “casa” que lhe dá trabalho há já 35 anos. Com dois bruscos movimentos da Berta, já a brasuca estava sentada num sofá a 15 metros de distância e o “Facadas” preso entre dois poderosos troncos de arvore a que alguém chama de pernas da Berta. Em poucos segundos os seios da Berta estavam ao léu, enormes, gigantescos até. “Facadas” como que aterrorizado foi esbofeteado vezes sem conta por aqueles dois descomunais balões de ar meio vazios, que transformaram os seus óculos de farmácia em estilhaços projectados a largas dezenas de metros. A “casa” pagou-lhe os óculos. Eu paguei-lhe a pomada para as nódoas negras.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

A Tertúlia

Fui acusado pelo comentador/critico de Blog, Sr. Loureiro Lopes, de ser um intelectual de 5ª categoria. Para repor a verdade, contrariando tais blasfémicas afirmações decidi formar uma tertúlia. A garagem onde o Stylish guarda a BMX e os patins de rolamentos serviu na perfeição para o encontro.
Um mesa redonda. Quatro vultos da mais rochosa intelectualidade. Uma garrafa de Sumol de laranja. Quatro canecas de barro. Um saco com dois quilos de tremoços.
Estava criado o ambiente para o inicio duma amena cavaqueira. Jornais cuidadosamente espalhados (o Record, A Bola, o Jornal do Lidl), um baralho de cartas e um prato para pôr as cascas de tremoço ornamentavam a mesa.
O calendário da Miss Outubro de 1991 pregado junto ao poster da selecção portuguesa do México 86 servia de inspiração para o inicio da conversa cujo tema a ser discutido seriam as Presidenciais 2006.

Talk Talk – Pois é meus amigos… isto deve ir dar Cavaco…
Mr. Stylish – Sim.
Crazy Charm – Para mim é igual ao litro.
Rebel Seducer – Porque dizes isso?
Crazy Charm – E porque é que haveria de não dizer isso?
Rebel Seducer – Quando é que joga o Sporting?
Mr. Stylish – É hoje… o Porto é que só joga amanhã.
Talk Talk - Mas que grande par!!!
Crazy Charm – Quem, o Porto e o Sporting?!
Talk Talk – Não…as mamas da Miss Outubro ali na parede.

Num curtíssimo espaço de tempo falou-se de política, hidráulica, desporto, matemática e anatomia. Agora venham-me dizer que os i-Glamour não são uns intelectuais de 1ª água, capazes de argumentar sobre todo e qualquer tipo de assunto!!!
Engula em seco Sr. Loureiro Lopes!!

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Hoje o Stylish faz anos!!!

Falar do Stylish é falar na Amizade. Pura e incondicional. Um aniversário do Stylish festejado entre amigos é muito mais do que a comemoração do nascimento dum petiz que abraçou o charme punk rock mistério. É a comemoração do inicio de algo que durará uma vida.
Parece que foi ontem que nos juntámos naquele restaurante numa festa de pais-natal, mas já passaram 10 anos. Na altura houve quem afirmasse tratar-se do aniversário do Stylish, mas eu duvido, com tanto cromo de barrete vermelho na cabeça a dizer ho ho ho, era impossível ser uma festa dum punk rocker alternativo, que gostava de se vestir de preto e que andava com pregos e parafusos nos bolsos para o que desse e viesse.
Atrevo-me a dizer que o charme místico da banda nasceu naquele local, entre o vinho verde, o bacalhau assado, as azeitonas e as assoadelas em guardanapos de pano que alguém mais familiarizado com a etiqueta recordou que eram para colocar no colo.
Depois daquele jantar nunca mais fui o mesmo. Mr. Stylish passou a fazer parte da minha vida.
Posso também referir o seu segundo aniversário que passámos juntos. Dessa vez não houve pais-natal mas houve polícia, não houve bacalhau assado mas houve bifes de 3 contos, não houve dinheiro para mais nada e… também não houve livro de reclamações. Sei que ele ainda me culpa pelo estranho episódio.
Atrevo-me a dizer que apesar de tudo nada mudou naquele jantar. A amizade já tinha nascido e amadurecia forte.

