sexta-feira, dezembro 21, 2007

Mensagem de Natal de Sua Alteza, Zé Caxias, o Barão da Ilha do Rato

“Meus caros concidadãos, como já devem ter reparado, estamos no Natal. O Natal é aquela altura do ano em que recebemos presentes, uns bons outros mais ou menos, outros ainda tão mauzinhos mas tão mauzinhos que não conseguimos disfarçar o sorriso amarelo. Enfim… o que eu vos aconselho é que quando forem abrir os presentes já estejam carregadinhos de vinho tinto de forma a tornar o vosso sorriso mais verdadeiro.
O meu Natal será na casa de férias na praia. Aquela barraquita de madeira e fibrocimento que tenho na Praia dos Tesos. Não é propriamente um chalé, mas também as ratazanas com o frio que está, duvido que apareçam.
O ano passado ainda tentámos fazer uma fogueira mas a coisa não correu bem. A hora da consoada correspondeu à maré-cheia e a fogueira durou apenas 15 minutos. O Ti’Bezana é que se safou bem, o presente para ele tinham sido umas galochas amarelas.
Mas o que interessa aqui realçar é o verdadeiro espírito do Natal. A partilha, o carinho, a bondade, as filhóses da Dona Albertina, os torresmos a saber a ranço da Tasca do Azedo.
Pronto… não vos chateio mais, um bom Natal… sejam felizes!”

Zé Caxias, Barão da Ilha do Rato

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Novo Vocalista (temporário) dos I-Glamour

Desde que o nosso vocalista, Crazy Charm, decidiu experimentar whisky de Alverca, noite sim noite também, que a sua voz se degradou. Nunca mais se ouviu aquela espécie de cana rachada, acompanhada de tosse nos graves e praticamente inexistente nos agudos. Hoje quase parece um cantor à séria, daqueles que cantam nos karaokes e dedicam músicas do Toni Carreira à namorada!
Os nossos fãs não querem isso. Os nossos fãs exigem aquele chiar de travões, aquele som a lembrar uma lima a alisar uma superfície metálica rugosa. Mas como agora não é possível e enquanto o nosso vocalista recupera a voz à custa de Calgon para máquinas de lavar roupa e vinho tinto carrascão resta-nos prosseguir a tour com outro vocalista.
O primeiro nome que nos surgiu foi o de Jaques, o papagaio do Zeca. Já tinha feito uns ensaios connosco e conhecia as músicas mas o seu manager, o próprio Zeca, exigiu mundos e fundos… “Poleiro novo, 2 quilos de sementes de girassol e 5 litros de Sumol laranja por dia”. Era demais… especialmente para um elemento que nem era muito simpático para o resto da banda, o Seducer que o diga que ia ficando sem o dedo quando certo dia lhe tentou fazer uma festinha.
De seguida tentámos um casting. O gajo mais estranho que nos apareceu dizia que era vocalista numa banda de “covers” e que tinha tido aulas de música. Quer dizer, para que é que um gajo que canta afinado e sabe tocar um instrumento a olhar para uma pauta interessa a uma banda como os I-Glamour?! Desconfiado perguntei-lhe: “Olha lá pá, consegues comer um coirato em apenas 4 segundos?” Ele respondeu: “Acho que nunca provei disso!”. O Seducer tratou logo de lhe indicar o caminho mais curto para fora da garagem.
Já em desespero entra-nos garagem a dentro um peru albino de ar altivo. Trazia uma sacola à tiracolo com uns escritos estranhos que alguns de nós identificámos mas que para manter a nossa identidade secreta não revelámos.
“Olha um peru albino?” perguntou o Seducer!
“Albino o catano, ok?!” Respondeu o peru em português com pronúncia de Beja.
“Fonix… o bicho fala!” Devolveu o Seducer!
“Claro que falo pá, eu sou o famoso Peru das Neves e venho da terra dos Guerreiros Niitsumy, venho para cantar o punk rock com vocemessês”
Após dois ensaios vimos que era o que precisávamos. Óptima atitude, loucura quanto baste e gosto pela vida de taberna… enfim, desde que não hajam caçadores ou defensores dos direitos dos perus na audiência acho que o futuro próximo da banda está garantido.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Estilo, bolotas e porcos

Se és um jovem imberbe, inseguro, tímido e que acha que antes de abrir o primeiro Macdonald´s em Portugal “jantar fora com o pessoal” era sinónimo de “comer na casa do amigo que tiver a varanda maior”, este texto é para ti! Aproveita que é à borla!
Deixa-me que te diga uma ou duas coisas sobre estilo e a forma como por vezes é confundido com outras qualidades humanas como o “brutamontismo”, a capacidade de caminhar de forma (mais ou menos) erecta mas como se as virilhas estivessem assadas ou então a coragem daqueles que andam pelas ruas mascarados de espantalhos!
Primeiro: Se há coisa que não dá estilo nenhum é confundir uma bolota com um supositório. É certo que a forma é parecida mas a cor não tem nada a ver. Ao que consta ambos podem ser em teroria introduzidos no ânus, mas como é quase certo que nunca viste uma bolota, não vá o diabo tecê-las e a confundas com um melão, em caso de febre alta fica-te pelos supositórios!
Falando agora pela positiva, perguntas tu “E então o que dá estilo, Mestre Talk?”
Pois… é aí que a porca torce o rabo, ou como diria o Licínio Chispes “é aí que a porca coça o rabo”. Para se ter estilo não basta evitar não o ter. Podes deixar de ser um cromo mas dai a atingires níveis estilísticos aceitáveis vai uma grande distância.
Pronto… já não usas aquelas calças que continuariam a ficar ridículas mesmo que tivesses mais 30 quilos, já consegues falar com aquela moça dos seios fartos sem ser apenas pela Internet e até já sabes que música rock não é bem aquelas coisas actuais que tu ouves carregadas de misturas dos anos 70 e 80, mas ainda assim falta-te aquele pequeno toque, aquele borralho de classe para atingires o objectivo.
E surpresa das surpresas o que te falta é simples. Tão simples que até vais ficar irritado por nunca teres usado essa mais valia que teria evitado todas aquelas “tampas” por SMS que levaste desde o 2º ciclo (sim, porque os teus pais foram mauzinhos e só te compraram um telemóvel quando fizeste 10 anos)!
Em vez dum cão, dum gato ou duma iguana arranja um porco de estimação! Um porco é a solução, a chave do sucesso, o enfeite que te colocará no mundo dos tipos carregados de estilo!
Achas que há rapariga ou mulher (no teu caso apenas rapariga) que resista a um gajo que ande na rua a passear um porco pela trela? Especialmente se o porco se chamar Bóbi e pesar cerca de 100 quilos?
E depois que melhor animal para te ajudar a não confundir bolotas com supositórios?

quarta-feira, outubro 31, 2007

Os Ultras Taurino

Foi na taberna do Romão que o encontrei. Nunca imaginei ver aquele gajo, outrora fervoroso seguidor do movimento Glam Rock, transformado agora num típico “beto do campo”. Cabelo de risco-ao-lado a semi tapar as orelhas, patilhas grandes, camisa aos quadrados, calças chinos beges com a bainha a terminar uns bons 5 centímetros acima dos sapatos de vela azuis, destacando intencionalmente a falta de meias.
- Oi Talk!
- Oh pá, então tudo bem?
- Tudo fixe e contigo?
- Também…que tens feito?
- Epá agora dedico-me à arte da tauromaquia.
- Ah sim?!
- Sim, sou líder dos “Ultras Taurino” que é uma claque de apoio à nossa equipa!
- Nossa equipa?! Mas também há equipas na tourada?
- Claro! Então os cavaleiros, bandarilheiros, cavalos, forcados, etc. formam a nossa equipa, os toiros e restante gado são a equipa adversária, aqueles aos quais nós chamamos nomes!
- Nomes?! Que tipo de nomes?
- Então por exemplo: “E quem não salta é toiro manso allez allez…”. E por outro lado apoiamos os nossos: “Tu espeta a bandarilha agora allez allez, tu espeta a bandarilha agora allez allez!”
- Uau! Vocês são uns grandes malucos!
- Pois somos Talk Talk! Já chegámos a ir apoiar o Gonzaga Albinito a Badajoz! Foi a loucura! A claque adversária, liderada por uma vaca de 400 quilos, entrou na arena invadindo o terreno de lide e nós entrámos também e começámos à pancada com mais de 30 cabeças de gado, cheguei a levar uma cornada pá!
- Então é por isso que coxeias?
- Não, coxeio porque antes de ser líder de claque tentei ser forcado!
- Ah… e aí é que levaste uma cornada?
- Não. É que na altura ainda usava cabelo comprido, lantejoulas, plumas e maquilhagem ao melhor estilo do Glam Rock. O pessoal do Grupo quando me viu confundiu-me com uma colaboradora do Bar Sedução e tratou logo de me arranjar um andar novo.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Fancy Boy


