quarta-feira, outubro 31, 2007

Os Ultras Taurino

Foi na taberna do Romão que o encontrei. Nunca imaginei ver aquele gajo, outrora fervoroso seguidor do movimento Glam Rock, transformado agora num típico “beto do campo”. Cabelo de risco-ao-lado a semi tapar as orelhas, patilhas grandes, camisa aos quadrados, calças chinos beges com a bainha a terminar uns bons 5 centímetros acima dos sapatos de vela azuis, destacando intencionalmente a falta de meias.
- Oi Talk!
- Oh pá, então tudo bem?
- Tudo fixe e contigo?
- Também…que tens feito?
- Epá agora dedico-me à arte da tauromaquia.
- Ah sim?!
- Sim, sou líder dos “Ultras Taurino” que é uma claque de apoio à nossa equipa!
- Nossa equipa?! Mas também há equipas na tourada?
- Claro! Então os cavaleiros, bandarilheiros, cavalos, forcados, etc. formam a nossa equipa, os toiros e restante gado são a equipa adversária, aqueles aos quais nós chamamos nomes!
- Nomes?! Que tipo de nomes?
- Então por exemplo: “E quem não salta é toiro manso allez allez…”. E por outro lado apoiamos os nossos: “Tu espeta a bandarilha agora allez allez, tu espeta a bandarilha agora allez allez!”
- Uau! Vocês são uns grandes malucos!
- Pois somos Talk Talk! Já chegámos a ir apoiar o Gonzaga Albinito a Badajoz! Foi a loucura! A claque adversária, liderada por uma vaca de 400 quilos, entrou na arena invadindo o terreno de lide e nós entrámos também e começámos à pancada com mais de 30 cabeças de gado, cheguei a levar uma cornada pá!
- Então é por isso que coxeias?
- Não, coxeio porque antes de ser líder de claque tentei ser forcado!
- Ah… e aí é que levaste uma cornada?
- Não. É que na altura ainda usava cabelo comprido, lantejoulas, plumas e maquilhagem ao melhor estilo do Glam Rock. O pessoal do Grupo quando me viu confundiu-me com uma colaboradora do Bar Sedução e tratou logo de me arranjar um andar novo.