Parabéns Amigo e obrigado por seres quem és.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Bandas Reunidas – Missão Cumprida!!!!

É a minha última participação (como administrador) neste Blog. Sinto um misto de felicidade e tristeza. Felicidade porque a reunião dos nossos rapazes correu tão bem que eles estão de volta, não sendo os meus serviços necessários a partir desta data. Tristeza porque estava a começar a gostar disto. Bem… mas é como diz esse grande poeta naquela grande canção: “Live is live, lala lalala”
Mas indo ao que interessa, o último episódio do “Bandas Reunidas”…
A rapaziada dos I-Glamour juntou-se no Armazém do Vinho Tinto, propriedade do Ti’Bezana, para a realização dum concerto que supostamente seria único.
Crazy Charm chegou com os seus Bonga-bongas (entretanto repatriados pelo Serviço de Estrangeiros, apesar dos esforços para casar os bongas com portuguesas e as bongas com portugueses). Mr. Stylish apareceu já com o seu inconfundível estilo de retaguarda. Rebel Seducer e Talk Talk chegaram juntos, estranhamente atrasados, ao que apurámos devido a problemas do foro intestinal do Talk motivados por excesso de bolacha baunilha consumida.
Juntaram-se fãs de todas as faixas etárias e de todos os quadrantes: eu na casa dos 50`s e do Barreiro, a mulher do Talk nos 20`s e da Moita, o Ti’Bezana com 77 anos e da Baixa da Banheira (conseguindo aguentar-se consciente durante 10 minutos do concerto) e uma tal de Marrrrluce de idade e morada incertas. Os Bonga-bongas não contam para esta estatística uma vez que se ficaram pela adega do Armazém a … digamos … familiarizarem-se com a cultura lusitana. Sexy Sparks, o manager da banda não pôde vir mas mandou uma mensagem lida em voz alta pelo Talk que dizia: “É pá… mossos…hum … é pá, fiche vocês estarem de volta, depois agente fala.”
Após 10 músicas tocadas, algum vinho consumido, duas interrupções do Talk para ir à casa-de-banho, uma tentativa de agressão do Seducer à Marrrrluce, findou-se o concerto.
No final a banda prestou juramento à Sandes de Coirato, depositada sobre a mesa de madeira, ao lado do pires com os caroços de azeitona, oficializando-se a reconciliação.
Os i-Glamour estão de volta!!!!!!!!

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Bandas Reunidas – O Corridinho do Talk Talk