Encontrámo-nos à porta da Tasca do Azedo. Fazia meses que não nos víamos. Estranhei a forma como alterou o visual: já não usava as sandálias de cabedal mas sim uns chinelos de plástico, as unhas dos pés outrora grandes e afiadas como as garras duma águia apresentavam-se agora cortadas e envernizadas com algo que ele insistiu nervosamente em afirmar que era “pomada para as micoses”. O gorro de forcado, gamado numa lide dos “Trezentos da Moita” numa largada nos anos 90, dera agora lugar a um chapéu algures entre o vaqueiro americano e a estrela (feminina) de cabaret francês. A face mal barbeada pela imprecisão da navalha de cortar o queijo surgia agora encoberta por uma maquilhagem que por certo levou ao esgotamento da banca de cosmética da Dona Papoila Damião.
Crazy Charm pá, nunca mais te pus a vista em cima!
Crazy quê?! Não Talk Talk… eu não sou mais esse tipo rude, agora sou Fancy Boy, uma espécie de Alter-ego!
Heim?!
Fancy Boy… o mestre de um novo estilo, misto de música de carrinhos de choque dos 80´s com um toque de cavaquinho e gaita-de-beiços.
Heim?!
O Charme não vai voltar a ser o que era… nem os I-Glamour!
Heim?!
Oh pá, só sabes dizer isso?! E então quem me tem substituído nos ensaios?
O Toni, o papagaio do Zeca… ele ouviu-te cantar durante anos lá na garagem… emita-te muito bem…
Pois… o bicho faz-se… mas a malta não tem estranhado?
Um pouco… ninguém faz o moonwalking como tu!
Mas o Toni também faz o moonwalking?!
Sim… só que a meio do movimento acaba-se-lhe o poleiro e cai ao chão!

segunda-feira, julho 23, 2007

A 1º Influência

Meados dos anos 80. O pequeno Talk era apenas um rapazote cujo principal problema na vida era o facto de gostar de acordar cedo e o TVRural e o 70x7 demorarem imenso tempo antes de começar a dar os Desenhos Animados.
Certo dia de Verão o petiz sai à rua. Talvez na busca dum “rajá” ou quiçá dum pacote de bolachas baunilha. Enquanto caminhava, embrenhado nos seus pensamentos, algures entre uma batalha contra ogres numa floresta mágica e um duelo numa cidade do faroeste americano, repara no grupo de vizinhos que se encontravam sentados no murete duma montra. Eram mais velhos do que ele, já no fim da adolescência ou talvez um pouco mais ainda. Tinham uma banda de Metal e um estilo que fascinava o petiz. O fascínio era tal que o rapazola não conseguiu evitar e ficou ali especado a olhar para eles enquanto os ouvia falar de moches, acordes, concertos, miúdas, etc. Um deles reparou no pequeno Talk e disse:
- Que é que queres oh chaval. Baza antes que leves um calduço!
O miúdo ficou deslumbrado e pensou: “Fogo, um membro dos Ibéria falou para mim… e se eu me armar em parvo ainda levo aqui um encherto de porrada!!! Que fixe!”
- Eu só estava a ver o que vocês diziam. Eu quando for grande também vou ter uma banda!
- Ah sim… e que tipo de banda? Metal? Ahahahahaha… tens que mudar é o estilo pá! Calçanitos de ganga e pólos pipis não dão estilo nenhum mene!
E foi assim que nasceu a primeira influência dos I-Glamour. Nada de calçanitos de ganga nem pólos pipis…
A banda eram os Ibéria e soavam assim:

terça-feira, julho 10, 2007

As 7 Maravilhas

A Titá deu-me mais uma nomeação. Desta vez para as 7 maravilhas da blogosfera. Acho que já não vou a tempo de nomear ninguém, mas não queria deixar de agradecer à Titá o voto e também a mais alguém que se tenha lembrado de nomear este blog e que eu não me tenha apercebido que o tenha feito. Um beijinho para ti Titá e desculpa lá o atraso!



A verdade é que isto das 7 maravilhas pegou moda. Aqui na região não faltou também a nomeação das nossas 7 maravilhas com direito a festa e tudo. O banquete decorreu no ringue de jogos dos Unidos da Recosta, com direito comes e bebes e música. O que mais me agradou foi a actuação do Manhanhas, que levou o público ao arrebatamento. Não fosse a Dona Albertina começar a distribuir as talhadas de melancia e desconfio que o tipo não tinha saído de lá vivo, tal a euforia das jovens, perdidas com a sua voz, com a sua postura, com a sua permanente a fazer lembrar os saudosos anos setenta.
Depois foi a vez de algumas forças vivas da região (será que o Ti’Bezana ainda é uma força viva?) divulgarem as 7 Maravilhas do burgo. A mim coube-me revelar, de forma efusiva, o Depósito da Água da Baixa da Serra como uma das 7 maravilhas!
E as 7 são:

  • Depósito da água da Baixa da Serra;
  • O Castelo de Alhos Vedros, caso existisse;
  • O banco de madeira à porta da Tasca do Azedo;
  • As ruínas em tijolo de 15 na Ilha do Rato;
  • Os seios da Berta;
  • Os pés do Licínio Chispes;
  • As poucas árvores que restam na Fonte das Ratas;

segunda-feira, junho 25, 2007

A foto que faltava!


Quando levantei a questão num “post” lá atrás onde disse “eu sou giro, espadaúdo…” surgiram logo vozes ressonantes a porem em causa a minha honestidade. Como eu não estou para isso e como sei que os (e especialmente as) fãs merecem saber a verdade aqui vos deixo uma foto minha onde provo por A + B que as minhas palavras não foram exageradas. Aliás pecam até por escassas!
Meninas, agora digam lá que eu não sou bué fofinho?
Rapazes roam-se de inveja!


PS: Sempre achei que o look “barba de três dias” me ficava muito bem!

quarta-feira, junho 13, 2007

Histórias do Movimento Associativo I

Toca o telefone no meio da reunião com o Sôr Presidente da Câmara. Tózito da Cadela, apesar de adorar aquela música do Quim Barreiros, não resiste e atende o telemóvel… precisamente no meio do discurso do edil:
- Tou? Quem?! O Quim?! Qual Quim?! O meu irmão?! Ah… então Quim tudo bem? Peço desculpa aos presentes mas é urgente… o meu irmão Quim está outra vez pior das “almerroidas”. É dos enchidos!
Situações destas estão sempre a acontecer, animando o pessoal. Recordo a vez em que Pedrito Bodega, ainda no tempo do outro Presidente, se lembrou de demonstrar como se dançava o Kizomba na intenção clara de convencer a Câmara a soltar verbas para a compra duma aparelhagem da associação recreativa que representava.
No entanto é errado julgar-se que não são aqui discutidos assuntos verdadeiramente sérios. O Simões, um habitue nestas andanças, tem sempre algo de novo a transmitir. Ontem, munido de documentação que fez questão de ler para os presentes (eram cerca de 10 páginas!), descascou de forma feroz em tudo o que mexia. Pelo menos assim pareceu. As poucas palavras que percebi: “Presidente”, “mentira”, “assim não dá”, “manta rota”, “Blitzkreig Bop” e “eu sei que parece pela pronúncia mas eu cá não sou o Shrek”, deram claramente a entender que a coisa estava brava!
No final …tudo fica bem quando acaba bem. Sorrisos, algumas palmadas nas costas e uma imperial na tasca da esquina para o caminho. Apenas um amargo de boca: Este Presidente não aprecia tanto o Kizomba como o anterior.

sexta-feira, junho 01, 2007

Desafio

A Titá lançou-me um daqueles desafios blogosféricos. E este é complicado… obriga-me, mesmo que eu tente evitar, a ser um pouco sério… mas tentemos então:

Eu quero... uma data de coisas mas neste momento só me ocorre a música dos U2 “All I want is you”.

