terça-feira, dezembro 12, 2006

Residencial Alfredo

Eu cá sou um tipo simples, apreciador das coisas simples da vida. Qualquer suite dum hotelzeco de 5 estrelas, desde que tenha jacuzzi, para mim é mais que suficiente. Eu sou assim. O resto da banda não. São uma cambada de primorosos com tiques de vedetismo. É por isso que a nossa estadia na Residencial do Alfredo, nos Brejos da Moita, durante a última digressão não correu assim muito bem.
Aproveitando o abandono do curral dos porcos na quinta dos avós, o Alfredo decidiu abrir uma Residencial. Não se pode dizer que seja um espaço que prima pelo conforto, no entanto possui o básico: camas com colchão e cobertores, baldes de água do poço, penicos, cadeiras de plástico e armários na zona da recepção. Mais que suficiente para uma noite de descanso.
Fatigados do concerto acabámos por chegar lá a altas horas da noite. Sem mais conversas, cada um foi para o seu quarto. Eu fiquei no 2, o Stylish no 3, Crazy Charm no 4, Rebel Seducer no 5 e o nosso manager e amigo, Sexy Sparks, ficou a dormir no tractor que puxa o palco ambulante. Não havia mais vagas e o Otorrinolaringologista proibiu o Sparks que dormir em recintos fechados pois a frequência do som produzido pelas suas narinas ao dormir pode provocar um desmoronamento.
Eu dormi como uma pedra. Stylish, Charm e Seducer não. De manhã, ao pequeno-almoço, servido no quintal numas mesas de campismo montadas para o efeito, era ouvi-los queixarem-se:
- Foi uma noite do caraças. Houve pessoal que passou a noite na ramboia pá. Uma pouca-vergonha. – Disse o Stylish.
- Pois foi! – Confirmou o Seducer. – Nunca ouvi uma tipa gritar daquela maneira…
- Pois…quer dizer que vocês também ouviram? – Perguntou o Crazy Charm.
- Sim! – Responderam em uníssono.
- Eu não ouvi nada. – Disse eu.
- Aquilo de certeza que vinha do teu quarto, Charm! – Disse o Mr. Stylish.
- Do meu? Ahahahaha. Estás louco pá. Aquilo era um som que vinha claramente de cima. Eram com certeza os vizinhos de cima.
- De cima? – Perguntou o Seducer.
- Sim de cima… porquê?
- Porque em cima é o telhado. E as telhas não resistem a batimentos daqueles!

segunda-feira, novembro 20, 2006

Comes e calas-te.

Se há uma boa altura para redefinir estratégias, repensar a forma como levamos a vida, como encaramos o dia-a-dia, esta é uma boa altura. Mais que não seja por causa do tronco de árvore, que alguns baptizaram de “braço da Berta”, que transcreve de momento uma perigosa trajectória na direcção da minha tromba.
Pum!
Como é belo o arco-íris visto aqui do chão. Impressiona de tão colorido, ali mesmo sobre o balcão, tapando a água-pé do Poceirão e a cerveja do Glorioso. Sinos? Não. Eu nunca oiço sinos quando levo nos cornos. Eu é mais bombos, ferrinhos e cavaquinhos… nisto de levar porrada sou muito popular.
A Berta tem destas coisas. Acha que pode bater num gajo assim sem mais nem menos. Num homem feito, com barba e tudo! Pois…acha que pode bater e bate. Bate sem dó nem piedade.
E um gajo fica-se. Não por medo, claro, apesar dos 135 quilos de massa gorda serem de certa forma intimidativos. Mas bater numa mulher fica sempre mal. Mesmo quando ela tem uma voz mais grossa que nós, se aguenta em pé após despejar uma garrafa de litro de água ardente nos queixos e não rape os pelos das axilas desde que estes lhe apareceram, para ai aos 7 anos de idade.
E tudo isto porque quis praticar o meu inglês. Porra, mas agora um gajo não pode praticar o inglês? Como é que vai ser depois em Armação de Pêra no Verão?
“In my hands you are a doll!!” Não vejo qualquer mal nesta frase.
“Vai chamar doll ao raio que ta parta, deves pensar que sou alguma Barbie não…”.
Chiça… mulher com mau feitio!

sexta-feira, novembro 17, 2006

O sucesso não me subiu à cabeça – Lição de humildade

Muitos têm sido os felizes comentários. “Ah … o gajo é um grande malaico”, “O rapaz apesar de brutamontes é dum charme hipnótico”, “Caraças… se não fosse o tipo o que seria dos I-Glamour?!”. Frases que sabem bem ser ouvidas. Frases que ficam marcadas na mente e também nos post-its que tenho colados na porta do frigorifico.
Um artista, para atingir o sucesso esplendoroso que eu atingi e conseguir este nível apenas ao alcance dos predestinados, tem que ser humilde. A humildade é o segredo.
Não tenho paciência para aqueles que me delatam. Os tais que dizem que a música dos I-Glamour não é original (ah ah ah… ah), que anda a perder qualidade desde que deixámos de oferecer sandes de coirato nos concertos. São todos uma cambada de parasitas da sociedade, “chulecos” que querem é boa vida, vinho verde a martelo e tremoços da Tasca do Azedo.
Acima de tudo temos que olhar para nós e pensar: sim, não foi só devido ao talento que consegui isto, há que saber dividir os louros do sucesso por todos aqueles que tiveram “olhinho” e me elegeram como ícone do Charming Punk Rock. Sem eles eu não passaria dum genial artista incompreendido. Obrigado rapaziada e fiquem descansados: o sucesso (ainda) não me subiu à cabeça.

quarta-feira, novembro 08, 2006

O tempero especial

Almoçar com o Crazy Charm não é para todos. Nem sequer para alguns. Cabe-me essa honra uma vez por mês, na pizzaria do costume. Hora de encontro: meio-dia e meia, com tolerância de trinta segundos. Marcava o meu relógio as doze e meia em ponto e lá estava ele, ainda à porta da pizzaria mas já a dar início à retirada.
Gritei e ele parou virando-se para mim com ar de poucos amigos.
- Calma Crazy…então, cheguei mesmo à hora.
- Só se for no teu relógio. O meu marca doze e meia e trinta e sete segundos…
- Está adiantado pá.
- Não, o teu é que deve estar atrasado.
- Vá lá pá, vamos sincronizar isto para não voltarmos a ter esta discussão.
- Ok. Vamos entrar então.
A empregada gira e simpática que normalmente nos atendia não estava. Na sua vez um tipo ainda noviço mas com cara de mau.
- Fumadores ou não fumadores?
- Eu sou fumador, ele não – Disse o Crazy Charm.
- Mas vão comer separados?
- Em principio não. Pelo menos tencionamos começar a comer juntos, depois se nos chatearmos somos capazes de requerer uma segunda mesa. Olhe, deixe uma mesa de parte para o que der e vier. – Disse eu.
- Mas afinal vão querer comer na zona de fumadores ou de não fumadores?
- Por mim tanto faz.
- Pode ser na zona de não fumadores, por causa das janelas. – Acrescentou o Crazy Charm.
O tipo guiou-nos até uma mesa encostada a uma parede. Com o restaurante completamente vazio e após a referência do Crazy em relação às janelas isto só podia ser uma provocação. Sentamo-nos, olhamos um para o outro, levantamo-nos de novo e fomos nos instalar numa mesa junto às janelas. Quando veio registar os pedidos o rapaz vinha realmente mal disposto.
- Já sei que vamos ter direito ao tempero especial. – Afiançou o Crazy Charm.
- Tempero especial?
- Sim. O mesmo que o Zé das Farturas aplica no óleo para ver se já está quente.
- Fosga-se!!!! Espero que não estrague as natas da pizza.

segunda-feira, novembro 06, 2006

A história de Rocky – Parte VI

Uns após outros, todos os temíveis adversários foram sendo derrubados. Rocky era, ao fim de três meses, a grande estrela da Margem Sul Boxe Association.
Tal qual erva daninha em plantação de beterrabas, começou a surgir o boato: Rocky Beiças dopava-se. A inveja, a incredibilidade perante tamanha força e a necessidade de Norberto, o maior alcoviteiro do género masculino da zona, aparar as patilhas na barbearia do Treme-treme fizeram crescer o rumor.
Começaram então a surgir artigos orais nos mercados, mercearias e cabeleireiros da região. O “opinion maker” Pedrito Bodega na sua crónica semanal no Jornal da Barra Cheia chegou mesmo a dizer: “Desiludidos e defraudados. É assim que todos nos sentimos. A estrela Beiças é afinal mais um produto das tecnologias farmacêuticas. E nós a pensarmos que aquele ar grosseiro e aquela voz de grunho eram genéticos. Assim também eu tinha sido capaz…”
Tudo isto abalou Rocky Beiças. Ele sabia que era mentira. A única coisa esquisita que tinha tomado era limalhas de ferro. Ao que consta não faziam parte do lote de substâncias proibidas.
Provar a sua inocência tornara-se primordial. Chelas mandou vir os membros da Associação para assuntos de Dopagem e também dois enfermeiros. A ideia era fazer análises ao yeti e assim provar que tudo aquilo tinha sido uma grande cabala.
Assim que Rocky viu as agulhas tremeu de medo. Depois soltou um grito que se ouviu no bairro inteiro. Por fim desatou a correr, para nunca mais ser visto por aquelas paragens.
Chegou assim ao fim a história do maior pugilista de todos os tempos. Imbatível nos ringues, mas derrotado por um boato e pelo medo das agulhas.
Nunca mais voltou a combater. Diz-se que regressado à sua terra natal montou uma escola de pintura em azulejo, que ainda hoje mantém.
No entanto algo de Rocky perdurou por aqui. Ainda hoje, quem entra no Ginásio do Chelas sente o seu cheiro. Suor de yeti quando entranha em soalho de madeira…

segunda-feira, outubro 30, 2006

A história de Rocky – Parte V

O pavilhão da C+S do Bairro Alentejano estava ao rubro. Adeptos do boxe de todas as idades, levados pela curiosidade tinham preenchido por completo as bancadas de madeira que rodeavam o ringue.
No balneário, Rocky Beiças suspirava de ansiedade enquanto Chelas lhe calçava as luvas e lhe ia transmitindo as últimas dicas para o combate:
- Ele é duro como uma rocha. Mas tu és forte como um camião TIR carregado de abóboras do Cartaxo. Dá-lhe com a esquerda, uma, duas, três vezes e depois… pimba… forte com a direita…
Um dos organizadores do evento chegou-se à porta e chamou Rocky. Estava na hora!
Calmamente, Rocky percorreu o corredor de acesso ao recinto. Sentiu o carinho do público quando já no pavilhão se dirigia para o ringue. O seu adversário já lá estava. Era colossal. Inerte… com ar impressionantemente feroz fitava o Yeti tosquiado com desprezo. Rocky entrou no ringue e elevou os braços provocando um impressionante empolgamento da parte da audiência.
- Rocky Beiças! Rocky Beiças! – Gritavam em uníssono.
O apresentador de serviço era Licínio Chispes, um habituait nestas andanças. Após pedir o microfone e o mesmo lhe ter sido fornecido começou a apresentação:
- Som… som…1,2…1,2,3…olha que coisa mais linda é ela que passa… 1,2…1,2,3… cheira bem., cheira a Lisboa. Bom… vejo que o micro está em condições. Boa noite minhas senhoras e meus senhores. Esta noite temos um combate portentoso entre dois gigantes. Á minha esquerda, de calções amarelos, pesando 180 quilos, com 2,30 metros de altura, vindo não sei de onde e em estreia absoluta em ringue… Rocky Beiças. Á minha direita, com 30 combates, sem derrotas, revestido a cortiça, pesando algo mais do que a capacidade da balança, com 4 metros de altura, vindo do chaparral do Teves… Zé Sobreiro.
Ao soar da campainha começou a contenda. Zé Sobreiro era de facto muito lento, nunca conseguiu infringir qualquer golpe a Beiças. Mas não era fácil pregar com ele no chão. As raízes eram profundas, a grossura do tronco era descomunal. A agilidade de pés e a direita em gancho de Rocky Beiças acabou por fazer estragos no início do 4º assalto. Sobreiro caiu e não reagiu à contagem do árbitro.
Apesar da multa por abatimento de árvores, a carreira de Rocky Beiças começava da melhor maneira.

terça-feira, outubro 17, 2006

A história de Rocky – Parte IV

- ARHHHHHHHHRRRRRRRRRRRRRR RURURURUHHHHHH
Rocky bem protestou, mas não havia muito a fazer. Rapar o pêlo branco era a única solução para fazer com que parecesse mais humano. Sentado num cadeirão bem preso com amarras, no centro do ringue de treino, o yeti aguardava inquieto a chegada de Zé Pastor, homem habituado à labuta da tosquia de ovelhas. Quatro horas depois estava terminada a tarefa. Restava apenas limpar e levar a vazadouro a enorme quantidade de penugem tosquiada. “Cabeças”, pescador do rio Tejo que contribuiu com o fornecimento dos cabos que amarraram Rocky, disponibilizou-se para ficar com o pêlo: “deixem estar que eu trato disso, a minha Maria é capaz de me fazer um gorro para eu levar para o mar no Inverno, se não houver material suficiente para isso aproveita-se o que há e faz-se um belo cobertor”.
No dia seguinte Rocky surgiu no ginásio. Nasce então o mito dentro do próprio mito. Ninguém, exceptuando Chelas que tinha engendrado o plano, reconheceu Rocky. A perplexidade tomou conta de todos aqueles que o olhavam… quem seria?
- É… o … ehhh Beiças – Disse Chelas reparando na espessura dos lábios do yeti que agora se desvendavam na sua plenitude. – É o grande Rocky Beiças. Vem do estrangeiro para ser o nosso campeão!!!
Começou assim o mistério em torno das suas origens. Havia quem garantisse que se tratava dum gigante albino proveniente das selvas do Congo, havia quem jurasse a pés juntos tê-lo visto num filme documentário da ex-URSS onde aparecera como mineiro nas grutas de prata do Kazaquistão.
Rocky Beiças ignorou todos os boatos. Estava preparado para se tornar no maior lutador de todos os tempos da história do pugilismo da região! Mas primeiro teria que enfrentar um dos mais temíveis lutadores que já pisaram os ringues.