O casal Talk sempre me foi especial. Juntos formam uma dupla, por vezes tão alucinada como os próprios I-Glamour. Neste caso, Anuska é o oposto da Yoko do Lennon. Ver o marido de novo na Banda é para ela um grande desejo. Ela sabe o que o faz feliz. Daí eu ter recebido dela uma mensagem com a indicação do local onde eles se encontravam, contrariando a vontade do Talk que queria manter-se incógnito.
Cheguei à hora exacta. Após terem passado o dia no campo, algures na serra algarvia, na apanha da alfarroba e do figo, encontravam-se agora na Sociedade Recreativa Alcagoitas do Arade. Pertenciam ao rancho folclórico daquela colectividade, Anuska na voz e nos ferrinhos e Talk no cavaquinho. Foi giro ver um tipo tão grande com um instrumento tão pequeno (falo obviamente do cavaquinho), ainda com os tiques de charming punk rockeiro, visíveis na forma como mexia os ombros e nas caretas que fazia aplicando movimentos com as beiças. O Corridinho soava diferente, provocava um “frisson” especial. Os bailarinos misturavam a coreografia tradicional com algo novo. Aquele olhar ritmado de soslaio dos homens e o abanar da anca estilo 70´s das mulheres (já para não falar da batida duma música dos Bee Gees que se ouvia em fundo), demonstravam a “mãozinha” do Talk, revelando que o “bichinho” ainda o remoía.
No fim do show quando Talk se apercebeu que eu estava ali aproximou-se e disse-me:
- Não me tentes… não vou voltar. Decidi está decidido.
- Vá lá!! Só faltas tu… e os fãs o que irão dizer?
- Não vou. Podem fazer isso sem mim.
Aquela atitude requeria medidas drásticas. Tinha que atacar a “fera” onde sabia que ela era vulnerável. Tinha que lhe chegar ao coração…
- Talk pá, o que será dos I-Glamour sem o seu baixista hum? E depois ainda há outra coisa, uma surpresa que tinha preparada para ti…
- O quê?! O quê? – Aquele olhar esbugalhado fez-me perceber que o jogo mudava a meu favor.
- Descobri uma mercearia que vende as bolachas baunilha que tanto gostas … as avulso, aquelas mesmo que quando ainda eras um petiz, trincavas com leite frio, como se o amanhã não existisse. Mas só te digo onde é se fores ao concerto…
- Minha pipa de vinho manipuladora!!! Ok… ok… conta comigo.
O sonho vai realizar-se!! O charming punk rock vai voltar à margem sul do Mar da Palha.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Bandas Reunidas – Mr. Stylish, de baterista a marialva

- Cala-te vinho!!
Com este mote, Mr Stylish, ou como agora é conhecido, Chico Estilos, o Anjo da Mouraria, silenciou a audiência do Restaurante Repasto Saloio, dando inicio à sua actuação. Com uma cassete gravada com a voz do “Facadas” Canhoto e o Zé Pincel na guitarra portuguesa foi um verdadeiro “ver se te avias”, numa panóplia riquíssima de temas do Fado Marialva. De lenço vermelho ao pescoço, boina verde na cabeça e de frente para o público, Stylish (ou melhor, Chico) estava irreconhecível.
No fim do espectáculo veio sentar-se na minha mesa. Olhou-me nos olhos pela primeira vez. Foi estranho conversar com ele sem estar a mirar-lhe a nuca. Foi até bizarro vê-lo a beber uma água ardente de forma normal, como o mais comum dos mortais.
- Olá Licínio. Tenho lido o Blog. Já sei o que pretendes…
- E… aceitas a proposta de te juntares aos teus companheiros?
- Se o Talk aceitar, coisa que eu duvido, vamos a isso!
- Mas Estilos, achas que o Talk não vai aceitar?
- Não sei, vamos ver. Mas por agora podes tratar-me de novo por Stylish, já tinha saudades.
E com esta última frase deu-se uma estranha mas ao mesmo tempo feliz metamorfose. Chico Estilos, ou melhor, Mr. Stylish, virou-se na cadeira, retirou o lenço vermelho e bebeu o que restava da água ardente ao jeito dos velhos tempos, despejando-a no cachaço e gritando: “Chiça que até me queimou os pêlos do peito !!!”.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Bandas Reunidas – Rebel Seducer e a Feira de Carcavelos