Eu tenho, embora por vezes me esqueça disso, uma sorte do caraças!

Eu acho... que o Talk Talk é mesmo o músico com maior peso na estrutura dos I-Glamour. O Charm e o Seducer são dois trinca-espinhas e o Stylish tem menos 5/6 quilos que eu.

Eu odeio... nada. Irrito-me com uma série de coisas, algumas banais, mas odiar não odeio nada.

Eu sinto... uma certa comichão na nuca, numa zona mais descaída para o lado direito sempre que oiço música Disco!

Eu escuto... com muita atenção o palrar do pardal do Mogodochi. Tem sempre coisas importantes para me dizer quando poisa no meu ombro. Só acho estranho mais ninguém o ver!

Eu cheiro...mal… o olfacto é o meu pior sentido.

Eu imploro...por nada.

Eu arrependo-me...de algumas coisas, mas já está já está!
Eu amo... algumas pessoas especiais, cada uma à sua maneira!

Eu sinto dor... quando por vezes me sento e tenho vestidos uns shorts menos aconchegantes.

Eu sinto falta... do tempo em que muito daquilo que são os I-Glamour eram relatos do presente e não do passado. Sinto falta dessa magia que vejo esfumar-se à minha volta. No fim ficarei sozinho em “palco”?

Eu importo-me... com todos aqueles que gosto.

Eu sempre... fui romântico embora nem sempre o soubesse mostrar.

Eu fico feliz... no meio dum grupo de pessoas que gosto, dizendo uns disparates, comendo e bebendo e sentindo que os outros também estão bem.

Eu danço... se me apontarem uma arma à cabeça e jurarem que está carregada!

Eu canto... oldies… aliás eu só canto oldies, Sinatra, Iglésias, Benet, Avô Cantigas … é uma questão de estilo.

Eu choro... quase sempre para dentro.

Eu falho… muitas direitas cruzadas… depois a raquete é que paga!
Eu escrevo… sempre inspirado no que sinto… mesmo coisas que parecem disparates.

Eu nunca digo… “Estou triste”

Eu confundo-me… com alguma facilidade quando tenho que ir a um sítio uma segunda vez… perco-me sempre.

Eu estou… completamente carcomido do miolo.

Eu sou… giro, espadaúdo, inteligente, sociável, romântico, diplomata, divertido, sensível, atencioso e… extremamente humilde, enfim… se isto fosse um perfil do Hi5 elas choviam que nem moscas!
Pronto agora a sério… exagerei um bocado… sou apenas moderadamente humilde.

Eu preciso… constantemente de desafiar a seriedade da vida.

Eu deveria… levar a vida ainda menos a sério.

terça-feira, maio 15, 2007

Amor, Paixão e Bolos

Little Talk – Primão?
Talk Talk – Sim, diz…
Little Talk – As miúdas gostam mais de nós se formos divertidos ou se formos giros?
Talk Talk – De preferência se formos as duas coisas, mas geralmente se engraçarem contigo, mesmo que só digas asneiras, elas acham-te piada.
Little Talk – Ah… e depois… quando já namoramos há muito tempo… elas deixam de se rir das nossas graçolas… tornam-se sinceras não é?
Talk Talk - Pois… (o puto faz-se) é mesmo isso.
Little Talk – Mas continuam a achar-nos giros?
Talk Talk – Ah… sim, uma coisa não impede a outra!
Little Talk – Outra coisa: Qual é a diferença entre o amor e a paixão?
Talk Talk – (Ui!) Então rapaz, por exemplo: estás a ver esse bolo que estás a comer?
Little Talk – Sim.
Talk Talk – Estás com uma grande vontade de comer o bolo, pensas no bolo o dia todo, tens que comer o bolo. Comes o bolo…
Little Talk – E depois?
Talk Talk – Então… toda essa vontade é como se fosse a paixão. O amor é se, depois de comeres o bolo, voltares cá amanhã para comer outro igual e depois de amanhã a mesma coisa… é como se a vontade de comeres o bolo nunca passasse… mesmo que já não tenhas aquela anseia do início.
Little Talk – Fogo!
Talk Talk – Percebeste?
Little Talk – Acho que sim primão! Olha lá, estou cheio de paixão em relação àquela Bola de Berlim ali… juro que não é amor é mesmo só desta vez! Posso?

quarta-feira, maio 09, 2007

Para trás mija a burra e outras coisas!

Todos nós temos por vezes que fazer determinadas coisas para as quais não temos jeito nenhum. Seja porque razão for. Eu tenho várias coisas para as quais não nasci. Mas de todas aquela para a qual menos vocação tenho é mesmo para despedidas. Só conheço dois tipos de pessoas às quais, em determinada fase da vida, tenho que dizer adeus: os que me são indiferentes e os que não são. Para os primeiros a despedida é simplesmente uma fraude, uma encenação, e por algum motivo eu estou aqui a escrever isto e não na TVI a fazer novelas. Não consigo fingir e demonstro na despedida, sem querer, a indiferença que sinto.
Quanto ao segundo tipo de pessoas, melhor do que falar nisso será contar a história da minha despedida de Licínio Chispes.
Quando cheguei ao cais já o Licínio se preparava para zarpar no batelão. Fui na esperança de o apanhar antes dele se fazer à maré-alta e rumar (definitivamente) para Cacilhas. Ao que parece vai se fixar lá como faroleiro, guiando as tainhas para o canal do Seixal. Ele viu-me e já não desamarrou o cabo. Saltou da proa para o murete do cais e veio falar comigo.
- Então Talk, vieste dizer adeus ao velho Licínio?
- Não… vim dizer-te olá!
- Olá?! Então mas eu vou-me embora pá, não vais voltar a pôr-me as vistas em cima…
- Não digas isso Licínio, Cacilhas não é assim tão longe… a gente vê-se…
- Vê-se vê-se, fia-te na correria e não vás ter com a virgem não!
- Licínio… é ao contrário… fia-te na virgem e não corras!
- Tá bem… então é isso. Olha, adeus puto e não te esqueças: para trás mija a burra!
- Ok… não me esqueço. Até logo Licínio!
- Até logo Talk!

sexta-feira, abril 20, 2007

Universidade do Charme: Comunicado do seu Reitor: Zé Caxias

Ultimamente tem sido posto em causa o bom-nome da nossa Instituição. Há muitos a opinar, poucos a dizer a verdade. Ainda ontem, enquanto cortava a cabelo na barbearia do Treme-treme, o chico-esperto do Tó Talhadas jurava a pés juntos que o Talk Talk nunca tinha pisado os corredores da Universidade e que ainda assim possuía um certificado que o diplomava em Engenharia de Gestão do Charme! É destas inverdades que nascem os boatos e é com boatos que se estraga a reputação das pessoas.
Claro que o Talk nunca pisou os corredores da Universidade. Aquilo é soalho antigo e envernizado e um tipo com uns cascos daqueles não pode nunca pisar aquele pavimento!
As aulas, às quais ele nunca faltou, foram tomadas quase todas na Vivenda da Ti’ Chica, ou então na boate da Aurora, agora conhecida por Bar Sedução… e fui eu, com a ajuda das minhas assistentes brasileiras e ucranianas, que as leccionei!
Outro rumor que corre célere como o cavalo lusitano é o de que os exames são forjados de forma a facilitar a vida aos alunos! “São demasiadamente fáceis”, dizem eles!
Eu queria ver as bocas envenenadas que dizem isso a, após emborcarem 3 litros de vinho tinto, levarem uma matulona de 80 quilos por umas escadas a cima, enfiarem-na dentro dum quarto e só saírem de lá no outro dia de manhã! Ou então queria vê-los a tentar seduzir a Fofinha, a vaca charolesa do Tio Bento, especialmente depois dela ter passado a tarde com o Rinites, o Toiro Bravo do Zé da Adega!
Ganhem juízo e não sejam invejosos… o Charme não é para todos.

