terça-feira, abril 21, 2009

Facadas Canhoto - Reedição

Facadas Canhoto, poeta popular e amolador de malhas do chinquilho, é um homem com duas alcunhas. Por isso fomos falar com ele:
- Facadas, você é a única pessoa que conheço que acumula duas alcunhas. Qual a origem de Canhoto?
- Vem do meu pai.
- Ele era esquerdino portanto?
- Não.
- Então?
- Era “direito”.
- Então porque é que lhe chamavam Canhoto?
- Vem do pai dele.
- Esse sim era canhoto então?
- Acho que não. O desgraçado do velho batia-me sempre com a mão direita.
-(...) ok... e Facadas?
- Facadas vem do facto de eu ter andado no mundo dos faquires.
- Ah foi?! Uau, não sabia…
- Foi foi. Mas tive que desistir. Chegou-se à conclusão que eu não tinha nascido para aquilo.
- Falta de pontaria a lançar as facas?
- Não sei. Nunca lancei nenhuma. O meu trabalho era afiar facas, pregos e coisas do género ao faquir, bem, no fundo era eu que lhe fazia a cama. Pelos vistos não prestava para a função. O gajo acordava todos os dias com dores nas costas.

quinta-feira, abril 16, 2009

Entrevista aos I-Glamour por Pedrito Bodega – Jornalista e critico musical

Não foi pêra doce arranjar uma entrevista com os 4 magníficos. Aliás, só chegámos á fala com dois deles, Talk e Charm. Tudo estava programado ao pormenor. Aguardando na suite presidencial da Pensão-Tasca “Sabores do Rio”, estavam os dois geniais mais o seu staff: Um Abominável Bicho das Neves a fazer de guarda-costas, duas massagistas, um burro mirandês e um papagaio albino de nome Mister T.
Impressionou-me o ar descontraído dos dois. Sentados num sofá pareciam divertir-se com as tarefas que levavam a cabo. Charm entretinha-se a criar diálogos entre duas personagens representadas por meias que tinha colocadas nas mãos. Talk fazia malabarismos com 3 limões enquanto cantava o refrão dum hit dos Bee Gees. A conversa começou então:
Pedrito – Como é levar para a frente um movimento totalmente novo?
Charm – O que é que o gajo quer dizer com isto?!
Talk – Não sei…
Pedrito – Então?! O charming punk rock!!
Charm – Ah isso! É fácil! O charming punk rock é que nos leva a nós. É uma espécie de carroça puxada por cavalos velozes. Nós só temos que saber puxar as rédeas quando é preciso!
Pedrito – E as fãs Talk?
Talk – É muito complicado. Não é fácil ser um ícone. Andar na rua e tentar passar despercebido é impossível. Mesmo disfarçado com uma túnica ou um turbante árabe, elas reconhecem-me apontando o dedo e rindo!
Pedrito – É difícil para ti, Charm, lidar com a fama?
Charm – Não, até é fácil! A fama é que nos lida a nós. É uma espécie de carroça puxada por cavalos velozes. Nós só temos que saber puxar as rédeas quando é preciso!
Pedrito – Pois… diz-me Talk, tu que és o homem das letras. Em One Patanisca nota-se um clima de romance no ar… és um romântico?
Talk – Sou. Mas é muito complicado. Não é fácil ser um romântico. Andar na rua e tentar passar por um insensível é impossível. Mesmo disfarçado com uma pose de troglodita…
Pedrito – Desculpem… mas vocês estão a gozar comigo?!
Charm e Talk – Porquê?!
Pedrito – Estão sempre a repetir as mesmas frases!
Charm – Oh Pedrito relaxa pá! Os nervos são uma espécie de carroça puxada por cavalos velozes, se não sabes puxar as rédeas quando é preciso dás em maluco.
Pedrito – Porque é que vocês não vão dar uma volta ao bilhar grande?
Talk – Bilhar grande?! Isso é muito complicado. Não é fácil ir dar uma volta ao bilhar grande. Andar na rua e…
Pedrito – Vão pró…
O curto diálogo que se seguiu com o Yeti guarda-costas não o transcrevi até porque parte dele não me recordo por me encontrar inanimado. E assim terminou a entrevista aos Reis do Charming Punk Rock. Obrigado por tudo.