sexta-feira, outubro 13, 2006

A história de Rocky – Parte III

Lino Chelas era um tipo com sorte. Calhava sempre estar no lugar certo à hora certa, ou por outro lado, a evitar o lugar errado na hora errada. Até no dia em que acabou para o boxe, essa sina o acompanhou. O tareão que levou do Ulisses Melro deixou-o em coma, então já não foi ter com a amante, como era hábito fazê-lo após os combates. O marido cornudo, aguardava-o à esquina com uma caçadeira pronta a rebentar-lhe com os miolos. Chelas acabou por não aparecer, uma vez que passou essa noite (e as 130 subsequentes) no Hospital de São José.
No sítio certo à hora certa, Lino Chelas observou o espancamento de Rocky aos malfeitores. Regressava da fisioterapia e era comum passar por ali, embora a hora diferente. Um copo 3 na Taberna do Silva e uma “regadela às azeitonas” nos canaviais junto à linha do comboio tinham feito que se atrasasse cerca de 30 minutos.
Ficou estupefacto. Viu ali um potencial pugilista, capaz de dominar o boxe na categoria de pesos pesados. Precisava apenas duns retoques. Quando o viu mais calmo, aproximou-se e meteu conversa:
- Olá jovem. Já ouviste falar no Ginásio do Chelas? Ensinamos boxe ao pessoal… acho que eras capaz de ter jeito para a coisa, estás interessado?
- LUTAR NÃO. LUTAR NÃO – Articulou Rocky de forma rude.
- Mas não é uma luta rapaz… é um desporto, é bom para a saúde. Não ouves o que dizem os médicos pá?
- DESPORTO? AHHRHHRHRHR RHRHRURURURURUR. SIM. BOXE DESPORTO ENTÃO SIM!
Na manhã seguinte lá estava Rocky no ginásio. Vinha vestido a preceito. Fita na cabeça, calções pretos, camisa de manga cava que de tão curta lhe dava pelo meio do tronco, deixando a pelugem da barriga ao léu.
Sem grandes demoras Chelas começou a treinar o seu futuro campeão. Ensinou-lhe a filosofia do pugilismo, os golpes, os gestos. Aos poucos Rocky ia-se tornando numa verdadeira máquina de guerra. Pronto a golpear sem piedade os adversários mais temíveis. Só havia um problema: como inscrever um Yeti numa modalidade que somente aos seres-humanos era permitida?

sexta-feira, outubro 06, 2006

A história de Rocky – Parte II

Foi numa bela manhã de Verão que Lubomir Rocky desembarcou pela primeira vez na Portela. Que estranha visão tiveram todos aqueles que o observaram!! Causou grande frisson. Embora habituados aos estranhos craques de futebol que chegavam às resmas para alimentar os plantéis dos clubes da cidade, isto era absolutamente novo. Dois metros e trinta num corpo rijo e descomunalmente largo, coberto de pelugem branca. A trouxa de pano preto, o chapéuzinho e o papillon vermelho completavam o ramalhete. A noção de excêntrico adquirira agora uma nova amplitude.
Lubomir pouco lhes ligou. Foi à sua vida. A pé porque nunca tinha visto um táxi na vida e também não falava a língua para explicar onde queria ir. Arranjou um quarto na Margem Sul do Tejo e tratou de procurar emprego. Deambulou entre trabalhos variados como ajudante de cozinha, figurante em teatro de revista, espectador de TV, vendedor em loja de lingerie feminina.
Foi durante a sua estadia nessa mesma loja que a sua vida mudou. A dona do estabelecimento, Erica Soraia tinha por ele um carinho especial. “Meu gigante felpudo”, dizia-lhe ela, “Fazes-me lembrar um meu ex-marido. Só vejo duas diferenças entre vocês: os pêlos dele eram pretos e tu consegues articular mais palavras numa frase”. Lubomir sentia-se orgulhoso, as aulas de português começavam a sortir efeito. Já conseguia pronunciar o seu nome e dizer “Bom-dia” sem grunhir!!
Mas não foi por isso que a sua vida mudou. Erica convenceu-o a tirar um curso de pintura de azulejo, em horário pós-laboral. Ele adorou a ideia. Estava entusiasmado. Segundo o que diziam tinha nascido para aquilo. Pintava com ardor e criatividade. Aquela tarefa realizava-o em pleno.
No entanto, numa 5ª feira à noite quando saía da aula, descobriu a sua outra vocação. O famoso Bando dos Calvos, do Vale da Amoreira, interpelou-o tentando um assalto. Eram 17 indivíduos, munidos de armas como colheres de pau, piaçás, cabos de vassoura. “Olha que o gajo é bué da grande!!”, lembrou um dos malfeitores. “Qual é o problema? É grande mas para andar num curso de gajas é por que não é grande coisa”, referiu o líder, gritando de imediato um “a ele que é maricas”.
Rocky não era violento. Mas quando se viu no chão, com 17 mamíferos sobre ele a espancá-lo reagiu. Um safanão e dois murros depois o bando estava KO. O lado animalesco de Rocky veio à superfície quando grunhiu e bateu vezes sem conta com os punhos no peito. Começara um nova era para Rocky.

terça-feira, outubro 03, 2006

A história de Rocky – Parte I

Mochachucha é uma aldeia yeti igual a tantas outras. Cosmopolita, sobrevive muito à custa do comércio de dentes de leite e também graças ao célebre cuspe yetino, que produz uma substância aquosa muito utilizada na indústria de pasta de dentes e de líquidos para conservar placas dentífricas.
Lubomir Rocky passava o tempo entre o consultório do Dentista, permitindo o ganha pão aos pais e a escola, onde aprendia entre outras coisas que “Guerreiros Niitsumy” significava amigos e “Bandochi” significava badamecos com a mania que sabem tosquiar yetis mas que existem apenas para levar grandes coças destes.
Acontece que certo dia, enquanto estava deitado na cadeira do dentista, sentiu o seu primeiro dissabor que marcaria a sua vida para sempre. “Lubo há algo que deves saber”, começou por dizer-lhe com voz pausada o Doutor, “não posso arrancar-te mais dente nenhum. Primeiro porque não tens mais nenhum para arrancar, depois porque isso significa uma coisa: Esta última dentição que apareceu já não era a de leite!!”.
“Mas doutor como é que é possível, nascem sempre 20 a 22 dentições de leite nos jovens yetis, o Lubomir só ainda vai na sétima!!”, exclamou a mãe quase em choque.
Após se afastarem do moçoilo, de modo a que ele não se apercebesse da conversa o Doutor disse: “Minha senhora, ainda não reparou que o seu filho é baixo de mais para a idade?, não acha estranho o jovem ter quase 13 anos e ter apenas 2 metros de altura?”. “O que é que me está a querer dizer?”, perguntou a mãe aterrorizada. “O Lubo não é um Yeti de raça comum, ele é um Yeti anão!”, concluiu o Doutor.
O mundo daquela senhora desabou naquele momento. Lembrou-se das aventuras que teve no passado. O marido passava muito tempo fora e … os yetis de raça anã têm determinado tipo de fama capaz de provocar atitudes mais tresloucadas em jovens desconsoladas.
Tenha sido pela dor de corno ou simplesmente pelo facto da “máquina de marfim” ter esgotado a sua produção, o jovem Lubomir foi abandonado pelos pais. Lá partiu confuso, sem rumo, pelas montanhas até chegar ao país dos famosos Guerreiros Niitsumy.
Aí, acarinhado por outros yetis e não só, cresceu até se tornar um adulto forte e bondoso. Por ali poderia ter ficado o resto de seus dias, mas ele queria algo mais. Uma aventura epopeica o aguardava no outro lado do oceano.

quinta-feira, setembro 28, 2006

O Talk e o Mar – Parte II

A brisa entretanto transformara-se em vento. A doce lufada era agora um poderoso bafo gelado transportando salpicos de água salgada. A remada ficara um pouco mais difícil. Os dez centímetros de lâmina de água no casco já não eram a minha única preocupação.
É nestas alturas que nos perguntamos: “«Será que era mesmo para levar a sério a inscrição no bote que dizia: peso máximo 80 kg»? Ou então a outra mais dúbia: «Não deixe a sua criança levar sozinha o barco para a água»?”.
À medida que me aproximava do Poço, mais visível se tornava a sua riqueza. O mar agitado e o alvoroço das gaivotas, indicavam claramente a presença dum gigantesco cardume de tainhas. Estava na hora de preparar o anzol e lançar o isco na penumbra daquelas águas. A tarefa veio a evidenciar-se de execução complexa, para não dizer mesmo… impossível. Não é que não tivesse habituado a situações daquelas: o balanço do rio, o bote semi-afundado, o chinfrim das gaivotas. Tudo aquilo eram condições corriqueiras. Novidade mesmo era ir à pesca sem cana, fio ou anzol.
“Azar do caraças” exclamei eu. “Já nos safámos” pensaram as tainhas. “Vamos “obrar” em cima deste cromo” decidiram as gaivotas.
Poucos minutos depois, devidamente brindado com os dejectos da passarada, já não era o bote que me mantinha à tona de água, mas sim eu que evitava que desaparecesse para sempre nos lodos do Tejo. Valeu o meu lastro de grande nadador. Isso e as braçadeiras que vieram no pacote com o bote de borracha.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Escândalo na Liga Beta & Inna

Já se sente o fervilhar dos corações dos adeptos prontos para mais uma edição da Liga Beta & Inna.
Mais uma vez, o Fonte Pratense parte bem colocado para a vitória final. Desta vez espera-se que os 15 pontos de avanço com que começa o campeonato sejam suficientes para garantir o titulo, uma vez que os 9 pontos conseguidos na época passada não foram suficientes. Zé Caxias, director do clube e compadre do Presidente da Liga já veio a terreiro avisar: “Espero que o treinador e jogadores estejam cientes do esforço investido (e dinheiro gasto em petiscadas) para partirmos na poule position.”
O grande rival desta época do Fonte Pratense, o Grupo de Casados da GNR dos Brejos da Moita, parte com 3 pontos negativos. O Cabo Silva, vice-presidente da agremiação tentou explicar o sucedido: “O Sr. Presidente ficou desgostoso por causa dos torresmos. A culpa foi dos torresmos, sabiam a ranço… não podíamos fazer nada, o Talhos do Lombo estão comprados pelos da Fonte da Prata, isto é uma vergonha!!!”
Como se não bastasse esta trapalhada ainda surgiu outro problema. Buchas Moscatel, estremo valoroso do Restaurante das Tainhas, aparentemente parece estar mal inscrito na Liga. O Director Geral do clube e cozinheiro do restaurante disse de sua justiça: “Mandámos o papel errado para a sede da Liga. É que o Buchas, para além de jogador de equipa também foi contratado como ajudante de cozinha. Houve uma clara troca de papeis. Não o podíamos dispensar dessa tarefa, o tipo faz uma óptima caldeirada”. Na Liga a reacção não se fez esperar por parte do próprio Presidente: “Esse senhor devia era estar calado, ainda ontem fui lá ao restaurante e serviram-me tainhas assadas que sabiam a bafio… frescas diziam eles!!!”

quinta-feira, setembro 07, 2006

O Talk e o Mar – Parte I

A neblina matinal pairava sobre o rio. O cheiro a maresia misturava-se com o amoníaco fabril, com os dejectos caninos largados na praia, com os cheiros provenientes das pocilgas da região trazidos pela brisa, criando uma agradável amálgama de aromas.
A subida calma da maré, que tem o condão de esconder os esgotos e de cobrir os lodos tornando o rio navegável, atrai qualquer homem do mar para o seu destino. Foi essa atracção fatal que me levou até à praia para embarcar rumo ao Poço das Tainhas, em busca do “peixe perfeito”.
Encher aquele bote de borracha, ganho numa promoção na compra de bolachas baunilha no dia anterior no Feira-Nova, foi tarefa árdua. A bomba, comprada na loja dos chineses, revelou-se uma enorme desilusão. Por cada bombada desferida, um sopro de esvaziamento brotava do espaço que ficava entre a largura do pipo e a abertura de insuflação do bote. A fama chinesa para pipos pequenos, uma vez mais se comprovara. Restou-me o fôlego pulmonar. Já roxo, vislumbrei o imponente bote cheio, prontinho a deslizar sobre as águas. O metro e meio de comprido por noventa centímetros de largo reluzia no areal repleto de pulgas e cascas de canivetes. Era tempo de dar uso às pás do forno do Firmino e iniciar a viagem.
O Poço era já ali, entre a Ponta do berbigão e a carcaça virada do batelão das enguias. A ânsia de apanhar a pescaria duma vida precipitava-me os movimentos. Talvez por isso o bote se mostrava cada vez mais mirrado, vergado à força bruta do remador. Ou então era apenas do furo no casco… cada vez mais sonoro e largo.
Continua

quarta-feira, julho 26, 2006

Universidade do Charme – Processo Bolonha

Comunicado da Reitoria:

Por razões que nos são totalmente alheias vimos por este meio informar os alunos (e ex-alunos) da U.C. que devem proceder à adequação do seu currículo escolar, por forma a satisfazer as exigências do Processo de Bolonha a ser implementado em Portugal.
Como tal as Licenciaturas em Economia do Charme e Engenharia e Práticas de Sedução, passarão a ter o seguinte enquadramento:

  • 1º ciclo – 6 meses – Grau Licenciado
  • 2º ciclo – 6 meses + estágio com Zé Caxias ou alguém por ele nomeado – Grau de Mestre
  • 3º ciclo – Tempo indeterminado, resultante de sucessão dinástica ou renúncia de Zé Caxias – Sumo Pontífice do Charme. Este último ciclo é comum aos dois cursos ministrados, ou seja, “in the end their can be only one”.