quarta-feira, abril 18, 2007

Acabou o café

Já devem ter reparado que eu tenho a mania que sou o número um e mais não sei o quê. Não é a gozar, quem me conhece sabe que sou vaidoso e que estou plenamente convencido das minhas qualidades. Pelo menos em três coisas: A fazer música com duas colheres, na rapidez com que devoro bolachas baunilha e no estilo criativo com que bebo café.
Não é que esta introdução tenha muito a ver com o que vou escrever a seguir, mas para além disto ter que começar de alguma maneira é quase sempre quando estou a beber café que me acontecem coisas esquisitas!
E lá estava eu, na pastelaria, a ler um livro do Pato Donald e a beber o cafezito (desta vez colocando a chávena no bicípite antes de a levar à boca) quando reparei na mesa do lado. Três raparigas com pouco mais do que 18 anos e um tipo das mesmas idades. Ele levantou-se e foi à casa de banho. Elas começaram a bombardear no rapaz. “É um totó”, “Não sei porque andas com ele”, “O que queres, o Vitó só sai comigo às 6ªfeiras…”, “Tás a precisar é de um pequeno-almoço destes aqui do lado!”.
Confesso que foi mesmo esta última frase que me chamou mais a atenção. O “aqui ao lado” era a minha mesa e para além da chávena de café e do livro de BD não havia mais nada em cima dela. Após uns risitos veio a abordagem:
- Desculpe, não tem vergonha de ler livros para crianças?
- Tenho, por isso é que venho para o pé delas lê-los.
- Pois… deves ser é estúpido!
- Poder de encaixe é uma necessidade para quem gosta de dizer graçolas!
- O quê?! Vai mas é à merda!
Entretanto chegou o “Totó” de ar admirado e perguntou à namorada:
- Este gajo estava a meter-se contigo?
- Deixa estar que a gente tratou do assunto
Mesmo assim virou-se para mim e disse:
- Olha lá, algum problema?
- Sim, dois. Um teu outro meu. O teu é que parece que o Vitó vai começar a sair também aos sábados e o meu é que adorava continuar aqui a ouvi-los dizer disparates mas tenho que ir… acabou-se-me o café!

sexta-feira, abril 13, 2007

Sessão de autógrafos

Não sei se o meu aparecimento num programa televisivo teve influência. O tema, “A presença do Homem de Cro-Magnon na Sociedade Actual” no canal III do National Geographic talvez tenha vindo exponenciar de vez a minha popularidade.
Não tive mãos a medir para tantos autógrafos. Foi quase uma loucura! É certo que a entrevista que dei para o programa foi realizada, que decorreu numa gruta, decorreu em dialecto “Cro-magnês” e as minhas vestes (tanga à tigre, ténis, cachimbo e moca) eram um pouco diferentes das que uso enquanto estrela do Charming Punk Rock, mas mesmo assim penso que me reconheceram e o facto influenciou a presença de fãs nesta sessão de autógrafos levada a cabo na Taberna do Salpicado no Rosário.
Os outros membros da banda (mais uma vez) não puderam estar presentes. O Stylish continua a penar com as aftas na nuca, o Crazy Charm aderiu de vez à tribo dos zulus e agora diz que é Pai de Santo e que lê o futuro na massa das pizzas, o Seducer continua detido por contrabando de limalhas de ferro… enfim, resto eu para levar a banda para a frente!
A apresentação do novo álbum correu assim de feição, rodeado daqueles que adoram os I-Glamour. As novas músicas transportam-nos para sonoridades mais melodiosas e calmas, para isso contribui e muito a gaita-de-beiços do Charm e em especial o chocalho da Salsicha, a vaca charolesa do Robalo Fernandes. Contamos ainda com a participação do Luís Keita, o Vice-Rei do Kizomba, numa versão da música Apita o Comboio, onde o Pimba se mistura com o Punk Rock e com os sons africanos num melting pot (o que eu gosto desta expressão!) irresistível.
Não se esqueçam de comprar o CD, estará brevemente disponível na Feira da Vinha das Pedras, que decorre todas as quintas-feiras, na banca da Marianita Maia.

segunda-feira, abril 09, 2007

Cartas de Amor de Licínio Chispes: Carta I

Olá miúda:

Eu sei que achas que eu sou um chaparro. Daqueles bem feiinhos e ressequidos pelo sol, onde até os pardais temem poisar e os cães se recusam a alçar da pata traseira para regar os cogumelos. Mas também, porra, tu não és propriamente a Miss Baixa da Banheira. Especialmente agora que pesas mais de 100 quilos e também por causa daquela recente bebedeira que apanhaste, que te fez ir com os queixos ao chão, partindo-te os últimos dois dentes inteiros que tinhas.
E depois a beleza não é tudo. Há algo mais para além disso. Há a amizade e a confiança. Que mais podes desejar do que um tipo feio? Já reparaste que isso faz baixar a probabilidade de seres traída? Pronto… é verdade que a hipótese se mantém… mas eu não tenho dinheiro para ir à Vivenda da Ti’Chica nem disponibilidade física para pular a cerca do Manel da Adega para ir correr atrás das cabras.
Eu acho sinceramente que nascemos um para o outro. Tu para cozinhares para mim, eu para dizer bem dos teus petiscos, até daqueles rissóis a saber a ranço e do arroz que costumas fazer que mais parece argamassa. Ou então para me coçares as costas enquanto eu te cato a bicheza que teima em habitar a tua farta cabeleira e outras zonas bem mais farfalhudas e encaracoladas.
Moça, eu no fundo sou um romântico, é por isso que escrevo estas linhas com a lágrima a cair-me do sobrolho. Eu sei que está vento e também sei que o areal do Rosário é fino e propicio a lacrimações, mas não é por isso, é que tu sabes como ficam os meus olhos sempre que bebo água-ardente depois de ressacar uma piela de vinho carrascão.
Vá lá… não te armes em esquisita e volta para mim, lembra-te dos bons tempos que passámos, daquelas primeira duas horas até eu conhecer a tua mãe, o parvalhão do teu padrasto e o cão de loiça que tu tratas por Bobi! Recordo com saudade aquele dia em que fomos à Praia da Barra-a-barra apanhar banhos de Sol, de te ver pela primeira vez em fato de banho. Notei logo que tínhamos muita coisa em comum: Ambos com peitos pequenos, ombros largos e muitos pêlos nas pernas…
Olha, fico por aqui. Volta para mim e deixa-te de tretas. Se por algum acaso decidires não voltar pelo menos tem o bom senso de mandar alguém vir entregar-me o pincel e a lâmina da barba. Não sei para que levaste isso, tu que nunca foste de te preocupar com a imagem!

quarta-feira, abril 04, 2007

O Burro Desdentado

Diz o sábio povo que um azar nunca vem só. O Ti’Bezana, homem sensato, gosta de acrescentar algo mais a esse provérbio: “Um azar nunca vem só, trás sempre um burro desdentado com ele”.
Sinceramente nunca percebi o que o Ti’Bezana quer dizer com aquilo, também não sei se é bem isso que ele diz. Geralmente quando o oiço proferir ditos populares estamos ambos na sua adega, no Cabeço Verde. Lá a acústica é má e não é fácil falar com a torneira da pipa de vinho nos beiços. Lembro-me da vez que o ouvi dizer: “vai lá fora buscar pão e torresmos meu trambolho, mexe-me essa grande melancia que tens em cima dos ombros a fazer de cabeça!”. Fui, voltei bastante depois sem os torresmos pois não os encontrei. Como tinha passado imenso tempo a pipa já tinha esvaziado e tornara-se mais fácil entender o Ti’Bezana, agora de boca livre, que me disse pasmado:
- Onde foste tu pá?!
- Então fui buscar o pão e os torresmos que o Tio me pediu!
- Estás bonito estás… mas eu não disse nada disso!
- Não?!
- Não, estava só a cantarolar aquela música da Shakira e depois vi-te a dar de frosques… porra também não canto assim tão mal!
- Claro que não Ti, a sua voz é excelente.
- Há bom… e então os torresmos? Porque é que não os trouxeste? Ai essa cabeçorra!

terça-feira, março 27, 2007

O fim anunciado duma Era.