A 2ª etapa desta tarefa, que tanto anseio tem provocado nos fãs dos i-Glamour, levou-me à Feira de Carcavelos. Procurar por Rebel Seducer não foi difícil. Bastava seguir o som da música do Nel Monteiro até à Discoteca Ambulante do Chico Maia.
A bancada de vendas era um recheado de música da mais alta qualidade. Chico tinha resistido às tecnologias e às pressões comerciais. Mesmo ao lado, noutra banca, a sua mulher vendia farturas, pipocas e calçado da melhor qualidade.
Chico tinha dado emprego a Seducer. O trabalho consistia em rebobinar as cassetes de música após estas serem ouvidas. Lá estava o nosso guitarra ritmo, com uma caneta bic a girar a uma velocidade impressionante a cassete dos Modern Talking, que iria ser posta a tocar logo a seguir.
Aproximei-me do nosso rapaz e cumprimentei-o:
- Rebel como vais?
- Olha o Licínio. Então por aqui?
- Sim. Vinha à tua procura. Agora sou eu o gestor do Blog dos I-Glamour…
- Eu sei…
- Pois… é pá e introduzi lá uma rubrica nova. O Bandas Reunidas. E agora ando a ver se junto os I-Glamour numa sala para um concerto. A ideia é juntar a malta, pô-los a falar e quem sabe… a tocar qualquer coisita para uma sala cheia de fãs.
- Ah ah ah ah ah. Estás louco!! Então o Crazy agora deu em Chefe Tribal e anda lá para as Áfricas…
- Mas eu já falei com ele. Ele disse que sim.
- Disse?! Então eu também alinho. Só há é um problema…
- Qual?
- As cordas da guitarra… vendia-as à Dona Maria que fez delas um estendal.
- Não há problema. – Disse eu – Vi ali uns tipos a vender arame. A gente trata já disso. Depois é só dares uma afinadela no instrumento.
E assim já temos metade do grupo. E é como diz o povo: “Só custa as duas primeiras metades”.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Bandas Reunidas – Em busca de Crazy Charm

Recebemos unidades de e-mails. Todos exigiam que tentássemos reunir de novo os I-Glamour. E é isso que eu ando a tentar fazer. Comecei por ir à procura do Crazy Charm. As informações que possuía indicavam que o gajo estava no norte do Congo. Para lá parti, graças ao dinheiro dos Fundos para o Movimento de Autodeterminação da Ilha do Rato, que como tesoureiro-mor, a mim estão confiados.
Já no terreno consegui arranjar um guia, um rapazolas de 14 anos, ex-tenente do Exército Congolês, de nome Tongo. Com ele fiquei a saber que o Crazy Charm tinha alterado o nome para Ni Pilonga e que agora era considerado Chefe da tribo dos Bonga-bongas.
Acompanhado por Tongo penetrei nas densas florestas nortenhas do Congo. Comecei a ouvir tambores e a sentir o cheiro de castanha assada, cada vez mais intensos. Cheguei a uma zona desflorestada recheada de cabanas de folhas e canas. Num trono com 2 metros de altura feito de pau, estava o Crazy Charm, ou aliás o Ni Pilonga. Completamente irreconhecível. Vestido com pele de leopardo, com a face coberta de pinturas de guerra, trincava umas castanhas assadas e bebia, ao que parece, água pé. Aos pés do trono estavam 3 matronas, cada uma com dois petizes mulatos ao colo, todos com um ar que me pareceu familiar. Eu e o Tongo fomos surpreendidos por uma armadilha que nos fez ficar de cabeça para baixo, presos a cabos pendurados a uma árvore. Dezenas (se não centenas) de lanças afiadas cercaram-nos. Vozes gritavam para nós numa língua que eu nunca tinha ouvido. O Tongo ia respondendo como podia, à medida que ia encaixando uns pontapés na cabeça.
De repente Crazy Charm gritou qualquer coisa naquela estranha forma de falar. Eles libertaram-nos e transportaram-nos em ombros por entre berros, demonstrando enorme alegria. Largaram-nos como sacos de batatas no chão, à beira do trono. Já recomposto, reconheço uma voz que me perguntou:
- Licínio que fazes aqui meu amigo?
- Eu vim cá para te tentar convencer a entrar no novo programa do Blog I-Glamour. É o Bandas Reunidas. Basicamente é para reunir bandas famosas e…
- Eu sei o que é. – Interrompeu-me. - Não sei Licínio… o que disseram os outros?
- És o primeiro que eu consulto…aceitas?
- Ok. Podes contar comigo. Mas escuta… só vou se levar os meus Bonga-bongas.
Como poderia dizer que não? Um já estava, faltavam agora os outros três.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Bandas Reunidas – Os Esquilo Esquizofrénico do Esquema Esquisito