Para os já licenciados, que no fundo têm o segundo ciclo completo, mas que ainda não têm o grau de Mestres, terão que realizar as três actividades curriculares seguintes para o obterem:

  • Fazerem um dueto com Mestre Waits de aproximadamente 3 horas. O candidato deverá acompanhar ao piano Mestre Waits, enquanto este toca percussão com um martelo e um “tijolo de 15”. Nenhuma das 18 garrafas de uísque colocadas sobre o piano deverão permanecer cheias no fim do concerto.
  • Serem capazes de, em 10 minutos, seduzirem uma moça de boas famílias, num bar escolhido para o efeito, sem usarem qualquer uma das seguintes 5 palavras: “tempo, bonita, olhos, sorriso, pevides”. Considera-se a moça seduzida se no mínimo consentir em receber boleia na trotinete (emprestada pela Universidade) do candidato.
  • Apresentarem um Dissertação com tema à escolha da docência. De notar que a dissertação deverá ser escrita em português arcaico, do reinado de Dom Diniz. Já a sua apresentação deverá ser em latim erudito.

Os seguintes licenciados, por razões de currículo profissional não necessitam de proceder a descrita adequação para obter o mestrado: Membros de bandas de Charming Punk Rock e amigos, Guerreiros Niitsumy, Yetis e o Licínio Chispes, caso se decida por andar calçado (também) no Verão.

quinta-feira, julho 20, 2006

Crónica de Costumes por Pipoca Camurça – Chegou o Verão

Olá meus queridos. O Verão chegou e os corpos andam quentes. Tão quentes que é vê-los a beber cerveja como se fossem camelos a beber água. Depois admirem-se de andar bêbados por ai a fazer figuras tristes. Como a Maria Albertina que armou um tal escabeche à porta da Tasca do Azedo que tiveram que chamar os bombeiros. O marido dela com medo de levar alguma trancada da mulher subiu a um poste de iluminação pública, depois não conseguiu descer sem ajuda.

A Praia dos Tesos, local de veraneio da socialite da região, foi palco da primeira festa de Verão de 2006. A coisa até estava a correr bem, mas por volta da meia-noite terminou o bailarico. Uns ciganos acampados mesmo ali ao lado começaram a correr com pessoal à pedrada. Coitados, queriam dormir, na manhã seguinte era dia de trabalho na Feira da Moita.

Quem não parece a mesma é a Litinha Marreca. Perdeu cerca de 30 quilos, já só tem 102 agora!! Tive com ela ontem na mercearia e ela disse-me que anda num médico em Lisboa. No entanto desconfia-se que o resultado é fruto de, para além do marido, ter mais 3 amantes!!

Quem apareceu francamente mal vestida, no baile da Pinha, foi a Rogéria Almeida. Uma verdadeira vergonha. Nem sequer se dignou a ir arranjar o cabelo. E o vestido, embora fosse da banca da Marianita, era claramente da colecção de 2003. Da mulher do Rei dos Canivetes esperava-se mais. Especialmente depois de se saber que o marido anda a “adorná-la” com a afilhada do Tio Bento.

Por agora despeço-me. Vou para junto do meu Zé na sua barraquita de férias na Quinta da Fonte da Prata. Parece que este ano há menos mosquitos, dou graças às descargas das fábricas por isso. Beijocas fofas.


Pipoca Carmurça, 1ª Dama da Ilha do Rato

terça-feira, julho 18, 2006

Receitas com Chispes – O regresso do Licínio Chispes

Pois é pessoal!! Já lá vão meses desde a última vez que pus os pés (salvo seja!!!) neste Blog. Fico honrado, e até ligeiramente possuído por uma aragem de comoção, com esta lembrança do Talk Talk.
O rapaz, apesar dos tiques de vedetismo, não esquece aqueles que o têm ajudado a projectar-se como ícone da blogosfera. Estou-lhe agradecido, ainda por cima nesta difícil fase que atravesso. Não é fácil conviver com as outras pessoas com este calor. Especialmente para quem é alérgico à água como eu! O natural cheiro a queijo da Serra que resvala da base dos meus membros inferiores nas temperaturas amenas, transforma-se agora em algo bastante mais poderoso. Algo que um conhecido intelectual da nossa praça oportunamente classificou de “Chulé Apocalíptico”.
Bem sei que o especialista nas Artes da Sedução é o Zé Caxias. Mas eu também sei uma coisa ou duas. E hoje é sobre esse assunto que venho opinar, mais concretamente sobre a difícil e incompreendida arte do piropo.
Cada piropo deve ser uma obra-prima. Irrepetível. Instintivo. Desinteressado. Só assim atinge o seu objectivo, que é o arrebatamento feminino. Deixo-vos com alguns piropos criados por mim e utilizados ao longo da minha vida com assinalável sucesso:
- Não escondas os sovacos. Os pêlos que deles germinam, embora pareçam a selva Amazónica, não são suficientes para esconder esse belo corpinho.
- Se tivesses todos os dentes da frente tinhas um bonito sorriso!
- Não há aqui moça tão bonita como tu. Espera lá… pronto quer dizer, és a segunda mais gira aqui do baile…
- Não és nada gorda… és é um bocado roliça… a seguir às magras as que gosto mais são as roliças.
- Uau… danças mesmo bem, tens muita energia!!! Não é nada comum na tua idade!

Licínio Chispes

terça-feira, julho 11, 2006

O Ópio do Povo na época dos Descobrimentos.


Passear pelas ruelas, tabernas e tascas duma cidade portuguesa dos fins do século XV não teria sido muito diferente daquilo que hoje podemos desfrutar.
É claro que o futebol ainda não existia, sendo a famosa modalidade Os Descobrimentos, vulgarmente chamada pelas gentes de “Cabra Cega Marítima”o entretém do povo da época. Como tal, em vez das bandeiras verdes e vermelhas tínhamos as bandeiras de fundo branco com a coroa a decorar janelas e varandas, em vez de posters com os jogadores da selecção ou dos clubes de eleição tínhamos quadros com as caras dos navegadores preferidos. Mas as conversas, salvo as devidas adaptações eram muito similares. Não é difícil imaginá-las:
Tipo 1 - Então Peres que me dizes? Com que então o Bartolomeu não presta hã? Lá se foi o Adamastor…
Tipo 2 - Ah isso foi sorte pá. Queria vê-lo era a fazer as façanhas do grande Vascão!!
Tipo 1 - Que façanhas?! Ahahahahah, não me faças rir pá…és um faccioso!!
Tipo 2 – Ri-te ri-te! Vais ver se não é desta que o gajo chega à Índia.
Tipo 1 – À Índia?! Com aquela tripulação de coxos?! Só se o vento e as correntes o ajudarem e mesmo assim…
Tipo 3 – Desculpem interromper, mas … já não se fazem navegadores como no antigamente. Antes é que era meus amigos. Numa casquita de noz e com meia dúzia de tuberculosos íamos longe. Agora? Agora é só tecnologias e fama pá….
Tipo 1– Essa é que é essa!!
Tipo 2 – É o quê!! Vocês são uns saudosistas. O Vascão é o maior!!! (cantarolando) Tiro a boina e curvo-me respeitosamente só pra ti, Vasco Vasco, tiro a boina e curvo-me respeitosamente só pra ti, Vasco Olé, Vasco Olé, Vasco Olé, tiro a boina…

sexta-feira, junho 30, 2006

Missão: Impossível – 7º Parte

A comissão começava a desconfiar que tudo aquilo não passava duma fraude! Bem montada, mas uma fraude. Mike começava a sentir o cheiro da vitória. Encoberto talvez pelo odor da transpiração do Bodega e pelo amoníaco, mas mesmo assim cheirava-lhe a vitória. Inspirado, decidiu então lançar a sua última arma. Uma pergunta que ninguém estava preparado para responder:
- Bodega, como é que uma Anta, supostamente pré-histórica, depositada sobre material do séc. XX pode ser considerada Património Histórico? Ou será que o Homem pré-histórico sobreviveu até aos dias de hoje e pode ser encontrado neste local?
A risada foi geral. Eu também me ri. Não é que costume rir quando estou nervoso, mas achei que rindo-me contribuiria para que se esquecessem que Pedrito Bodega teria que responder a essa questão. Em vão! Quando acabou a risota toda a gente olhou para o Bodega aguardando uma resposta.
- Bem… eu… quer dizer….ah… bom..
- Pergunta interessante essa – Interveio Stylish, tentando salvar o momento - Ainda bem que perguntou meu caro Benquisto. Questionar faz parte da natureza humana, cada questão insere em si causas e consequências inerentes a algo que me parece pertinente. Blablabla blabla blablablabla blabla blablablabla blabla blablablabla blabla …
O pessoal parecia entretido. Envolvidos pelas palavras de Stylish, ditas de forma pausada, suave e num volume quase imperceptível. No entanto havia algo que os fazia acreditar nelas. Claro que aquilo não iria durar sempre. Talvez três, quatro horas, mas não eternamente. Alguma ideia genial teria que surgir para nos safar desta situação. É então que algo inesperado surge. Vindo da direcção da Anta aproximava-se um hominídeo semi-nu, com apenas uma tanga em tom de pele de tigre. Tinha sem dúvida um ar grotesco. A forma como caminhava era a de um animal selvagem, a pelugem corporal fez-me recordar uma tarde passada no Jardim Zoológico, quando lancei amendoins na direcção da jaula dos orangotangos. Toda a gente pareceu assustada. Apenas eu o estava a reconhecer. Era o Charm! Numa jogada de génio o nosso companheiro de armas parecia virar a peleja a nosso favor.
- Estão a ver!! – gritei eu – Ali está. Ainda há Cro-Magnons no Barreiro!!
- Pois claro que há! – disse um Pedrito Bodega entusiasmado – Aliás, há registos que o indicam, há registos que o indicam!
Todos fugiram a sete pés. A comissão, após este susto, iria concerteza embargar a obra, protegendo esta espécie, que se julgava extinta à milhares de anos!
Eu, Pedrito, Stylish e Seducer aguardávamos o herói do dia. Como ar totalmente desinteressado, Charm chegou até nós.
- Então pessoal, onde foi a malta toda? Desistiram?
- És um maior Charm. Conseguiste pá. Os gajos pensaram que tu eras um Homem das Cavernas e fugiram com cagaço. Foste genial!
- Genial?! Homem das Cavernas? Estás louco pá. Empresta mas é ai as chaves do carro que eu esqueci-me do protector solar. A Lili diz que está a sentir o Sol a queimar. Quer que eu lhe besunte os costados!!


