quinta-feira, setembro 06, 2007

Fancy Boy


Encontrámo-nos à porta da Tasca do Azedo. Fazia meses que não nos víamos. Estranhei a forma como alterou o visual: já não usava as sandálias de cabedal mas sim uns chinelos de plástico, as unhas dos pés outrora grandes e afiadas como as garras duma águia apresentavam-se agora cortadas e envernizadas com algo que ele insistiu nervosamente em afirmar que era “pomada para as micoses”. O gorro de forcado, gamado numa lide dos “Trezentos da Moita” numa largada nos anos 90, dera agora lugar a um chapéu algures entre o vaqueiro americano e a estrela (feminina) de cabaret francês. A face mal barbeada pela imprecisão da navalha de cortar o queijo surgia agora encoberta por uma maquilhagem que por certo levou ao esgotamento da banca de cosmética da Dona Papoila Damião.
Crazy Charm pá, nunca mais te pus a vista em cima!
Crazy quê?! Não Talk Talk… eu não sou mais esse tipo rude, agora sou Fancy Boy, uma espécie de Alter-ego!
Heim?!
Fancy Boy… o mestre de um novo estilo, misto de música de carrinhos de choque dos 80´s com um toque de cavaquinho e gaita-de-beiços.
Heim?!
O Charme não vai voltar a ser o que era… nem os I-Glamour!
Heim?!
Oh pá, só sabes dizer isso?! E então quem me tem substituído nos ensaios?
O Toni, o papagaio do Zeca… ele ouviu-te cantar durante anos lá na garagem… emita-te muito bem…
Pois… o bicho faz-se… mas a malta não tem estranhado?
Um pouco… ninguém faz o moonwalking como tu!
Mas o Toni também faz o moonwalking?!
Sim… só que a meio do movimento acaba-se-lhe o poleiro e cai ao chão!