O tempo não volta para trás. Sim… é uma frase mais gasta do que as partes íntimas duma prostituta de 50 anos a atacar há 30 no Pinhal de Coina. Mas a vida é mesmo assim. É por isso que eu olho sempre em frente, nunca para trás. Também nunca olho para o chão o que juntando ao facto de calçar o 45/46 (e com a ajuda da falta de civismo) vem demonstrar que a relação que tenho com a merda de cão não é simples coincidência. Eu também quase nunca acredito em coincidências. Quase nunca. Mas às vezes elas acontecem. E às vezes não são boas coincidências. Mas o que interessa é continuar a caminhar… convém é ir olhando para o chão, não vá pisar-se uma “mina" de cão ou meter o pé dentro duma sarjeta.
Mas no fundo todos temos memórias e vivemos com elas. Lembro-me de começar a desenvolver a minha aptidão para conseguir o que queria com o menor esforço possível. Sem pedalar, o meu triciclo percorria as ruas da Vila de baixo para cima, de cima para baixo. Também me lembro de começar a desenvolver o lado imaginativo (ou incompreensivelmente estranho se preferirem) nas horas passadas naquela janela a olhar o rio, a Ilha do Rato, os barcos, os aviões militares a aterrar no Montijo, ao mesmo tempo que comia torradinhas ou bolachas baunilha.
Já não cabo num triciclo e duvido que haja alguém de bom senso que me tente puxar num com a ajuda de um cordel, cada vez há menos aviões a aterrar no Montijo, olho o rio e a Ilha do Rato de outros sítios, as (verdadeiras) bolachas baunilha estão a desaparecer, as torradinhas já não têm o mesmo sabor e a machadada final: o último dos meus Velhotes foi-se. Não vou voltar àquela casa nem àquela janela, mas também não vou precisar… há coisas que a memória, até num tipo que anda à procura do telemóvel com ele na mão, teima em guardar.

Para o meu Avô, rijo, torto e com um feitio de meter medo ao susto, no entanto sempre tão bondoso e doce comigo.

quinta-feira, março 15, 2007

As crónicas do Zé Caxias – A minha sobrinha Aurora

A minha sobrinha Aurora vai ficar para tia. O Stylish já o tinha previsto numa leitura de Tarot. Ninguém acreditou quando ele disse que vinha a caminho um novo membro da família, especialmente numa altura em que a mãe da Aurora, a minha irmã Irene Caxias, já contava com quase 50 primaveras. O pai tratou de confirmar a profecia do Stylish. Fugiu com uma francesa de 20 anos que tinha acabado de conhecer no Algarve. Passados 5 meses a jovem dava à luz trigémeos.
O raio da miúda já leva 35 anos e nada de namoricos, pelo menos ainda não me apareceu nenhum “cão” a “verter águas” à porta. Não é que eu queira despachar a moça, ela nem dá trabalho nenhum e ainda ajuda na lida da casa. Mas se ela arranjasse um namorado vinha mesmo a calhar. Sinto necessidade de arranjar outro discípulo para formar nas minhas artes do charme e sedução, especialmente agora que o Talk Talk já está mais que lançado e nem aparece cá para receber conselhos. Acha que já sabe tudo.
Não sei se há algum moçoilo casadoiro nos leitores desde blog se sim deixem que lhes diga que a minha Aurora é moça séria. Por favor, não se deixem intimidar pelo seu olhar de camaleão, nem pela voz aguda a fazer lembrar a sirene dos bombeiros. A tendência que ela tem para lançar perdigotos quando fala também só acontece porque a placa dos dentes lhe está um pouco larga, é que já foi pertença da mãe, que tem uns maxilares ainda mais largos (e tortos) do que a filha. Apareçam e estejam à vontade para lhe fazer a côrte. Não venham é depois das 9, sobretudo se forem sensíveis ao cheiro a Queijo da Serra, é que depois de jantar a Aurora gosta muito de andar descalça pela casa, diz que se sente mais à vontade.

terça-feira, março 13, 2007

Às vezes não há coincidências.

O Jean Cacilhas é um castiço. Massagista do maior clube da associação de futebol de Setúbal, o Fontepratense, coleccionador de caricas da Sumol, criador de caracoleta ibérica e ainda arranja tempo para ser um visionário. Visionário porque inventou uma profissão: Fornecedor de coincidências. Ele inventa coincidências e vende-as a bom preço a quem delas precisar.
Por exemplo: imagine-se que se tem uma apresentação no trabalho daqui por dois dias, não está nada preparado, dava um certo jeito ficar doente para não ter que passar a vergonha de fazer má figura em frente da Administração. Um telefonema ao Jean Cacilhas e ele arranja a forma da pessoa ficar mesmo doente… pimba, e parece mesmo uma coincidência!!!
Certa vez recorri aos préstimos do meu amigo Cacilhas. O que eu pretendia não era fácil… talvez exigisse mesmo mais do que uma grande coincidência, chegava a roçar o milagre. Era necessário criar uma situação em que eu me cruzava numa rua do Barreiro com uma determinada rapariga, tinha que estar a chover, ela não podia trazer guarda-chuva e em simultâneo passava na estrada uma fanfarra dos bombeiros, com cinco tambores, a tocar a banda sonora do Rocky Balboa, ao mesmo tempo que dois aviões da força aérea do Madagáscar desenhavam no céu um enorme coração.
Talvez tenha sido o único fracasso do Jean Cacilhas. A coisa não correu como o esperado. Os bombeiros trouxeram apenas quatro tambores!

sexta-feira, março 09, 2007

É o que dá levar piratas ao Bowling!

Já vos falei do Capitão Migas. Corsário do Tejo, homem de poucas falas, conhecido no submundo das Tascas pelo Esponja do Tinto. Eu, em jeito de respeito, trato-o apenas por… capitão!
Certo dia, reparando no olhar vago e saudosista do capitão decidi convidá-lo para uma jogatana de bowling com a rapaziada. Não é coisa que façamos todos os dias, nem sequer todas as semanas. Acontece. Aconteceu há dias. Um telefonema do Charm desencadeou o processo. Eu, o capitão, o próprio Charm e o Stylish partimos então para uma noite de ramboia, entre cervejas (sumos de maracujá no caso do Stylish) e lançamentos.
A chegada à recepção começou como sempre começa: Hora de gozar com o tamanho dos meus chispes:
- Minha senhora será que para além de sapatos também tem submarinos?! – Perguntou o Charm
- Porquê? – Perguntou ela sorrindo.
- Porque eu calço o 46! – Disse-lhe eu tentando matar ali a brincadeira.
- Ah… isso arranja-se. Nós temos todos os números possíveis. Também o senhor com essa altura tinha mesmo que calçar um número grande, não é? Tem que ser todo grande…
- Pois… – Confirmei eu.
- Mas minha senhora, para mim é que acho que não vai arranjar número, nem que se pinte de roxo – Disse o capitão.
- Há não?! Então porquê? – Perguntou ela.
- Porque eu tenho uma perna de pau!