FIM

sexta-feira, junho 23, 2006

Missão: Impossível – 6º Parte

A notícia da Anta, instalada na Bacia intermédia dos Depósitos de Gesso, correu veloz, espalhando-se como uma praga de gafanhotos no deserto.
Nós, grupo Missão Impossível, agora inteligentemente denominado Colectivo Choco Frito XXII, tratámos de enviar para as entidades competentes uma petição a pedir o embargo das obras de Mike Benquisto. Com o apoio técnico de Pedrito Bodega, nosso especialista em História, Arqueologia, Sociologia, Antropologia, Dominólogia e outras artes e ciências, contávamos com o sucesso desta 3ª e ultima parte da operação.
Os cépticos estranhavam o facto de nunca ninguém ter dado pela Anta e, principalmente por estar colocada sobre toneladas de gesso, material ali depositado em Eras muito posteriores à da Anta!!
Uma desmesurada comitiva recebeu a vinda dos homens do Património Nacional. Eles próprio constituíam um numeroso grupo de especialistas em diversas áreas, como arqueólogos, historiadores, psicólogos, advogados, contorcionistas, instaladores de agrafos, etc. Da parte de quem os recebia estava o interessado Benquisto e seus capangas, o Directivo (nós), Pedrito Bodega, políticos da região, curiosos e outras personalidades.
Pedrito vez as honras apresentando o monumento com um breve discurso sobre a importância arqueológica e cultural para a região.
A maioria estava impressionadíssima, mas haviam alguns cépticos. Entre eles Benquisto que bombardeou Bodega com uma série de questões.
- Diga-me lá Sr. Bodega, como é que aparece uma Anta assim da noite para o dia?
- Oh meu caro, ainda você não era nascido e isto já aqui estava! Se calhar você nunca a tinha visto por causa da neblina do rio…
A discussão prosseguia. Entretanto Charm, um impaciente por natureza, reparou na doce assessora que acompanhava a comitiva da Instituição do Património. Troca de olhares e o “charme do Charm” começou a surtir efeito. Em poucos minutos lá se deslocaram eles na direcção da praia ali ao lado.
- Onde é que vais pá? – perguntei-lhe eu com a minha natural falsa serenidade.
- Vou banhar-me ali nas águas, já venho.
- Já vens?! - Eu nem queria acreditar. A missão num momento-chave e aquele gajo decide ir mostrar o “reservatório” de esgoto da região à moçoila!

terça-feira, junho 20, 2006

Missão: Impossível – 5º Parte

Na hora combinada lá estava Chispes com o material solicitado: dois batelões (também conhecidos por “Os chinelos do Chispes”), dois botes de borracha do Jumbo, remos, pomada para os calos, jeropiga, cordas e as duas retro-escavadoras do Mestre Santos.
A brisa trazida pela subida da maré, acompanhada da chegada da noite, fazia da praia do Rosarinho um local inóspito. O objectivo encontrava-se no outro lado do braço de rio, os montes brancos de gesso, protegidos a tardoz pelas chaminés fabris, resultavam numa paisagem única.
A colocação dos calhaus nos batelões revelou-se uma tarefa hercúlea. A tentativa de não dar nas vistas foi quase infrutífera. Valeu-nos a hora ser a da novela, o que fez com que a curiosidade dos populares não fosse revelada.
Rebel remando num bote e Crazy Charm no outro, rumaram sem grandes demoras até aos Depósitos de Gesso. Enquanto isso, eu e Stylish comandava-mos a frota terrestre de duas Retro até ao mesmo local.
Existem duas entradas terrestres para o local. Uma a norte, vigiada pela Segurança das Fábricas, outra a Sul, numa enorme brecha existente no muro, protegida pelos lodos, pelos canaviais e pelas barracas de férias de ilustres figuras da terra. A hipótese dois foi a escolhida. Com o terreno preparado para a passagem das máquinas, lá entrámos nós nos depósitos de gesso.
Os depósitos de gesso ocupam uma área de 10 hectares, possuindo três denominadas bacias, que fazem lembrar arenas. Na bacia intermédia iríamos colocar a Anta. Subindo ao morro nascente da bacia lá vislumbramos os dois batelões, quase a aportar na praia junto a nós.
Passaram cerca de duas horas até o trabalho estar concluído. Bem no centro da bacia, jazia altiva, a única Anta (de pedra) da Margem Sul.
A primeira parte da missão estava cumprida. No dia seguinte era altura de ir aparar as sobrancelhas ao estabelecimento do Toni Barbeiro. Ali, local de divulgação jornalística, lançar-se-ia o boato. Em poucos dias a rapaziada do Património Nacional iria concerteza embargar as obras do Mike Benquisto.

terça-feira, junho 13, 2006

Missão: Impossível – 4º Parte

O tempo escasseava. Cada dia que passava, mais Benquisto se aproximava dos seus objectivos. Tinha obtido autorização para ali, na zona de Depósito de Gessos, rodeado de fábricas, lodos e rio, afastado das zonas populacionais, construir uma Loja dos Trezentos. Uma vergonhosa fachada! Era ridículo demais para ser verdade. Toda a gente sabe que o que está a dar agora são as Lojas dos Chineses, já ninguém vai ás Lojas dos Trezentos portuguesas.
O tipo, um vigarista reconhecido, quer é arranjar uma plataforma para se instalar na vizinha Ilha do Rato, assumindo uma posição estratégica na geopolítica local.
Para evitar-mos tal coisa só nos restava provar que aquilo é uma zona onde nada pode ser construído.
Primeiro pensei em arranjar qualquer “bicheza” assim mais exótica, colocá-la no local e depois dizer que ali é um nicho natural da espécie, que não pode ser destruído. Só depois me lembrei que os bichos mais exóticos não devem aguentar muito tempo com o cheiro do amoníaco. O tempo que demoraria a ir chamar o pessoal do Ambiente dava para extinguir mais de uma dúzia de espécies com as descargas das fábricas.
A solução passaria pela História. Sim… iríamos fazer dos Depósitos de Gesso uma santuário histórico… E para isso nada como uma Anta!!! São fáceis de forjar (basta alguns calhaus gigantes amontoados)… existem às centenas pelo país e têm um peso (histórico e físico) indestrutível.
Alugados três tractores da Cooperativa dos Amoladores de Pedra-pomes do Sul foi tempo de rumar ao Alto Alentejo e ir pedir emprestada a Anta existente na Quinta do primo do Chispes, o Jorge Bagaceira.
Com a promessa de que a devolveríamos antes do Inverno, para que as cabras se protegessem da chuva quando andassem no pastoreio, e com o fornecimento da colecção do cromos do Itália 90, autografada pelo João Raimundo, ponta-de-lança dos Juvenis do Sporting de Alburrica na época, lá conseguimos trazer os calhaus.
Difícil seria agora levá-los até aos Depósitos de Gesso. Mas também é por isso que isto se chama Missão Impossível.

quinta-feira, junho 08, 2006

Missão: Impossível – 3º Parte

Não conhecia o Café do Kalu, situado numa rua escondida da “Nova” Fonte da Prata. No entanto ao entrar pela primeira vez senti que já lá tinha estado. Talvez numa outra vida, ou então durante uma qualquer rambóia esquecida pelos efeitos do álcool e pela escabrosa passagem do tempo. As bandeiras de Angola e de Portugal (com os seus característicos pagodes chineses a fazer de torres), decoravam o suporte da enorme televisão. Um boneco nu, munido dum cachecol do Benfica, a fazer um manguito, instalado sobre o aparelho completava o ramalhete futebolesco.
Pretendia encontrar Charm. Mas o dia era de sorte, para além do Charm também lá estava o Seducer. Eram dois coelhos numa cajadada, ou como diria a minha Anuska, duas lebres num cajado!
Estavam sentados nos bancos junto ao balcão, bebendo cerveja e petiscando umas azeitonas. Charm, nome de código: Xarope Pá Tosse, viu-me pelo espelho e desviou o olhar, nas esperança que eu não o tivesse visto. Seducer, nome de código: O Leiteiro, nem reparou na minha aproximação, entretido que estava a contar os caroços de azeitona.
- Olá pessoal. Como é que é? Tudo bem?
- Ah Talk… tudo fixe? Nem tinha reparado que aqui estavas… - Disse Charm.
- Grande Talk, nunca aqui te tinha visto… - Acrescentou o Seducer.
- Pessoal, vim cá de propósito porque quero que vocês façam parte duma missão…
- Missão?! Fixe, já estava com saudades dessas aventuras. Nunca mais me esqueço da vez em que fomos resgatar a mula da Tia Joaquina ao quintal do Toni Barbeiro…. – Disse entusiasmado o Seducer.
- Não contes comigo – Retorquiu o Charm – I´m out! Já não me meto nessas “cowboyadas”.
- Nem para proteger a Ilha do Rato?
- Proteger do quê? Dos mosquitos e das tainhas? Andas a fumar cascas de tremoço estragadas pá!! Vocês são mas é malucos! Não contes comigo. Esquece. Nada me fará mudar de opinião…
- Nem mesmo este DVD pirata de Os Jovens Heróis de Shaolin?
- Legendado em português? – Perguntou o Charm – É que o mandarim é uma língua difícil de entender…
- Sim sim, claro! – respondi-lhe eu.
- Ok, conta comigo. I´m in.

segunda-feira, junho 05, 2006

Missão: Impossível – 2º Parte

Hoje em dia não é fácil formar uma equipa. Nem para fazer uma jogatana de futebol salão, quanto mais para realizar uma missão ultra-secreta com o intuito de resolver uma tramóia de âmbito internacional, pondo em risco a própria integridade física.
O primeiro objectivo era convencer Stylish, nome de código: Anjo do Amoníaco. Treinado em ambientes agressivos, teórico de piscinas, especialista em missões como infiltrado. Marcámos um encontro no sitio do costume, o campo de basquete. O objectivo era não dar nas vistas, e para isso nada melhor do que conversarmos enquanto lançávamos umas bolas ao cesto.
Estranhei o atraso de 20 minutos. Não era seu costume chegar tão adiantado. Denunciava alguma ansiedade. Vinha, segundo os seus padrões, vestido de forma apropriada para a ocasião. Botas, camisa preta, calções pretos e claro, boné branco e óculos escuros para se proteger do sol.
Após os normais cumprimentos, começámos a conversar e a fazer uns lançamentos.
- Bem Stylish, o Chispes deu-me uma missão. Queria que fizesses parte da equipa.
- Eu já não estou no activo. Não me metas nisso pá.
- Querem destruir o Gesso…
- O quê?
- O Benquisto anda a tramar das suas. Vai fazer daquilo um quartel-general. Já estás a ver para quê não é?
- Para ter um melhor acesso à praia da Barra-a-Barra e fazer uns piqueniques com as moçoilas?
- Não pá. Para atacar a Ilha do Rato!
- Bem Talk… então conta comigo…
Nisto surgiram dois indivíduos no campo de basquete. Vinham munidos dum grande transístor, donde brotava o som dum Rap dos anos 80, desse grande vulto da música, Vanilla Ice. Vinham ambos vestidos à hip hop. Um era o Chico Ice Man, o outro não conheci, mas também tinha ar de ter feito o liceu (tal como o Chico) há já muitos anos.
- Hey Yo!! – Exclamou o Jaquim sempre a rappar– Quero desafiar-vos para um jogo. Até aos 20. Quem ganhar é chefe e senhor deste cubículo, yo.
Não conhecia esta faceta do Chico. Também não sabia que jogava basquete, pelo menos que jogava assim tão mal. Em pouco mais de 15 minutos, eu e o Stylish conquistámos o titulo de “chefes do cúbiculo”.

quinta-feira, junho 01, 2006

Missão: Impossível – 1º Parte

Nunca entendi os devoradores de amendoins, especialmente quando há tremoços para acompanhar a cerveja. O tipo que se encontrava sentado na mesa à minha frente, acompanhado duma telefonia ligada e duma marioneta com a figura do Pinóquio, não parava de devorar aquele fruto seco, ao mesmo tempo que seguia com um olhar arregalado todas as raparigas (e rapazes) que cruzavam a esplanada.
Mas… não era isso que me ali me trazia. Licínio Chispes, nome de código: Patas d´Urso, tinha-me mandado um SMS. Queria falar-me com urgência.
A sua chegada foi tudo menos discreta. Eu estava sentado no meio da esplanada. Licínio veio de norte. Quando entrei em contacto visual com ele, encontrava-se a 20 metros de mim, entre nós haveria cerca de 4 mesas com cadeiras, quase todas vazias. Nenhuma manteve a mesma posição após a sua passagem.
- Boas Talk!
- Olá Chispes. Que se passa?
- Como sabes não podemos falar abertamente. Bebe isto, já vais perceber…
- O que é isso? Alguma nova tecnologia?
- Sim… não, quer dizer… é Pepsi… bebe, vá lá…
- Pepsi?! Mas tu sabes o que me acontece quando bebo Pepsi?!
- Sei. E é mesmo por isso… depois segue os teus instintos…
“Cum catano!!”, pensei enquanto descia velozmente a escadaria de acesso ao W.C. “Vou conseguir… vou conseguir… já estou lá quase… “ pensava eu. Foi por um triz!! Já confortavelmente instalado na sanita e deveras aliviado dei inicio a um processo que me levaria à descoberta de toda aquela tramóia do Chispes. E agora? Qual seria o próximo passo? Ao tentar utilizar o papel higiénico descobri a resposta. O papel, à medida que era desenrolado, continha a seguinte mensagem:
“Bom dia Talk. Sabes o que os Depósitos de Gesso, no Lavradio, bem de frente para a nossa amada Ilha do Rato, representam para nós. Mike Benquisto, conhecido traficante de caricas e rolhas de plástico, tem um plano maquiavélico para a zona. Tenciona fazer da área o seu quartel-general, criando um ponto estratégico para conquistar a Ilha do Rato. A tua missão, caso a aceites, é destruir os seus intentos. Mais uma vez se tu, ou qualquer membro da tua equipa for apanhado, a Agência negará qualquer ligação a vocês. A mensagem destruir-se-á à medida que fores limpando o traseiro. Boa sorte Talk!"