É impossível não nos recordarmos desta banda, impulsionadora do rock regressivo da Baixa da Banheira. Se por acaso não se recordarem, contrariando a minha afirmação, não digam nada por forma a dar alguma credibilidade a este texto.
A banda separou-se vai para 15 anos. O som violento que impingiam nos instrumentos, provocava efeitos de alucinação e histeria nos fãs. Quem poderá esquecer o concerto da Vinha das Pedras, onde Peter, o vocalista, se lançou do palco para a plateia em busca do moch perfeito. Desde então ficou conhecido por “Gesso” Peter. A digressão foi retomada 232 sessões de fisioterapia depois.
Na manhã do último sábado desloquei-me ao refugio de Frankie Goes to Baixa da Banheira, baterista dos Esquilo Esquizofrénico do Esquema Esquisito. Ele seria o primeiro que eu tentaria convencer a reunir-se na mesma sala com os restantes elementos da banda. Frankie mora no antigo Bairro da Caixa, no Vale da Amoreira, num prédio de 4 andares bastante degradado. Com a avaria no elevador e com dois putos que, enquanto fumavam uns charros, me barravam a passagem pelas escadas, restou-me a alternativa de gritar pelo nome do Frankie. Mirando para cima por entre os lanços de escada gritei:
- Frankie… é o Licínio pá, o novo administrador do Blog I-Glamour. Ando a fazer um programa…
Nisto sou brutalmente interrompido pela queda duma torradeira, que caiu matreira na minha cachimónia. Levei 7 pontos. Enquanto fazia o curativo no Hospital do Barreiro, recebi um SMS do Frankie que dizia: “Reunir a banda? Nah… i´m out!! PS: Não fui eu que mandei a torradeira. A minha continua sobre o frigorifico, é que eu adoro torradas”.
Bem... com estes nada feito. Mas é como diz o povo: "Com o primeiro milho não enche o papo a galinha".

terça-feira, dezembro 06, 2005

Blog em autogestão

Com o fim dos i-glamour foi-me dada a honra de gerir este Blog até que, com a queda de visitantes que se adivinha, o Blog termine por si. Até lá vou honrar o que aqui foi feito. Como tal iniciarei um programa de música: O Bandas Reunidas.
O objectivo é simples e baseia-se na procura de grandes grupos musicais da nossa região que por qualquer motivo tenham desaparecido de cena. É verdade que quase todas tiveram um fim critico, terminando com pedras da calçada a voar em direcção ao palco nas Festas em Honra de São José Operário, ou em tentativas goradas de “moches”, ou ainda na distribuição dos membros da banda por distintos institutos prisionais do nosso país. No entanto iremos tentar juntar algumas bandas num concerto único.
Para que não desanimem por não terem o Talk Talk para ler, e de forma a dignificar este espaço, vou deixar-vos com uma poesia de minha autoria, intitulada “O Sumo das Palavras”, lá vai:


As quadras que escrevo
Têm sumo, são de relevo
Se forem bem espremidas
Matam sede como bebidas

Não tanto como a pomada
Que se bebe lá no Azedo
Que escorrega apressada
P´la goela, como um torpedo

Se depois de uma rodada
Tudo o que vês é a dobrar
Não metas culpa na pomada
É o teu estômago a fraquejar

Come pataniscas e chourição
Rissóis, torresmos, tremoços
E não te esqueças do belo pão
Tem cálcio, é bom prós ossos