terça-feira, março 06, 2007

Histórias da adolescência – A miúda chamada Gina

Não há pessoal da minha geração que não se lembre da Gina. Falo-vos obviamente da revista Gina. Quem nunca teve o prazer de desfolhar a revista, pelo menos chegou a ouvir histórias rocambolescas sobre os seus didácticos conteúdos, sobre a qualidade gráfica das imagens, sobre a sua arte linguística.
Mas afinal quem era a Gina? Não sei. Mas em tempos, na escola Secundária, conheci uma miúda com esse nome. Era inevitável o sorriso sempre que a chamava ou ouvia o seu nome. Talvez por isso ela nunca me tenha levado realmente a sério. Talvez por isso aquela pasta carregada de livros me tenha acertado em cheio na mona numa célebre tarde em que, para além do galo com que fiquei, ainda fui a tempo de comer um Donut apanhado por alguém do chão.
Um dia contei-lhe:
- Tens nome de revista… é isso!
- Está bem e depois? Também há a Maria e outras… porque é que implicas só comigo?
- A revista… como é que te hei-de dizer… a revista é… olha não consigo explicar-te só mostrando-te.
- Tens aí alguma Gina contigo?
- Não. Mas o Carlitos costuma andar sempre com uma… espera aí um bocadinho. Oh Carlos pá tens aí alguma Gina?
- Tenho.
- Então empresta ai…
- Não posso.
- Porquê?
- Ainda não plastifiquei todas as páginas. A Gina não é para estragar! Estou farto de ver páginas coladas nas minhas revistas… perde-se a sequência da história é o que é!

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

A Última Bala – Episódio II

Glamour City era uma pequena cidade do longínquo Oeste, limitada a duas ruas principais perpendiculares que formavam uma cruz. O local mais movimento era a Rua Direita, lugar onde pontificava o comércio de tecidos, especiarias e outras iguarias como tremoços, amendoins, queijo da Serra e alfarrobas. Era nesta rua que se situava o saloon.
The Kid e Búfalo Charm tiveram que percorrer cerca de 70 metros até chegarem ao cruzamento das duas ruas. Numa das esquinas, em frente à barbearia surgia imponente o edifício para o qual se dirigiam. No rés-do-chão existia um Restaurante Chinês com uma porta em alumínio lacado e montra de vidro fosco com caracteres chineses indecifráveis aos olhos ocidentais. No primeiro andar situava-se o Posto do Xerife. Uma porta de ferro semi-aberta, situada na fachada sem montra, com um letreiro dizendo Departamento do Xerife – Glamour City, dava acesso a uma escadaria de madeira. No topo das escadas, um open space de 40 metros quadrados. Sentado num enorme puff branco, junto a uma janela com vista para o deserto, encontrava-se Lucky Talk, o Xerife.
Embora estivesse sentado, notava-se que Talk era um homem bastante alto. O seu estilo era um misto de Capitão Iglo e Roy Rogers. Chapéu de marinheiro, colete preto, lenço, camisa azul clara, botas de cavaleiro castanhas, cachimbo adornado com efeitos de arte manuelina, barda de duas semanas. Estranhamente não se mostrou surpreso com a chegada dos dois cowboys.
- Bem-vindos ao meu modesto gabinete. Já faz alguns anos que não te via Kid. Que te fez vir aqui? Diz-me … estou curioso – Avançou Lucky Talk.
- Achei que me podias ajudar, em nome dos velhos tempos. Espero que não te tenhas esquecido do tipo que te ensinou a montar a cavalo, antes de te tornares cowboy, quando eras ainda um rapaz que sonhava em formar uma banda de Country Punk Rock.
Búfalo Charm mostrou-se surpreendido engasgando-se com a pastilha de nicotina que mascava, Lucky Talk riu à gargalhada elevando os pés e quase dando a cambalhota no puff. Passando alguns segundos respondeu-lhe:
- Ainda persigo esse sonho Kid. Em que te posso ajudar? Não me digas que estacionaste o cavalo em cima do passeio e queres que te perdoe a multa!
- Nada disso – retorquiu Stylish the Kid – Quero apanhar um comanchero de nome Peres Pestana, ele trapaceou-me. Só te peço para não te meteres no meio, é que a coisa vai ficar preta.
O semblante do Xerife ficou subitamente carregado. Charm apercebendo-se disso e antes que ele dissesse algo lançou a farpa:
- Não faças essa cara Talk. Onde está o tipo que em tempos desafiou a lei, fazendo o moonwalking dance do famoso músico Mike “Bonanza” Jackson, em plena parada do Forte del Plata, durante o juramento de bandeira? Tu já foste um rebelde, amigo.
- Isso foi noutros tempos pá. Eu detesto o Peres Pestana tanto quanto vocês, mas e as provas? Há meses que tento apanhá-lo. Todos sabem que ele é o chefe do contrabando de pêra Rocha e cereja da Beira em todo o Oeste, mas ainda não conseguimos reunir as provas suficientes para indiciá-lo.
- Provas? Eu dou-te as provas. Aqui as tens – Estendendo o braço por detrás das costas, the Kid entregou uns papéis em folha A4 quadriculada ao Lucky Talk – São provas irrefutáveis. Trago-as comigo desde Dio Farming City.
Olhando para aquela folha rabiscada, Talk esboçou um sorriso de esperança e contentamento.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A Última Bala (Reedição)– Episódio I

Este blog fez anos no passado dia 18. Pouco tempo falta para fazer dois anos que eu aqui comecei a escrever. Posto isto e como ando numa fase chármico-nostalgica vou reeditar a história que mais gozo me deu escrever. Pode não parecer mas nesta história está lá tudo… ou melhor… não está lá nada!
O Saloon
O saloon era como todos os saloons. O soalho de madeira, a escadaria que nos leva ao “paraíso”, o bar com a caleira do cuspe cheia como um rio no Inverno, o piano, as mesas da batota, os quadros com nós de marinheiro pendurados nas paredes, o poster do Glorioso.
A entrada de Stylish the Kid encheu de inquietude todos aqueles que se encontravam no saloon. Os batoteiros estremeceram de medo, parando a jogatana, os “comancheros” locais largaram os copos de whisky importado, as bailarinas/concubinas sentiram os corações a bater mais intensamente, o piano deixou de tocar. Stylish tinha a fama de grande pistoleiro. O seu estilo inconfundível e perturbador causara um impacto brutal na memória colectiva do Oeste. Enfrentava sempre os seus inimigos de costas, sem os olhar nos olhos. Aliás, era assim que andava, montava a cavalo, bebia a sua água ardente, limpava a arma, lia a Bíblia. As suas vestes eram dum estilo Oeste-punk-rockeiro. Vestia-se todo de negro, de calções pelo joelho, camisa por fora, gabardina até aos pés, chapéu de cowboy e botas de camurça.
Mas houve quem não se tivesse apercebido da sua chegada. Búfalo Charm encontrava-se sentado numa mesa lendo um manuscrito, bebendo uma laranjada e comendo um bolo de arroz. Este era um típico cowboy, as patilhas, a samarra castanha, as calças de bombazina cinzentas, o sombrero amarelo, os dois cigarros na boca.
Stylish aproximou-se de Charm, ignorando os olhares apreensivos que o seguiam e disse:
- Então já não se fala aos amigos?
Búfalo Charm olhou-o e replicou:
- Estás a falar comigo? Bem deves estar… não estás de costas para mais ninguém! Que te trás por cá Kid?
- Ajuste de contas. As dívidas são para ser pagas. Em tempos um tal de Peres Pestana contratou-me para um serviço, queria que eu abatesse dois perus que não paravam de o chatear, em troca eu receberia um saco de gomas e dois fardos de palha.
- Gostas de gomas?!
- Não. As gomas são para o cavalo. Bem…o trabalho foi feito e recebi apenas os fardos de palha. Venho buscar as gomas, detesto que maltratem o meu cavalo.
- Bem amigo Kid… aqueles comancheros que estão ali borrados de terror a olhar para nós são lacaios do Pestana, ele brevemente saberá da tua presença. Podes contar comigo mas temos um problema…
- Qual Charm?
- O xerife cá de Glamour City é um velho conhecido nosso, o Lucky Talk. E tu sabes como é ele com estas coisas da lei e da justiça, é um atadinho, sempre a cumprir a lei …sempre a cumprir a lei!!!
- Vamos lá então falar com o nosso amigo xerife.

domingo, fevereiro 18, 2007

Crazy...i'm wet baby...please post something!!