terça-feira, maio 30, 2006

Porque a bola é redonda – A alimentação

Esta crónica é para ti. Sim jovem, para ti que apesar de seres um imberbe balofo, que passa a vida a jogar computador e a comer pizzas e hambúrgueres, tens o sonho de vir a ser um dia um jogador de futebol. É importante saberes que não basta teres toque de bola, seres sobrinho do Presidente do Clube, ou teres um penteado à líder dum gang da Cova da Moura. Também é necessário muito trabalho, muita dedicação e em especial teres cuidado com aquilo que comes.
A alimentação dum futebolista é a etapa mais importante para subires os degraus do sucesso. Comer bem é o que fará a diferença entre chegares ao último andar do edifício da glória ou tropeçares e vires ao rebolão por ai abaixo, até partires a espinha algures entre o rés-do-chão e a cave.
De manhã aconselho uma boa gemada. Quatro a cinco ovos crus, bem batidos e com três ou quatro pacotinhos de açúcar para adocicar o sabor. É uma entrada no dia à campeão!!!
A meio da manhã, nada como uma carcaça de pão com torresmos, porque proporciona aconchego ao estômago e principalmente porque fornece aos músculos e tendões a mobilidade necessária à prática do exercício físico. O almoço convém ser bem composto. Se já tiveres mais de 11 anos podes beber um copo de vinho tinto que não faz mal nenhum a ninguém. Se treinares a seguir ao almoço convém beberes um bagacinho para fazeres melhor a digestão. Não vamos querer que vomites no pelado, certo?
Ao lanche está mais que na hora de ingerires os hidratos de carbono necessários a compensares as perdas de água no treino. A cevada da cerveja é boa para isso. O tremoço e o caracol também.
Por fim e para rematar, um jantar rico em vitamina. É nas vitaminas que vais buscar as forças para correres atrás dos adversários, fazer rasteiras, dar encontrões, cuspires a longa distância. Há uns comprimidos bons para isso nas farmácias. Agora também se vendem nos hiper-mercados.
Aqui tens umas dicas, aproveita-as e já sabes… trabalho e mais trabalho e quiçá um dia venhas a ser um grande jogador, cujo nome ecoará pelos pelados da região.
Escrito por “Facadas” Canhoto, Treinador de Futebol

terça-feira, maio 16, 2006

As noites culturais da Vinha das Pedras

Por vezes esqueço que não só de charme punk rockeiro se faz a cultura. E para me recordar disso nada melhor do que uma visita, todas as 4ª feiras, depois das 11 da noite, ao café do Fernando, meu primo em 3º grau.
Para além das caracoladas acompanhadas de “mines” e reflexões profundas sobre o mundo da bola, há lugar à poesia. Quem tiver coragem e algum equilíbrio (e/ou domínio sobre a cerveja) pode subir a um palanque situado num canto e dissertar palavras recheadas de sabedoria e sentimentos.
“Facadas” Canhoto, conhecido treinador de futebol/poeta popular da nossa praça foi um dos intervenientes da última noite. Fiquem com esta pérola:

Com as cuecas da Maria
Eu mandei fazer uma vela
E enquanto a maré subia
Zarpei num barco com ela

Mandei a Maria prá proa
E ela por lá se sentou
Encheu-se de água a canoa
10 metros depois naufragou

Coberta de lodo e zangada
Culpava a rigidez da jangada
Quis bater-me com um bastão
Não vendo o lado da razão

Mas que culpa posso ter
Que a barcaça naufragada
Fosse construída pra suster
No máximo meia-tonelada?

quarta-feira, maio 10, 2006

Crónicas do Zé Caxias – Já temos 1ª Dama!!!

Amigos, peço-vos desculpa pelos longos meses em que estive ausente. Acredito ter sido penosa a vossa espera, mas por agora compensar-vos-ei com a minha assídua presença.
O meu indesejado afastamento teve uma razão.
Foi o Amor. Sim, Zé Caxias, o eterno namoradinho da Fonte da Prata, o solteirão mais desejado no Além Tejo, entre as estradas nacionais 10 e 11 até ao cruzamento de Coina, ficou finalmente apanhadinho.
A felizarda é a rainha da socialite banheirense, Pipoca Camurça. Conservada como a sardinha enlatada, de peitos fartos a lembrar balões de ar em fim de festa, traseiro desproporcionalmente grandioso mas incapaz de lhe retirar a agilidade dum porco adulto.
Foi amor à primeira vista. Quando a vi a dançar na festa da Pinha da Colectividade do Alto da Serra, senti algo em mim que nem sei descrever. Aproximei-me com a destreza que me caracteriza, olhar de lince, andar de gingão, sorriso de charme patético. Tocava na altura um hit de Quim Barreiros “Põe o carro, tira o carro…”. “Oi garota”, sussurrei-lhe ao ouvido, “a tua garagem tem capacidade para o meu camião TIR?”. “Camião TIR?!” duvidou ela, “só se for da Loja dos Chineses”. “Olha que na China é tudo em grande minha doce Princesa da Volúpia”, retorqui eu, “deixa-me ser o teu Chinês Limpa-o-pó, deixa-me acabar com as teias de aranha da tua “casa” há anos abandonada”. Foi o principio da relação. A Ilha do Rato descobriu finalmente a sua Primeira Dama.

Zé Caxias, Barão da Ilha do Rato.

quinta-feira, abril 27, 2006

Talk´s Show – Crazy Charm, co-fundador do Mito!!!

Desta vez a entrevista decorreu de maneira diferente. Foi presencial. Como não sou jornalista, não tendo gravador ou paciência para ir tirando notas, a transcrição que aqui vos deixo é de memória, talvez um pouco romanceada e de certa maneira influenciada pelo ambiente psico-chármico (ou se calhar foram as margaritas) criado durante a conversa.

Foi num Restaurante Mexicano que combinámos de nos encontrar. Cheguei em cima da hora, mesmo a tempo de apanhar o Crazy Charm no balcão a beber uma margarita ao mesmo tempo que, qual explorador das densas florestas tropicais, esgravatava freneticamente as entranhas nasais, em busca talvez da Arca Perdida, ou muito provavelmente de um burrié mais furtivo, que teimava em escapulir-lhe, escondido na penugem farta.
A nossa conversa decorreu calmamente ao som das músicas de Marco Pollo e seus muchachos e ao sabor das iguarias sul-americanas que, não sendo de todo más, ficam aquém dos queijos de Nisa ou de um bom pão com manteiga. Pelo menos até ao picante “três bombas” começar a surtir efeito, a conversa deambulou entre o passado, o presente e o futuro.
Talk Talk - Amigo Crazy Charm, porque é que achas que se formaram os I-Glamour?
Crazy Charm – E porque é tem que haver um motivo? E porque não?
Talk Talk – Sim… mas…e conta lá como foi?
Crazy Charm – Se bem me recordo, um tal de Talk Talk andava por lá na altura. Não percebo porque é que me perguntas uma coisa dessas agora pá … sei lá eu!!!
Talk Talk – Olha lá pá… esta batida não te lembra nada? – Disse-lhe eu ao escutar mais um hit do Marco Pollo…
Crazy Charm – Hum… näo.
Talk Talk – É aquela do Dani Silva, o “Toino Descadeirado”…
Crazy Charm – Não estou a ver qual é…
Talk Talk – “Olha o Toino descadeirado, descadeirado, descadeirado…” – cantei-lhe eu ao mesmo tempo que movia os meus ombros, um de cada vez, para a frente e para trás.
Crazy Crazy – Ah!! Já estou a ver…
Nisto começamos ambos a cantar o refrão e a fazer a coreografia com os ombros. A moça que nos servia, espantada, chegou até nós e perguntou se estava tudo bem. “Sim” disse-lhe eu com um sorriso, “está tudo bem, é que sabe…. esta música parece uma do Dani Silva…”, “Ah…” respondeu a rapariga enquanto se afastava.
De facto estava tudo bem. Mas esse bem-estar durou muito pouco tempo. O sinal de que tinha terminado foi dado por um estranho som produzido pelas minhas entranhas, extravasando numa apoteótica viagem até ao W.C. que durou mais de meia-hora. Estava findada mais uma entrevista, mais um episódio deste já lendário Talk´s Show.

terça-feira, abril 18, 2006

O Fim da Pirataria nos Mares da Palha

O “Lenita do Coina” fez a sua última incursão nas revoltas águas do Tejo. Albino Calhau, eterno comandante da mais famosa embarcação do Canal do Coina, decidiu aposentar-se em definitivo destas lides, deixando um vazio irrecuperável nas artes da marinharia pirata.
O “Lenita”, outrora terror de cacilheiros e canoas desportivas, fará agora parte do espólio museológico da associação desportiva dos Caçadores de Gambozinos da Mata da Machada, da qual Albino é sócio fundador. Será colocado em doca seca, podendo ser visitado às quintas terças-feiras do mês, com excepção de Julho, Agosto e Dezembro, e de acordo com uma marcação no mínimo com 35 dias úteis de antecedência.
De todas as histórias que se poderiam contar sobre este navio e os seus tripulantes existe uma que merece aqui uma menção especial. Estávamos no ano de 1999. Encalhado pela baixa da maré há mais de 4 horas, uma grande discussão entre os membros da tripulação incendiava as hostes. Albino acusava o seu Imediato, Bafo de Cabresto, de estar por detrás daquele engano que lhes provocara aquela embaraçosa situação. Bafo de Cabresto e mais alguns tripulantes decidiram amotinar-se e lançaram o comandante borda fora. A maré entretanto mais subida permitiu a navegação e também possibilitou o regresso de Albino a terra, nadando no seu famoso estilo à cão. Chegado a casa, Albino contou o sucedido à mulher, Dona Maria a “Comporta” de Alhos Vedros. Esta irada com o que tinham feito ao seu marido, tomou a decisão de ir recuperar a barcaça. Pedindo emprestado um bote de borracha e recorrendo a duas colheres de pau a fazer de remos, navegou sozinha até ao navio pirata amotinado. Já no interior da barcaça desafiou Bafo de Cabresto para um duelo. Após a ingestão de 5 bagaços, os oponentes defrontar-se-iam num braço de ferro. Não chegou a haver confronto, ao terceiro bagaço Cabresto já encharcado em cerveja, caiu como um tordo no chão do convés. Vitoriosa, Dona Maria obrigou a tripulação a jurar fidelidade a Albino Calhau. Cabresto e seus apoiantes foram escorraçados, estando hoje em dia ao que consta, desempregados e a viver do rendimento mínimo. Dona Maria ficou conhecida (e ainda hoje assim é tratada) por “Comandanta Comporta”, a Padeira do Mar da Palha.

segunda-feira, abril 10, 2006

Porque a bola é redonda – Os treinos

Grandes gurus do exercício físico têm dissertado opiniões sobre como, quando e onde devem ser ministradas determinadas metodologias de treino. Beto Moreira, treinador do Real Banheirense na década de 80, responsável pela manutenção da equipa na 3ª Divisão Distrital durante 5 anos, escreveu num artigo publicado nos muros da antiga Corticeira que dizia o seguinte: “Vamos correr com a escumalha!!! Vamos dar a volta a isto”. Ora aqui está um método que aplico há vários anos. Escumalha, vulgarmente conhecida por escória, é fácil de arranjar por aí. Depois é só colocar a rapaziada a correr no perímetro do edifício em ruínas, com sacas de 20 quilos daquele desperdício às costas. Embora com alguns efeitos contra-producentes como a dor na espinha e as alergias, é um exercício óptimo para oxigenar os pulmões, ganhar cabedal e calejar os ombros.
Outro grande mestre foi o Mister Sousa. Chegou a ser meu treinador nas camadas jovens do Fonte Pratense. Anos mais tarde tornou-se olheiro ao serviço de grandes clubes da 3ª Divisão, chegando mesmo a ser apelidado por Velha Raposa. Não porque fosse manhoso, mas sim porque era já um tipo septuagenário e tinha umas orelhas desmedidas. Dele retiro esse grande método de treino físico, denominado “O Trolha”. Mister Sousa tinha uma pequena empresa de construção civil e punha a malta a trabalhar para ele. Era um bom negócio para ambos. Ele não pagava ordenados e nós treinávamos e aprendíamos uma profissão em simultâneo. Eu não tenho qualquer empresa de construção civil. É por isso que hoje em dia não posso aplicar esse método aos meus atletas. Talvez para o ano, quando pensar em construir uma casita no terreno que tenho lá para os lados da Lagoinha.

Escrito por “Facadas” Canhoto, Treinador de Futebol

sexta-feira, abril 07, 2006

Talk´s Show – Copa-rota, um dos pioneiros visitantes dos I-Glamour

Revirando o Blog I-Glamour e o Blog do Copa-rota do avesso, lá descobri o nosso primeiro contacto. Foi num post sobre os Cinco Violinos escrito por ele, em que eu fui lá fazer um comentário. Nunca o vi mais gordo. A opinião que tenho dele foi sendo construída pelos seus posts, pelas trocas de comentários fomos fazendo. E não podia ser melhor essa opinião, considerando-o já um amigo.


Talk Talk - Quando entraste pela primeira vez no Blog I-Glamour, o que te veio à cabeça?
Copa-rota - Sinceramente, Talk...?Pensei para comigo: Serão estes tipos, os salvadores do mundo ...?Algum género de "Messias"...?Ou são apenas mais uma fraude...?

Talk Talk - Sportinguista e Portuense. Tens noção que és duma espécie rara? Como foi isso acontecer?
Copa-rota - Espécie rara...? Talvez...mas prefiro pensar no S.C.P. e na cidade do Porto como duas mulheres distintas...ambas são belas e capazes de suscitar em mim um fascínio idêntico. No entanto, julgo que tudo teve origem no meu Pai, também ele foi um Sportinguista fervoroso. Recordo as histórias sobre os 5 violinos que tão efusivamente ele nos contava durante as refeições...Ah!...o meu Pai!...Que saudades!...Foi um homem extraordinário! Uma ocasião, recordo-me de o ter ouvido contar que tinha estabelecido contacto com extra-terrestres...bem, mas isso é outra história...penso que não deve ter tido influência nas minhas preferências futebolísticas.