segunda-feira, dezembro 05, 2005

I-Glamour – A Rotura

É com lágrima ao canto do olho e um profundo pesar no coração, que vos divulgo o fim da maior banda charming punk rockeira do Planeta. Chegou ao fim um projecto de 10 anos, que teve como objectivo primordial a divulgação do charme puro e duro através de melodias rebeldes, mas carregadas de simbolismo e tradição lusitana.
Era inevitável o fim. Crazy Charm há muito que tinha optado pela causa humanitária, pondo de parte a carreira como vocalista e guitarrista da banda. Há meses que não dava noticias. Viemos a saber que se encontrava algures no Congo, a viver com uma tribo indígena, alimentando-se de raízes e insectos, uivando e tocando tambores em noites de lua cheia, sonhando em segredo com a descoberta do Reino de Prestes João.
Rebel Seducer fez a opção séria de se dedicar ao seu sonho de criança: rebobinador de cassetes piratas na Feira de Carcavelos. As cordas da sua guitarra servem agora de estendal de roupa na barraca da Dona Maria. Ao que parece são resistentes e não sujam as toalhas.
Mr. Stylish profissionalizou-se na arte da cartomancia e vai finalmente dedicar-se ao fado marialva, actuando todas as terças-feiras à noite no Restaurante Repasto Saloio, no Lavradio. Como a sua voz soa a rajadas de vento a assobiar nos telhados, empresta apenas o estilo, fazendo playback. A voz fica a cargo de “Facadas” Canhoto. Para além disso começou a andar ao contrário, ou seja, de frente. As articulações já começam a habituar-se aos novos movimentos corporais.
Sexy Sparks, o nosso manager, ainda não sabe que a banda terminou. Aliás, quando lhe tentámos dizer ele riu à gargalhada e saiu da sala para ir comprar um pacote de sugos, julgando que estávamos a gozar. Não o voltei a ver. Acho que irá continuar a trabalhar para nós sem se aperceber que terminámos. Nada mudará na sua actuação.
Eu… pois eu pensei em seguir uma carreira a solo, mas depois caí em mim e optei por outra via. Amanhã começo uma nova vida. A apanha da alfarroba na Serra do Caldeirão é chão que está a dar muita uva. E nem preciso de levar escadote.
Aproveito para me despedir dos fãs e para lhes desejar felicidades. Foi-se o glamour mas ficou o mito! Até sempre!

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Glamour Gold

De vez em quando irei republicar uns textos mais antigos. Duma altura em que ainda não haviam (ou eram escassas e anónimas) visitas de pessoas que não me conhecem pessoalmente. A intenção é familiarizar os novos visitantes com o “Mundo” I-Glamour, pois sem se lerem algumas coisas mais antigas, estes novos textos poderão ser (ainda mais) confusos.
Por agora deixo-vos com um texto da rubrica “As Crónicas do Zé Caxias”.

Quinta da Fonte da Prata

Em tempos descobri um oásis. O meu cantinho de repouso. Trata-se duma vivenda que ocupei na Quinta da Fonte da Prata. Duas assoalhadas, ar incondicional (falta metade do telhado), casa de banho na natureza, construção rústica (algum tijolo, alguma madeira, muito fibrocimento), perto do rio (eu diria dentro do rio na maré cheia), bicharada a lembrar o campo (principalmente mosquitos e “amesteres” gigantes). Enfim… um autentico paraíso.
Ali descanso, ali escrevo, ali durmo, para ali levo companhia quando o coração se sente sozinho e o corpo pede aconchego. Tenho especial carinho por este bairro. Aqui vivi grandes dias como futebolista no Fonte Pratense Futebol e Chinquilho. Foram anos e anos a disputar a difícil 3ª divisão distrital em jogos de apoteose que chegavam a roçar o extraordinário. Era ponta-esquerda descaído para o banco, tal era o número de vezes que por lá ficava, tapado pelo “Facadas” Canhoto. O tipo jogava porque era sobrinho dum director e também porque era o único capaz de fazer um centro para a área sem ter que recorrer à força de braços.
Uma vez cheguei a marcar um golo. Foi num treino. Num dia em que o Zé Manel (o nosso guarda-redes) não apareceu. Estava um boneco a fazer de guardião, era um espantalho que o mister arranjou no caminho para o Gaio. Apesar de um pouco estático o tipo era bom, ainda defendeu 3 ou 4 remates!!!