Easy darling. Later, later...Slow down your patchouli addict.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Maré-cheia – Reedição

A uma maré-vazia sucede-se uma maré-cheia. O rio tem os seus ciclos, tal como a vida. É bom ver os lodos cobertos pelo prateado do Tejo, ouvir o chapinhar das tainhas, cheirar a maresia trazida pelos ventos do norte. É para esses momentos que vivo. É neles que me inspiro.
Partir pela manhã na minha herdada barcaça, na subida da maré, indo até à Ilha do Rato, é um ritual que sigo desde que me lembro de existir. Comecei esta romaria com o meu Avô, o saudoso “Custou” Caxias. A alcunha provém das semelhanças físicas e de hábitos com o velho lobo-do-mar francês. O meu avô era um homem fantástico, com uma cultura alicerçada nas horas passadas a jogar à bisca lambida com outros marinheiros, com um charme capaz de derreter uma estátua de bronze, com um sentido de humor capaz de fazer chorar a rir um tronco dum chaparro ressequido pelo Sol. Para além de marinheiro e estudioso do mar foi também um grande mecenas, tendo criado a famosa e tantas vezes incompreendida Fundação Caxias.
A Fundação, com sede na Tasca do Azedo, tem a responsabilidade cívica de apoiar jovens com valor, nomeadamente jogadores de dominó, do chinquilho, futebolistas, poetas, músicos e todos aqueles que de alguma forma desejam viver da sua arte. Os tipos de apoio variam consoante a qualidade e experiência a nível artístico, podendo ir desde a motivante palmadinha nas costas até à entrega duma bolsa mensal. A bolsa pode alternar entre o azul-bebé, o rosa choque e o preto e tem fecho éclair. Contém várias coisas no seu interior como uma malha, canetas Bic (laranja e cristal), um baralho de cartas, dois bilhetes de autocarro dos Colectivos do Barreiro, saquetas de Ultra-levur e um after-shave da loja dos trezentos.
Agora vou porque o tempo escoa. A Ilha do Rato espera-me para lá deste mar-chão. Voltarei na descida da maré, isto se o casco decidir que ainda não é hoje que se rende à investida do rio ou se, como diz a lenda, a Ninfa me raptar e me mantiver cativo (contra a minha vontade, claro) nos areais da Ilha. Se esta última coisa me acontecer não se incomodem a pedir ajuda, eu cá me hei-de desenrascar!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Tentando irritar Budistas II

- Hã?! Eu não! Como é que…
- Não me contrarie por favor, diga lá. Isso se quer que eu o ajude a ultrapassar esses traumas…
- Eu só vim cá por causa das aftas que costumo ter quando como cascas de tremoço…
- Meu caro… não negue… não me insulte (isto é dito mantendo um ar irritantemente calmo e abichanado).
- Mas com estas três respostas concluiu que eu tenho problemas psicológicos?!
- Os testes são milenares. Não há engano possível. Não negue que tem problemas.
- Milenares?! Mas o Pai Natal tem mil anos?!
Com esta pergunta senti uma ténue esperança em recuperar a minha caderneta do Sport Billy e conquistar a caderneta de cromos da Abelha Maia da Titá. O tipo remexeu-se na cadeira, respirou fundo e disse:
- Já vi que não quer ser ajudado. Veio aqui afinal fazer o quê?
- Por causa das aftas… mas por favor explique-me lá porque é que as respostas indicam que eu estou maluco? Foi por causa da altura do Pai Natal?
- Não só meu caro. O teste no seu todo revela perturbações…
- Mas são apenas três perguntas! Até a TV Guia faz testes mais completos, você é um charlatão!
- Calma… não se exalte isso apenas vai piorar o seu estado.
- O meu estado?! Vai mas é pentear macacos meu grande palhaço, pensas que eu não me lembro de ti a enfardares porrada no liceu porque eras um cromo?!
- Pronto Talk tenha calma, respire fundo e isso passa… Talk? Talk? Venha cá que a gente oferece um cházinho… Talk?

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Tentando irritar Budistas I

Mestre Shakar, ou Zé Rui para quem o reconhece por detrás da túnica alaranjada e da cabeça rapada, é budista. Perito em medicina oriental, em Yoga e outras artes afins, mantém uma aparência de pura acalmia, de bem com o universo circundante, suavizada pelos seus indisfarçáveis tiques de gay.
No outro dia fiz uma aposta: “Eu consigo tirar do sério o Mestre Shakar”. A minha amiga Titá, cliente dele desde que lhe apareceram os soluços compulsivos sempre que ouve uma música do Nat King Cole cantada em espanhol, passa o tempo a gabar a profunda tranquilidade de Shakar: “Impressiona olhar para a sua expressão tranquila enquanto tento acertar, com papéis enrolados, numa jarra Ming que o tipo tem em cima da prateleira”.
Com a minha colecção de cromos do Sport Billy em risco, lá parti eu até ao consultório do Mestre. Antes de entrar no gabinete a sua assistente deu-me um questionário para responder, com as seguintes três perguntas:
- Dorme bem durante a noite?
- Qual a sua cor favorita?
- Qual a altura do Pai Natal?
Respondidas as questões com um “Sim”, um “Azul” e um “Como é nórdico... deve ter para ai um metro e noventa”, entrei no gabinete. Shakar, após me cumprimentar com um aceno quase imperial fez a seguinte pergunta?
- Senhor Talk Talk, vejo pelas suas respostas que é uma pessoa bastante perturbada, qual é o seu problema?
(continua)

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A Tropa

Diz-se que a tropa faz de nós uns homens. A mim fez-me mais do que isso, tornou-me num homem prendado. Não só aprendi a atar atacadores de botas e a tomar banhos de três minutos, como ainda descobri uma maneira rápida de fazer a cama, dormindo na cama despojada do gajo que tinha desistido na semana anterior!
Ainda bem que não é todos os dias que acontece a semana de campo. É uma coisa chata, particularmente no Inverno e sobretudo se estivermos com diarreia. Como sou um tipo com alguma sorte a semana de campo foi no Outono, mas como sou desprevenido tive que me valer das folhas de eucalipto e duma carta que tinha recebido. Felizmente era apenas uma carta de amor.
O último dia da primeira semana de campo foi... estranho. Para além de ter depositado “minas” praticamente em todo o perímetro do acampamento vim a descobrir que o “Salvatore”, meu camarada de armas, andava com os “parafusos trocados”.
Tinha caído a noite, era hora de provar as delícias da ração de combate:
- Então Talk, que tal está o paté? – Perguntou-me o “Salvatore”.
- Ah… não é mau, mas já provei graxa para sapatos mais cremosa do que esta pasta… – Respondi-lhe eu.
- Pois… eu também não estou a gostar desta pastilha elástica, sabe mal!
- Pastilha elástica?!
- Sim… é essa coisita que tens ai no fundo da caixa?
- Ah ok, esta coisita aqui?!
- Sim sim.
- “Salvatore” esta coisita não é uma pastilha elástica…é um fulminante pá!
- Fulminante?! Isso é aquilo para ajudar a fazer fogo?!
- Sim isso. Tem calma … desde que não ponhas um fósforo na boca nem ranjas os dentes podes continuar a mascar isso na boa.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Dar Autógrafos