Talk Talk - Os teus textos transpiram romantismo. És um homem romântico ou faz tudo parte duma estratégia de charme e sedução?
Copa-rota - Sim, Talk...de facto, existe uma boa fatia de romantismo em mim...Mas quando esse romantismo acontece, manifesta-se de uma forma explosiva...espontânea. No entanto, não vou negar que me sinto feliz e privilegiado quando esse romantismo se repercute em charme e sedução.


Talk Talk - Comecei a ouvir Jazz por tua culpa e por culpa do Suga-mentes. A minha mulher “agradece-vos” por isso. Como nasceu esse bichinho?
Copa-rota - É com imenso prazer que te ouço dizer isso!...Fico feliz ao saber que contribuí para algo positivo. Parabéns à tua esposa, Talk...parece-me que ela tem bom gosto...e paciência(risos) O "bichinho" do jazz, nasce com o "Suga-Mentes", figura carismática e controversa, dotado de um grande poder de persuasão...talvez tenha sido a única coisa que aprendi com ele...é um tipo impecável, só lhe vejo um defeito:"A dificuldade em assumir a sua paixão pelo Sporting..."Deixo um abraço para ele, posso?

Talk Talk - Como é que imaginas o tipo por detrás do Talk Talk?
Copa-rota - Epá!...Essa é difícil!...Sei lá, conheço-te pouco...mas considero-te um tipo "ás direitas",razoável, criativo, inteligente e "corajoso"...(para casar hoje em dia é preciso coragem, (risos))mas como somos ambos Sportinguistas, as minha análise torna-se pouco credível. Também cheguei a pensar que tu e o Orfeu eram a mesma pessoa....assim uma espécie de "dupla personalidade”!.(risos)

quarta-feira, abril 05, 2006

III Encontro de Charming Punk Rock

Ontem na Quinta do Cajó, condomínio fechado de barracas à beira Tejo, com vista privilegiada para a Ilha do Rato, deu-se o III Encontro de Músicos e Bandas do Charming Punk Rock da Margem Sul. Este acontecimento musical, que ocorre anualmente, foi mais uma vez um estrondoso sucesso. A Organização contava com cerca de 10 participantes, no entanto e graças ao bom tempo e ao boato lançado de que haveria uma sessão de autógrafos com a Merche Romero, atingiu-se o fantástico número de 17 inscrições.
Para além dos membros dos I-Glamour e alguns amigos, contámos com a presença dos Tromba Lovers e ainda com os Feijão Frades.
Os Tromba Lovers, não estando propriamente na senda do charming punk rock, têm uma ligação profunda ao estilo puro e duro do movimento granja da Recosta, embora com a introdução dos pífaros e do xilofone, tornem o som mais sinfónico e harmonioso.
Já os Feijão Frades dispensam apresentações. Grupo de 6 frades da Ordem do Santo Charme, decidiram criar uma banda de covers dos I-Glamour em canto gregoriano. Estiveram para não vir. Frei Tiago, líder da banda, confidenciou-nos que foi a possibilidade de confraternizarem com os I-Glamour e a jeropiga do Ti’Bezana que os fez reconsiderar.
Tivemos três prelectores. A primeira intervenção pertenceu a Sexy Sparks, o manager dos I-Glamour. O assunto da dissertação seria “Manter a calma em palco”. Digo “seria” e não “foi” porque após dizer o seu nome e fixar o olhar, durante dois minutos, numa azinheira que se encontrava ao lado do palco, foi-se embora apressado não dando noticias até agora.
A segunda intervenção coube a Pedrito Bodega, homem da cultura, jornalista, cronista dos I-Glamour. A sua intervenção visou em especial o trabalho dos media na divulgação de novas bandas. Algumas frases ficaram na retina: “Oh filha, enche-me ai a caneca de tinto se faz favor”, “O Júlio Isidro tem a mania que foi ele quem descobriu os I-Glamour, dando um impulso ao charming punk rock português” e em especial a tantas vezes repetida “Quer dizer…”.
O último a falar foi o Sr. Telmo, guarda do condomínio, que decidiu juntar-se à festa. Tratou-se duma surpresa com a qual nem a Organização contava. A sua dissertação foi curta e sintética: “Bem pessoal, está na hora de acabar com esta palhaçada, vamos mas é fechar a loja que está quase a começar a bola!"

quarta-feira, março 29, 2006

Porque a bola é redonda… A Táctica

Cada treinador de futebol, perante a matéria humana que possui, as fragilidades do oponente, a qualidade do terreno de jogo e a altura da maré, define a melhor táctica possível para tentar levar de vencida a equipa adversária.
É isso que eu faço. Pessoalmente e salvo alguns percalços de última hora (como o caso do burro do Ti’Bezana que não parava de pastar no Campo do Brejos, junto ao grande círculo) eu gosto de jogar em 4-3-3 em pressão baixa, sempre pronto a lançar os contra-ataques baseados no “poder de tiro” do Manel Chico, o nosso trinco. Cada “lasca” do Manel é uma verdadeira bomba secreta e letal. Secreta porque não é acompanhada de qualquer efeito sonoro, dando-se a conhecer apenas quando os seus odores atingem as narinas dos adversários, ou seja, tarde demais para reagir. Letal porque até as ervas que crescem, num raio de 40 metros no pelado do Estádio do Lombo, desfalecem murchas aquando da descarga.
Por vezes esta táctica transforma-se num 4-2-3. A dose de feijoada à transmontana que é administrada ao Manel, 15 minutos antes do início do jogo, possui efeitos secundários, provocando-lhe uma prolongada ida aos balneários, que é como quem diz uma frenética corrida na direcção do monte de entulho, depositado nas salinas ali ao lado.
Por vezes sou incompreendido. Pelo público que nada percebe de futebol, não vendo que por vezes, mesmo perdendo por 7 golos, o mais importante é o trabalho brioso realizado pela equipa. Os próprio jogadores também se queixam. O Shaka não consegue perceber porque é que eu o obrigo a jogar sobre a linha, fazendo marcação serrada ao fiscal de linha que acompanha o nosso ataque. Mas que raios… como é que ele queria que o Zé “Brutaganhas” fugisse ao fora-de-jogo com duas canadianas e uma lata de cerveja na mão?!

Crónica de “Facadas” Canhoto, Treinador de Futebol



Nota: Rebel Seducer, membro da maior banda de punk rock chármico do Universo e colaborador do Blog (há quando tempo não escreves tu, pá?) faz hoje anos. Parabéns meu Australopiteco dos Bosques, este post é um presente para ti (sem o cheiro das "bombas" do Manel Chico).

segunda-feira, março 27, 2006

Talk´s Show – Anuska Talk (por detrás de um grande homem)

Há uma crítica que é feita aos Talk Shows, que são realizados e transmitidos um pouco por todo o mundo: são grandes lobbies onde se convidam amigos e conhecidos.
Não é que concorde em absoluto com isso, mas para contrariar tal teoria, convidei alguém totalmente insuspeito para o programa de hoje, a minha mulher!!!!
Raramente vem ao Blog dos I-Glamour, não tem qualquer Blog nem imagina o quão é fácil criar um, talvez nunca venha a ler o que aqui ficará escrito (o que é bom, dá para alterar se a coisa não correr bem!!!) e… risse sempre que lhe digo que ainda vamos ficar ricos à custa disto.


Talk Talk – Qual a tua opinião sobre o Blog I-Glamour?
Anuska – Acho que já mudavas as imagens…
Talk Talk – O Template?
Anuska – Sim… isso mesmo.
Talk Talk – Porque é que não costumas visitar o Blog dos I-Glamour?
Anuska - Já tenho que aturar as tuas pancadas ao vivo e a cores… ainda queres que as veja escritas?
Talk Talk – Não estás a colaborar assim muito… lembra-te que há pessoal que vai ler isto e assim…
Anuska – Ah está bem… é porque não tenho muito tempo… eu até gosto daquilo que tu escreves e isso… até tens um certo jeito.
Talk Talk – Então qual foi o texto que escrevi que mais gostaste?
Anuska – Isso eram aqueles que me escrevias enquanto namorávamos… aqueles que nunca mais escreveste, que não eram sobre baboseiras…
Talk Talk – Qual o teu membro preferido dos I-Glamour?
Anuska – Essa é fácil. É o Mr. Stylish.
Talk Talk – Hum?! Porquê?!
Anuska – Porque é o único que não canta!!
Talk Talk – Tens ciúmes das fâs?
Anuska – Das quê?! Ahahahahahahahaha…
Talk Talk – Ok. Para lá com isso que ainda ficas com dor de barriga. Sabes que há uma personagem aqui inventada que foi inspirada em ti?
Anuska – Quem?
Talk Talk – O Licínio Chispes…
Anuska - O quê?!!! (reacção após perceber quem era Licínio Chispes)
Talk Talk – Calma. Não te enerves queridinha. É só porque ele tem alguma dificuldade com os provérbios populares…
Anuska – E o que isso tem a ver comigo?! Eu não tenho nenhum problema com isso. Uma verdade muitas vezes repetida torna-se numa grande aldrabice!
Talk Talk - …

sexta-feira, março 24, 2006

Porque a bola é redonda…

“Facadas” Canhoto, treinador principal do nosso Fonte Pratense, vai iniciar aqui uma rubrica semanal sobre futebol. Os seus vastos conhecimentos sobre a matéria assim o exigiam, bem como o patrocínio das Bancas de Coirato Canhoto no nosso blogue.

“Quero agradecer este convite que me foi endereçado pelos I-Glamour, que muito me orgulha, embora ache que é mais do que justa, tal a panóplia de assuntos da bola que posso trazer a este espaço, enriquecendo de sobremaneira a cultura futebolística dos caros leitores.
Hoje queria falar da questão da arbitragem, tão em voga nos últimos tempos e para a qual eu tenho a solução. Para mim baniam-se os árbitros do futebol. Claro que isso traria alguns aspectos negativos, tínhamos as tascas, cafés, barbearias e certos blogs do nosso país transformados em verdadeiras morgues, tal o silencio sepulcral que seria instalado nesses espaços, resultante dessa acção. Já para não falar no atrofiamento irreversível dos cérebros da espécie humana, em três ou quatro gerações estávamos todos transformados em repolhos, a comunicar como as baleias, por Código Morse.
Portanto a solução passa em parte por arranjar algo que seja motivo de conversa, mas trazendo a verdade desportiva ao mundo do futebol. E a solução meus caros é… a utilização de espantalhos. Primeiro são cegos, e a justiça é cega, depois jamais irão usar o apito inadvertidamente (aliás… em principio jamais usarão o apito), parecem-me muito difíceis de subornar (pelo menos não sei o que fariam com o dinheiro), deixarão certamente o jogo fluir (ao melhor estilo inglês) e convínhamos… criarão grande polémica, já estou a ver as conversas do dia seguinte: “Aquele espantalho pá… fartou-se de errar, o gajo nem se mexia, como é que podia acompanhar os lances? Isto é um roubo de igreja!!”, “ É impressionante, ficaram 14 penaltis por assinalar e ainda por cima o gajo estava sempre com aquela cara de parvo, de braços abertos a olhar para o público, os da outra equipa estão a ser levados ao colo!”.”
E porque hoje é 6º feira... estou na Cidadela

quinta-feira, março 23, 2006

Geração Abelha Maia

O Nuno “Mosh” é um rapaz da minha geração. Nunca andámos na mesma turma mas fomos andando nas mesmas escolas. Pelo menos até ao 9º ano, altura em que os neurónios do Nuno meteram férias e o fizeram ficar a marcar passo uns anitos. Ao longo da nossa infância e pré-adolescência fomos fazendo parte das mesmas brincadeiras de rua, uma vez que morávamos relativamente perto um do outro.
Vi-o na semana passada, junto ao café Esquina, antigo local de peregrinação da nossa geração durante a infância, devido à Abelha Maia mecânica que por ali se encontrava nos primórdios dos anos 80.
- Então Talk, tudo bem contigo pá?
- Tudo fixe Mosh, e tu?
- Também… também, os anos passam chiça, parece que ainda ontem andávamos a jogar à bola aqui na rua e agora… estamos a ficar velhos!!
“ Vai-te mas é lixar” pensei eu, “estás tu a ficar velho, eu não, olha-me para essa careca e para essa barriga… chiça… parece que engoliste uma bola de basquete!!!”
- Não estamos nada a ficar velhos – exclamei então – estamos é a ganhar charme.
- Charme!! Ahahahaha – riu-se ele, mostrando os dentes, ou melhor a falta deles – Com esta barriga? Nada disso.
- Pois… mas a juventude está no espírito, é que eu cada vez estou melhor, estou mais maluco do que quando tinha 15 anos…
- Estás? – Perguntou espantado o “Mosh”. – Mas casaste não foi?
- Sim casei… e depois? Tu também casaste certo?
- Sim. Há que estabelecer prioridades… casar ou maluquice, não é?
O toque polifónico do telemóvel 3G do Mosh pôs fim à conversa. Despedimo-nos e seguimos o nosso caminho.
Os neurónios do tipo ainda não tinham voltado de Armação de Pêra, não percebeu onde eu queria chegar, nem sabe lá muito bem o que são prioridades. Conservar um espírito jovem não é incompatível com casar, ter filhos, ter um cargo importante. Agora… optar pela compra dum telemóvel topo de gama e depois ter uma boca que parece as teclas dum piano (se a proporção entre teclas brancas e pretas fosse inversa ao que é) isso sim é estabelecer uma prioridade. Errada, mas uma prioridade.
Façam o favor de se inscreverem aqui.

segunda-feira, março 20, 2006

Talk´s Show – Orfeu, onde as Ruas não têm nome!