Entrevista de Pedrito Bodega aos I-Glamour para a revista Belites

segunda-feira, abril 13, 2009

As Histórias do Bolinhas – A Serenata

Esbarrada a minha entrada nos Queijinhos Frescos em 1986 porque “não cantava propriamente como o Marco Paulo”, nunca supus que fosse o Bolinhas a levar-me de novo ao implacável mundo do Showbiz.
- Preciso do teu apoio, se cantar sozinho a voz falha-me com os nervos!
Estranhei a sua escolha. Porquê eu que nem o “Parabéns a você” canto para não fazer murchar a massa dos bolos!?
O plano era um bom plano. O pessoal da Tuna ia fazer a parte instrumental dispondo-se a ir ao restaurante onde a rapariga jantaria com os pais e com o… namorado! Eu e o Bolinhas iríamos ficar numa mesa perto e assim que os músicos chegassem começávamos a cantar. Eu quietinho na mesa, embora de olho em qualquer movimento do namorado, enquanto ele caminharia na direcção dela!
Até estava tudo a correr bem. A nossa mesa era perto do “alvo”, o pessoal da Tuna tinha ligado a dizer que vinha a caminho, a letra da música estava decorada. Mas subitamente tudo mudou. Eu tinha avisado o Bolinhas para os perigos que as ostras, que ele comeu compulsivamente de entrada, trariam ao nosso plano! Mas ninguém se intromete entre Bolinhas e um prato de petisco. Ainda deixou escapar um “aguenta aí as coisas” enquanto corria abruptamente na direcção do W.C..
Eu estava mentalizado para tudo. Para ser corrido pelo gerente, para levar com uma perna de frango assado no focinho ou até para ter que lançar uma cadeira nos cornos do panhônha do namorado.
Mas não estava mentalizado para isto: Para “aguentar aí as coisas”, enquanto o Bolinhas se desfazia em cocó, enterrado numa sanita!
Os tipos da Tuna eram uns gajos porreiros, mas eram… vá… precipitados! Mal subiram a escadaria começaram a tocar a música sem confirmar se o Bolinhas estava preparado ou não. Acho que já nem sabiam quem lhes tinha pedido para irem ali, sabiam apenas que depois da performance havia bebida á borla.
Tinha que pensar rápido. Levantei-me e comecei a cantar. Obviamente não me virei para a mesa da moça. Não queria que ela ficasse confusa. Olhava em frente. E em frente estava a cozinheira ucraniana de sessenta anos e 130 quilos de boca aberta a olhar para mim. Tinha conquistado uma espectadora. Todos os outros me detestavam. No momento em que pressenti que o primeiro caroço de azeitona iria voar na minha direcção surge o Bolinha a correr ao mesmo tempo que tentava abotoar as calças. “You trying now not to show it… Baby!”, gritou/cantou enquanto corria apontando para a mesa da apaixonada. “But Baby… i know it… you lost…” e nisto tropeça numa cadeira e cai estatelado no chão aos pés da rapariga. Caiu mas não se foi abaixo. Cantou o resto da música de joelhos ao pé da amada.
No fim uma salva de palmas do restaurante inteiro! Do panhônha inclusive. Acho que temeu o meu cabedal e o ar alucinado do Bolinhas… ou então achou que os sete malucos com as pandeiretas, guitarras, ferrinhos e garrafas de vodka podiam intervir!
- Obrigado amigo, epá acho que correu mesmo bem – exclamou o Bolinhas entusiasmado enquanto me dava chapadinhas na cara!
- Olha lá pá… chegaste a lavar as mãos?!
- (…)

quarta-feira, abril 08, 2009

Carta de fã

Uma das imensas cartas que temos recebido:

“Olá I-Glamour! A pior coisinha que me aconteceu desde que… vá, desde que comi Sugos de mentol, foi saber que vossemecês tinham acabado. Foi “dramástico”. Não queria acreditar no que os meus olhos liam!
Então a banda que inspirou quase todos os totós da região, mostrando-lhes que era possível sair da toca e ficar famoso e até, quiçá, conhecer umas moçoilas com a dentição completa, tinha acabado?!
Confesso que chorei. Nunca mais contemplaria a dança estática do Talk sempre a bater com os cornos nos holofotes, a voz excepcional do Charm a lembrar ganidos dum cão rouco ao luar ou a presença quase mística do Stylish com os seus estranhos amuletos de palco: os búzios, as caveiras em miniatura… o portátil com uma folha de Excel aberta e pronta a actualizar com dados estatísticos!
Lembro-me como se fosse ontem daquele último concerto que vocês deram, na 2ª Feira passada, no Chinquilho. Foi um terminar em beleza. Foi pena a lotação não ter esgotado. Falta de tacto daquela gente marcar um campeonato de matraquilhos para a mesma hora na sala ao lado. Mas os fãs que assistiram puderam ver um concerto cheio de garra e energia, presenteados com todas as músicas da banda: O “One Patanisca” e o “Out of Charme”.
Tenho um carinho especial pela versão acústica do One Patanisca porque me faz lembrar da minha Paulinha. É certo que não é uma boa recordação, foi coisa que só me trouxe dissabores. Pelo menos a partir do momento em que ganhei coragem e fui ter com ela para lhe falar sobre os meus sentimentos. Nunca mais esqueci as suas palavras: “Porra… só me saiem é duques! Baza antes que eu chame a polícia oh freak?!”.
Enfim… desgostos que a vossa música ajudou a suportar. Obrigado por tudo, sois Grandes!

Chico”