Não gosto de dar autógrafos! Não é pela falta de jeito para fazer a minha rubrica, naquela já clássica indecisão em usar a mão esquerda ou o pé direito. Também não é por ter a mania que sou vedeta, deslumbrado pelo meu sucesso. No fundo sou um tipo discreto que gosta de passar despercebido, embora a coisa não seja fácil.
Mas por vezes temos mesmo que dar autógrafos. Não podemos desiludir as fãs. Especialmente se são educadas e principalmente se o autógrafo servir para uma boa causa. É uma dessas situações que me proponho a contar hoje:
Saía eu do Café do Parque quando uma jovem bem apessoada se abeirou de mim:
- Olá, peço desculpa… podia assinar-me isto?
- Bem… pode ser pode ser… estou com um pouco de pressa mas tudo bem… Qual o seu nome?
- Porque é que quer saber?
- Então para pôr no autografo?!
- Ahahahahah. Você é muito engraçado. Não é preciso… basta uma assinaturazita. Já agora, não quer saber para que é a petição?
- Petição?! Isto é para uma petição? Não é porque gosta dos I-Glamour e em especial de mim?!
- I-Glamour? Gostar de você? Desculpe… mas… não estou a perceber, eu nem o conheço…
- Não conhece o Talk Talk? Ah, isto anda bonito anda…pronto, tudo bem…. Qual é a causa?
- É para exigir que a Câmara construa um novo canil.
- Ok, eu assino. Nós músicos defendemos as boas causas…
- Ah, eu vi logo que era músico!
- Por causa do ar cool claro?
- Hã?! Não não… por causa da guitarra que traz às costas.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Redescobrindo Facadas Canhoto

Facadas Canhoto é mais do que um poeta popular, mais do que um treinador de futebol perito em tácticas e metodologias de treino pouco ortodoxas e mais do que um amolador de malhas do chinquilho. Facadas Canhoto é um homem com duas alcunhas. Por isso fomos falar com ele:
- Facadas, você é a única pessoa que conheço que acumula duas alcunhas. Qual a origem de Canhoto?
- Vem do meu pai.
- Ele era esquerdino portanto?
- Não.
- Então?
- Era “direito”.
- Então porque é que lhe chamavam Canhoto?
- Vem do pai dele.
- Esse sim era canhoto então?
- Acho que não. O desgraçado do velho batia-me sempre com a mão direita.
- … e Facadas?
- Facadas vem do facto de eu ter andado no mundo dos faquires.
- Ah foi?! Uau, não sabia…
- Foi foi. Mas tive que desistir. Chegaram à conclusão que eu não tinha nascido para aquilo.
- Falta de pontaria a lançar as facas?
- Não sei. Nunca lancei nenhuma. O meu trabalho era afiar facas, pregos e coisas do género ao faquir, a bem dizer era eu que lhe fazia a cama. Pelos vistos não afiava com suficiente mestria. O gajo acordava todos os dias com dores nas costas.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Bares de Alterne

Tenho imenso respeito por bares de alterne. Em parte foi em locais desses que adquiri a estaleca que tenho hoje. A estaleca e o problema nas costas que por vezes me arrelia fazendo-me andar tipo “Robocop sem lubrificação”, dá estilo mas é chato. Nunca pensei que o porteiro Caju fosse buscar um taco de basebol só porque me recusei a pagar a bebida à Marlene. Mais admirado fiquei quando notei que seria a própria Marlene a desferir o golpe com o taco. Impressionante a força duma tipa tão franzina, especialmente depois de emborcar quatro Johnnie Walker.
Abriu um novo bar de alterne, nos bosques barreirenses. Estive lá na inauguração e agradou-me o ambiente. Fui convidado para relações públicas mas vi-me obrigado a recusar por afazeres incompatíveis com a função: Não se pode ser cliente e RP em simultâneo.
As jovens empregadas denotam grande cultura geral e apronto, sendo versadas em vários idiomas. Há até uma que fala a língua dos Yeti. Acho que teve um affair com um deles, talvez por isso tenha um estranho fetiche por pêlos e membros grandes. Ainda não lhe disse que calço o 46.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Ah ah ah, o gajo quer ser o número 1!!!!

Querer ser-se o número 1 em algo por vezes é complicado. Especialmente quando temos que ultrapassar alguém que atinge níveis de qualidade dignos de registo nos anais da História e também na tradição oral dos povos.
Cool Pete, saído do movimento heavy metal sinfónico dos anos noventa, baseado em gritarias, whisky, gaitas de beiços e sacrifício de rãs, fundou agora uma banda de garagem denominada “Bit on I-Glamour” e quer depor o ícone musical de toda a região do seu pedestal: Eu!
Este trambolho-calhau com dois olhos e um pepino mal desenhado a fazer de nariz declara-se… anti I-Glamour. Diz o tipo:
“Os I-Glamour são um produto dos media locais que teimam em dar-lhes importância. Por mim batíamos-lhes todos os dias para as gajas verem que aquilo é só conversa… é só talk, talk… acção: népias. Charme é agir. Dizer que não sei o quê, andar de costas na rua, vestir casacos de astronautas e chapéus de campinos, fazer danças malucas, isso é para pavões, é show off! Pavões é isso que eles são… especialmente o Talk Talk, que é o maior pavão deles todos!”
Dando azo ao direito de resposta que vem na constituição tenho a dizer a esse senhor o seguinte:
“Rapaz, começas mal a tua declaração. Chamar “gajas” a fãs é duma falta de educação inqualificável, pois toda a gente sabe que também há gajos (e até animais como o chimpanzé do Ricardo) que curtem os I-Glamour. Depois dizes que Charme é acção. Errado! A acção é que tem que ser tomada com charme. Vê o caso do Licínio Chispes, farta-se de agir e não molha o bico desde o tempo em que haviam ninfas no Tejo. Eu sei que estás ruído por dentro porque o único lugar que te foi oferecido na Universidade do Charme era o de armário de laboratório e mesmo assim falhaste no teste. Também sei que te custou saber que nas eleições para Tipo Giro do Ano nem sequer foste considerado e eu conquistei um honroso 4º lugar, logo a seguir ao cão da Dona Maria, o Fofinho. É a vida, aguenta e não chora!”

sexta-feira, janeiro 26, 2007

A Picareta e a Astrologia

O Stylish para além de baterista é cartomante. No fundo no fundo ele até nem domina muito aquilo, diz-se apenas que “dá uns toques”. Nós acordámos que o deixaríamos prosseguir com essa ocupação desde que não interferisse com a Banda.
Trata-se duma compensação pelo facto de lhe termos tirado o direito a ser back vocals. Ele nunca aceitou que a sua voz fosse um desastre.
Pelo menos até lhe mostrarmos uma pequena gravação:
“Pessoal desliguem isso pá… o gajo da picareta não tinha outra altura para trabalhar?” refilou ele.
“Claro que tinha, por isso é que isto foi gravado à hora do almoço. És tu a cantar o refrão, o gajo da picareta estava a comer a “bucha”!” respondi-lhe eu.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Um concerto, uma história

Cada concerto nosso tem a sua história particular. As músicas são as mesmas, os músicos também, mas há sempre algo de diferente para contar.
Este último, no pátio da Filarmónica Alburrica, teve as suas particularidades. A verdade é que o que ali aconteceu quase pôs fim à Banda.
Ao entrarmos em palco um silêncio surpreso. A meio da primeira música, a primeira cadeira a embater na cachola do Charm. Aos primeiros acordes da segunda música a invasão de palco com os espectadores munidos de chapéus-de-chuva, tacos de madeira arrancados do chão, pauzinhos do restaurante chinês e até agulhas de tricô.
Eu compreendo as pessoas. Aguardavam o Tó Pinto, o Iglésias do Alburrica, e não quatro tipos com ar cool e músicas de 25 segundos. Os idosos detestam ser enganados e nós levámos por tabela.