O Homem Mistério acedeu e veio aos I-Glamour revelar-se. Dotado duma sensibilidade gigantesca, prefere manter o low profile no mundo blogueiro, criando em seu redor uma áurea enigmática. O seu talento, o estilo mistério e o romantismo que o caracteriza, criou uma mistela explosiva. A legião de fâs especialmente entre o sexo oposto, (ele não concorda mas… que se lixe, o programa é meu!!), tornou-se gigantesca. É vê-las a ler e chorar por mais, como se em cada palavra bebessem o néctar dos deuses, como se em cada frase se elevassem aos céus, como se em cada texto comessem… um chocolate suíço.

Talk Talk – Orfeu, a nossa amizade já dura há mais de 10 anos… para ti qual o segredo por detrás desse facto?
Orfeu - 10 Anos? Já? Parece que foi ontem… quando já tu eras um homem e Eu um mero adolescente…
Qual o Segredo? …Poderei dizer que é uma bênção conhecer-te...um amigo fabuloso com características fora do comum, muito mais nos dias de hoje. Para quem não te conhece, posso dizer que é impossível resistir a alguém sonhador, romântico, bondoso, sincero, humilde, com honra de palavra, honesto, inteligente e de uma simpatia extrema, para não falar na "loucura" saudável que te caracteriza e espelhas tão bem nos I-Glamour.
Resumindo e Concluindo o segredo da nossa Amizade és apenas Tu meu amigo…só Tu e a pessoa que és…tens a capacidade de fazer aparecer em cada um de Nós o melhor que temos para dar…um “Dom”? Não sei…para mim tu é que és o “Special One”.

Talk Talk – Como é que consegues ter uma legião de fâs femininas no teu Blog? É que eu já tentei aqui nos I-Glamour e népia…
Orfeu - Não é bem assim...enganas-te meu Amigo (melhor… não é bem esse contexto) não se trata de fãs, muito menos femininas. Primeiro existem muitos homens a comentar nas Ruas, homens e mulheres de todas as idades...agora… se pensarmos no contexto das Ruas: um blog de Amor, Amizade, Dor, Sentimento...um blog bastante sério...aí sim vês a tendência, a predominância lógica da sociedade em que vivemos… Quem tem mais ou menos “receio” de se expor… Quem são as pessoas e/ou como a sociedade nos “deixa” ser…As mulheres, neste contexto, tendem a ser efectivamente mais sensíveis nestes temas...os homens nem tanto, até podem ser...e existem muitos mas… não expõem tanto os seus sentimentos, ou não convém…Não sei se estas a entender?

Talk Talk – Hum hum…
Orfeu - Como por exemplo, tu próprio...és um romântico inveterado...mas não tens um blog em que expões esses teus pensamentos...
Segundo não podemos apelidar de fãs, porque somos todos iguais, pessoas que escrevem aqui e além e que partilham escritas, sentimentos e pensamentos...(tal como aqui mas com outro assunto, outro “Mundo”)…digamos que somos apenas "amigos" que trocam experiências, somos pessoas que gostam de ler e escrever por nada em troca, apenas por gostar sem qualquer razão…a não ser uma partilha, compreensão…enfim, uma opinião…a minha…como vejo os blogs.
No teu blog os “Amigos” são outros, ou maioritariamente diferentes (só o Copa Rota e a Tita é que por exemplo vão aos nossos dois blogs tão diferentes…).
Os I-Glamour são isso mesmo diferentes...irreverentes, loucos...mistura a Televisão, Radio, Humor, Politica e Vida... uma espécie de Arte Revolucionaria....não sei…talvez ao bom estilo ZooTV e Zooropa dos U2.

Talk Talk – Qual o teu membro dos I-Glamour favorito?
Orfeu - Da banda, sinceramente, é o Talk Talk...porque é a Alma de tudo isto...quem mais se não tu que escreves, interpretas e vives no mundo real muito do que aqui é escrito (mal as pessoas sabem)…
....És tu Talk, sem dúvida, embora tenha um carinho especial pelo Mr.Stylish, por ser diferente dos outros em tudo...mas mesmo assim compreendido e aceite pelos outros…

Talk Talk – Diz-se à boca cheia (o Crazy Charm adora falar enquanto come coiratos) que o Stylish, cuja face nós nunca vimos porque como tu sabes (melhor que ninguém!!) anda sempre de costas, é nem mais nem menos do que tu próprio. Tem fundamento este boato?
Orfeu - Existem muitos boatos por aí...Sabes há quem diga que o Crazy Charm é o Chisel do Twilight, que tu és o Boris Becker, ou que jogas como ele; Que tens um pé esquerdo como o do Figo, ou que “tens” a cara do Brad Pitt.
Poderá ser um pouco de tudo isso...embora de todos vocês da banda certamente que o que se parece mais comigo, pela diferença em relação aos outros é o Mr.Stylish...agora do parecer a ser...Não sei…poderá ser um boato, uma lenda ou talvez um mito...talvez...

Talk Talk - E agora… projectos para o futuro?
Orfeu - Não sei sinceramente...Por vezes adoro escrever, outras vezes esgota-me; por vezes gosto de fazer o que faço dia após dia, outras detesto...não sei…uma sensação de eterna procura, conhecimento, vida que pode levar para todos os caminhos...todas as direcções ou Ruas que nem Eu próprio sei quais…Mas uma coisa sei...os teus...o teu enorme talento deverá ser explorado para te levar longe...bem longe …pensa nisso a sério.

sexta-feira, março 17, 2006

O Zé Bolha e o poster da Sabrina

Todos tínhamos heróis na nossa infância. Ícones daquilo que queríamos vir a ser quando fossemos grandes. O meu era o Zé Bolha, o maior jogador do “Espeta” de toda a zona ribeirinha, a norte da Estrada Nacional nº 11, desde a Estação de Comboios do Lavradio até à passagem de nível da Baixa da Banheira. Para lá daí o rei e senhor dessa nobre arte já era outro… um tal de Botas, figura que nunca cheguei a conhecer.
Naquela época as horas pareciam demorar mais tempo a passar. A Floresta da Fonte das Ratas ainda existia, os putos, que se fartavam de correr, jogar ao pião, à bola, à apanhada … ainda não eram gordos, pelos menos tanto como aqueles putos americanos que apareciam nos filmes a comer uns hambúrgueres numas estranhas carcaças.
Era na Fonte das Ratas que o Zé Bolha desenvolvia a sua arte, treinando-a até à exaustão. Com um varão de aço, que não teria mais de 15 cm, lá ia ele lançando-o ao chão, espetando-o no terreno arenoso com uma destreza impressionante.
O Zé seria à época um adolescente com mais 4 ou 5 anos que eu. Certo dia aproximei-me dele e desafiei-o para um jogo. Sabia que teria poucas hipóteses mas seria uma oportunidade para treinar com alguém que era melhor que eu. Ele riu e aceitou o desafio com uma condição, se vencesse ficava com o poster da Sabrina em topless que eu trazia (religiosamente) na mão. Se perdesse (quando proferiu a palavra sorriu maliciosamente), diria a toda a gente que finalmente tinha sido batido e que então seria eu o grande jogador do “Espeta”. Aceitei o desafio. O jogo até nem começou mal, consegui conquistar cerca de 1/4 do circulo desenhado na terra, mas a experiência do Bolha era enorme, em três tempos conquistou o “Mundo” e venceu-me. Fiquei desolado. Não pela derrota mas por ter que me despedir da Sabrina. É então que sou surpreendido pela afirmação do Bolha: “Deixa lá isso miúdo. Fica lá com a tua Sabrina. Eu até prefiro a Samantha Fox”.
Mais um a preferir as loiras. Aliás a sua preferência mantém-se. Ainda ontem o vi. Ele nem me conheceu. Lá ia de mãos dadas com a Sónia, a Miss Volúpia 91. Mas essa é uma outra história.

quarta-feira, março 15, 2006

Talk´s Show

Está mais que na hora de lançar uma brisa de ar fresco neste Blog. Não é que o cheiro dos pés do Licínio Chispes, ou o mau hálito do Ti Bezana (há tanto tempo afastados destas lides) já não tenham passado, mas a verdade é que este espaço nunca teve tão perto de terminar como hoje. E como eu não sou gajo para desistir de nada, urge tomarem-se medidas drásticas.
Por isso… tive a ideia de iniciar um Talk Show. O trocadilho com o meu nick é “qualquer coisa de extraordinário” e depois é só fazer perguntas e esperar que os meus entrevistados digam qualquer coisa de jeito. É por isso que conto com vocês!! Aguardem por noticias minhas nos vossos blogs ou mails. A primeira vitima à séria vai ser o Orfeu das Ruas sem Nome! Por agora deixo-vos com uma das personagens que nos visitam de quando em vez, o grande Zé Caxias. Chamemos-lhe então de… episódio piloto.


Zé Caxias aparenta 50 anos de idade, tem oficialmente 62 mas nasceu há cerca de um ano atrás. Amante da boémia, alucinado, pinga-amor, marinheiro de água-doce, dançarino inveterado, inventor do estilo de dança Caretas Groove nas pistas da Kleópatra. É inspirado num tio meu.
Talk Talk – Zé Caxias, é conhecido nestas bandas por Barão da Ilha do Rato. Quer-nos explicar porquê?
Zé Caxias – Olha o puto!! Então oh Talk que raio de pergunta é essa pá? Então não sabes porquê? Deves estar a armar-te em parvo, deves.
Talk Talk – Eu sei mas quem lê o Blog pode não saber. Isto é um programa para elucidar as pessoas…
Zé Caxias – Se querem elucidação que comprem uma enciclopédia como deve de ser que vem lá tudo. Está lá tudo escrito.
Talk Talk – Oh Zé, desculpe lá mas não foi isto que combinámos. Era suposto você colaborar…
Zé Caxias – Então faz perguntas de jeito! Pergunta-me por exemplo ao que se deve este meu sucesso estrondoso com as mulheres.
Talk Talk – E qual é a razão desse sucesso?
Zé Caxias – Humildade, trabalho, aliás muito trabalho e chá de pau de cabinda.
Talk Talk – Chá para estimular a sua potência sexual?
Zé Caxias - Não rapaz. Eu não tomo essas tretas. O Chá é para elas.

sexta-feira, março 10, 2006

O Segredo da Montanha da Espinha Quebrada – Uma história portuguesa

Zeca “Barbeiro” e Asdrúbal Azeitona decidiram criar uma sociedade. Compraram uma lojeca num Centro Comercial da Linha e montaram um Cabeleireiro. Zeca, como a alcunha indica, era barbeiro de profissão em Arronches. Estava farto de aparar patilhas e cortar pêlos do nariz a tipos que cheiravam pior que os porcos da pocilga da Ti Maria. Asdrúbal toda a vida tinha cuidado de animais. Dava de comer a galinhas, tosquiava ovelhas, assistia a partos de cabritos, tratava de cascos a burros e machos… enfim, achava-se preparado para se tornar manicuro e pedicuro das mais exigentes Tias de Cascais.
A coisa de inicio até ia resultando. Muita clientela, dinheiro a entrar. Mas ao fim de alguns dias, a coisa começou a piorar. As unhas encardidas do Asdrúbal e o cabelo seboso do Zeca eram indícios demasiadamente fortes, mesmo perante o provérbio “em casa de ferreiro, espeto de pau”. Foi um cabeleireiro concorrente a dar com a língua nos dentes, lançando o boato. Em poucos dias já andavam a rolar histórias de que os amigos não dormiam juntos, que aquelas estranhas coisas que saiam pela camisa do Zeca eram pêlos do peito, que os Asdrúbal tinha feito uma proposta indecente a uma cliente, que tinham sido vistos a beber vinho tinto pelo gargalo dum garrafão.
Já com a indicação de “Trespassa-se” na montra e prontos a voltar à sua antiga vidinha entrou uma cliente a pedir umas extensões. Zeca acedeu e começou o trabalho. A cliente mostrava-se algo constrangida, notava-se que trazia alguma na manga. Após respirar fundo a senhora lá conseguiu dizer a pergunta que tinha entalada na garganta:
- Desculpem-me eu fazer esta pergunta mas… é verdade que vocês os dois são heterossexuais?
Zeca coçou a cabeça, olhou para o Asdrúbal com ar de espanto e disse:
- Nós!!! Nem pense nisso. A gente não quer nada com essa gente. Nós não gostamos de atracar de popa!!
Há frases que valem oiro. Esta valeu-lhes a recuperação do negócio, pelo menos por mais umas semanas. Ainda bem para eles que a senhora não percebia muito de marinharia!

E porque hoje é 6ª feira...

É dia de "postar" na Cidadela.

quarta-feira, março 08, 2006

Adeptos de Futebol

Sou adepto do Fonte Pratense Futebol e Chinquilho. De longe o maior clube de toda a freguesia de Alhos Vedros. Ser do Fonte Pratense é ser melhor, nadar como a tainha (símbolo do nosso clube), lutar por todas as conquistas, no fundo ser diferente.
Os nossos arqui-rivais, cujo Nome Não Se Menciona, são tudo uma cambada de grunhos que não interessa a ninguém, que nem merecem ser considerados seres-humanos. A não ser aqueles que são fâs da nossa banda, ou o caso de um dos meus chefes, ou o meu primo Zeca, ou ainda os meus dois parceiros do dominó… enfim, toda a malta amiga que teve infelizmente esse terrível momento de mau gosto.
Ontem foi dia de derby. A verdade desportiva foi completamente escamoteada. O árbitro levou os gajos ao colo. Pelo menos três deles. Os bombeiros não trouxeram macas e o juiz do desafio era o único com “caparro” para transportar aqueles bisontes gordos para fora das quatro linhas.
O Shaka marcou dois golos que foram vergonhosamente anulados. Um por fora-de-jogo que ninguém viu a não ser o fiscal de linha (estávamos todos entretidos a lançar tremoços e caricas ao guarda-redes adversário, nem demos por nada). O outro por uma suposta falta do nosso avançado sobre o defesa-central deles, quando toda a gente viu que foi ao contrário. O tipo é que agrediu brutalmente à cabeçada a biqueira da bota esquerda do nosso jogador!!
O resultado final cifrou-se num empate a zero. As defesas superiorizaram-se aos ataques, ou como disse um companheiro meu de bancada: “As equipas atarraxaram-se uma na outra”.

terça-feira, março 07, 2006

A origem dos nomes de terras cá da zona

Moita – Era uma vez um moinho puxado por uma vaca. A vaca chamava-se Tá. O dono da Vaca, e do moinho, passava o dia a dizer: “Moí Tá, Moí Tá.

Baixa da Banheira – No tempo em que os mouros dominavam a região (segundo o Pinto da Costa ainda dominam), havia um tipo mouro que tinha trazido um cavalo árabe de nome Dabanheira. O tipo era bastante pequeno e sempre que queria montar o cavalo exclamava: baixa Dabanheira, baixa!!

Alhos Vedros – No local onde hoje existe a vila de Alhos Vedros existia uma pequena aldeola de nome desconhecido. Não há aldeola sem uma mercearia. O merceeiro chamava-se Vedros e era surdo que nem um pneu!!! Sempre que o pessoal lá ia às compras e pedia alhos ele dizia: “O quê? Não percebi. Disse alhos ou bugalhos?”. Ao que lhe respondiam: “Alhos, Vedros! Eu disse alhos!

Coina – A terra inicialmente chamava-se Vaigina. O nome foi-se vulgarizando e hoje é conhecida por Coina.

Lavradio – Um tipo trabalhava na agricultura, lavrando a terra com o seu burro de nome Dio. O homem não se cansava de exclamar: “Lavra Dio, lavra Dio”.

Arroteias – Local onde na idade média se realizavam concursos de arrotos. O nome ficou para relembrar esses tempos áureos.


Tudo isto é ficção, com a excepção duma das terras, onde segundo a lenda a coisa se passou mesmo assim. Conseguem adivinhar qual é?

sexta-feira, março 03, 2006

A colaborar na Cidadela

Agora às Sextas-feiras podem encontrar-me na Cidadela dos Incultos. Um Blog criado pelo seu Guardião, que decidiu convidar um grupo de pessoas para escrever no seu espaço.
Aqui sempre dei ênfase ao humor, por vezes sem sentido, por vezes com uma pontinha de crítica. Na Cidadela irei tentar fazer as coisas um pouco ao contrário, com uma critica explicita e uma pontinha de humor. Não se esqueçam de aparecer por lá.

quinta-feira, março 02, 2006

O Carnaval Celta em Portugal

O tema em si encerra vastas considerações. Como não temos tempo, resta-nos contar um episódio ocorrido algures no ano 42 a.C., no território hoje conhecido por Portugal, mais concretamente na Mealhada.
O luso território era então ocupado pelo Império Romano, que impunha as suas leis e costumes. No entanto o povo, de profundas raízes celtas, teimava em manter as suas tradições, entre elas o jogo da malha, o bacalhau cozido e claro… o Carnaval.
Eram meses e meses a fio a preparar tudo, desde fatos de fantasia, carros alegóricos, coreografias. Tudo tinha que estar preparado para quando chegasse a altura a coisa fosse em grande!!
A rainha do Carnaval desse saudoso ano foi Cleópatra, a Egípcia. O Rei foi um tal de Marcus, estrela das Novelas do Coliseu de Roma e sobrevivente dum Reality Show, onde teve que viver durante três anos dentro duma jaula com dois tigres da Malásia, um Bretão gay e um Legionário com traumas de guerra.
Dos carros alegóricos levados ao desfile, houveram dois que deram mais nas vistas: Um em forma de navio nórdico, cheio de indivíduos mascarados de Bárbaros Escandinavos a beber cerveja e a lançar serpentinas para o público. O outro era uma nau grega, com remadores etíopes a serem chicoteados por um tipo gordo e careca. Uma grandiosa orgia na proa, num estilo muito hardcore, completava o cenário.
Para além disso pode-se ainda realçar os Cabeçudos que desfilaram com caricaturas do César, do Asterix, do Aristóteles, do Sócrates e do Cavaco, ao som de rufos e gaitas, tocando hits da época como o “Tu pensas que o bagaço é água” ou o “Mãezinha eu quero!”.

quarta-feira, março 01, 2006

Consultório de Sexologia II

“Olá Talk Talk, tenho uma namorada que é louca por sexo, para além de ser uma mulher que provoca imensos olhares da parte dos homens. Mas eu não sinto vontade de fazer o amor. Nego frequentemente o aconchego do seu corpo. Será que sou gay?”
Ricardo,26 anos, Margem Sul

Talvez não sejas gay, não desanimes ok? Por outro lado é quase certo que és cabrão.


“Amigo Talk, sou grande fã dos I-Glamour. Tenho um grave problema. Sempre que me sento no sofá, esmago o meu abono de família, coisa que me causa grande transtorno. Será que tenho bolas muito grandes? O que poderei fazer?”
Anónimo, Montemor-o-Novo

Começo por responder-te com uma pergunta? Já jogaste ténis? Se sim ou se já agarraste numa bola dessa modalidade faz o mesmo com um dos teus testículos. Se concluíres que a bola de ténis é de dimensão superior então não há nada de errado contigo (desde que eles sejam maiores do que um berlinde), se acontecer o contrário… bem …senta-te no sofá de pernas abertas.


“Meu querido Talk Talk, sonho dia e noite com o Crazy Charm, estarei grávida?”
Anónima, Lisboa”

Não, mas o teu cérebro está todo carcomido!!!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Preconceitos: A Altura

“Como é que vai o tempo ai em cima?”. Esta frase sempre me causou desconforto. Não muito, apenas um pouquinho. Já não chega ficar com os pés de fora na cama, acertar vezes sem conta, com a cachimónia, no candeeiro da sala da casa dos sogros ou dobrar a espinha até ao esforço limite, sempre que se cumprimenta a maioria das moçoilas. Não, ainda vem a estúpida da frase!!!
Mas há outras frases, talvez não tão comuns mas igualmente burras: “Porra, consigo é que eu não vou aos figos”, sim porque é um hobbie que eu tenho desde miúdo, ir aos figos, especialmente com o “Moedas”, o arrumador de carros!!!Ou ainda “É rapaz… quando é que paras de crescer?!”, claro, um gajo com 30 anos continua em fase de crescimento, deve ser da bolacha baunilha e do leitinho todas as manhãs… Mas a melhor de todas é “Se não fosses tão alto não me escapavas”, como se eu não conseguisse escapar a uma tipa gorda como um bisonte, de perna curta e com saltos de 15 centímetros!!!

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

À conversa com Mr. Waits – Um postal de Natal de uma Prostituta de Minneapolis

“Miúdo vem cá ver esta” – foi assim que o mestre Tom conseguiu despertar a minha atenção. Eu estava sentado e entretido com o meu saxofone a ensaiar aquele que viria a ser o meu primeiro êxito a solo no smoth jazz, “Zumba Caneca’s Blues”. Parei de imediato e fui ao encontro de Mr. Waits. Reparei que segurava um postal, aparentemente um postal de Natal. “Crazy, recebi um postal de Amanda Blow, uma prostituta que conheci em Minneapolis, em 1979”.

“Que recordações, estás preparado meu jovem rebento de charme?” – Ao qual respondi de imediato que sim. Sabia que o livro do glamour se iria abrir uma vez mais, e eu iria conhecer mais um capítulo da sedução.

“Dezembro de 1969, Minneapolis...um frio aterrador, até as bordas do cu batiam palmas. Trabalhava como engraxador, na sapataria “Pevides d’ Pés” na Lowry Avenue. Foi a primeira vez que vi Amanda Blow. Era uma mulher muito esbelta até à cintura. Quem a visse ao longe teria a percepção de estar a ver a forma de uma cabaça. Tinha lábios carnudos e cabelos negros ondulados que lhe chegavam aos fartos seios. As ancas, meu Deus, as ancas!!! Eram de tal modo grandes que havia carros a contornarem Amanda a pensar que esta era uma rotunda. Sabia que era uma prostituta da alta sociedade que costuma acompanhar velhos ricos a eventos sociais.”

“Ela costumava vir à sapataria colocar solas duplas nos sapatos. A “Pevides d’ Pés” era a única sapataria nas redondezas onde se podia encomendar números superiores a 44 e Amanda tinha um pezinho de 49. Naquele dia tive a sorte de ser eu a atender. “Bom dia Miss.Blow, veio buscar os seus sapatinhos – perguntei convicto daquilo que procurava” ao que ela respondeu “Desta vez procura algo diferente...venho à procura alguém que me desentupa os canos” “Engoli a seco” “ Tenho um problema na canalização e necessitava de uma ajudinha” “Eu posso ajudar – as palavras saiam sem eu saber” “Bem então daqui a 30 minutos no nº7 da 7th Avenue.” “Combinado lá estarei.”

“Chegado ao apartamento, depressa me apercebi de que a canalização estava mesmo era a precisar de uma vistoria total. Havia canos que há anos que não sentiam uma gotinha de liquido a suavizar-lhes a já ferrugenta cobertura. Não houve tempo para muitas conversas. E quando dei por mim já tinha ferrugem nos dentes...”

“O meu corpo pedia mais e eu pedi um 69. “Amor, enrola-me a gambiarra à árvore que o natal está a chegar. E já agora virá para cá o pólo sul”. E foi então que fiquei com as grutas de Mira D’Aire ao meu alcance. Estávamos nós a deliciarmo-nos naquela posição de carinho mútuo, quando o 69 se transformou num 70, pois o raio do caniche da minha amante teimou em esconder um osso na minha porta dos fundos. Foi tal a agonia que soltei um berro...Amanda a pensar que eu estava próximo do clímax parou e disse “Isto ainda é só o começo.” Amanda estava completamente louca com a minha ementa de posições. “Linda, coze-me a maçaroca na tua panela a vapor” “Ó Tom és tão romântico”. Resolvi então experimentar a posição ladrão...pedi a Amanda para ela se virar de costas, ao que ela acedeu com um sorriso...e quando ela menos esperava arrombei o portão com o meu pé de cabra. Foi tal a o espanto e a surpresa que levei uma valente cotovelada, passei duas semanas a falar francês sem vogais. Resolvi dar a estocada final. O ponto G da Amanda. Sabia da literatura de retrete que este ponto se localizaria a meio (ou dois terços) do caminho de entrada. Sabia também que se pressionado firmemente (pelo pénis ou por um dedo), proporciona uma sensação muito erótica. “Fogosa, tira o bacalhau de molho que o teu Gomes Sá vem a caminho”. Encontrei tudo menos o G naquela sopa de letras e ainda levei uma palmadina na testa e um "Que andas tu à procura? Continuamos ou não".


“Resolvi experimentar a posição do guarda-roupa. Pus-me de pé de pernas bem abertas e encostei as mãos a uma parede. Amanda estava louca com o meu arsenal kamasutrico. Então disse “Paixão, pendura a tua roupa suja neste cabide do amor”. Ao que ela respondeu “Roupa suja não tenho, mas vejo que esse cabide precisa de algum carinho”. A sua boca era uma autêntica ventosa do arrepio. Nunca uma mulher me fizera sentir tão vivo. Mais uma vez quis surpreender a minha parceira. A posição do cozinheiro. Com a colher de pau segura firmemente com uma mão deitei-me de costas na cama e coloquei as pernas em concha de modo a acolher a caçarola de Amanda. “Doçura, prepara o lume que está na hora de cozer o espargo”. A volúpia de Amanda era tal que tive orgasmos múltiplos.”

"Notei que a minha parceira denotava algum cansaço, e começava finalmente a dar sinais de que iria atingir o primeiro orgasmo após 13 horas de puro prazer. Era uma mulher exigente. A derradeira batalha seria a posição do merceeiro. Fiz as contas rapidamente e noves fora nada, calculei o ângulo para a estocada final. “Amandinha, afia a máquina que vamos cortar o fiambre”."

"O orgasmo de Amanda foi algo de indescritível. A quantidade de toucinho que voou naquela casa, dava para fazer cozido à Portuguesa para 50 pessoas. E as claras do amor eram em tanta quantidade que dava para fazer um castelo do tamanho do Tal Mahal. Eu para além destas belas recordações daquele momento tenho uma placa de zinco no maxilar devido à violência do pontapé que levei nos queixos aquando da enxurrada...como costumo dizer.”