quarta-feira, julho 30, 2008

Consultório de Psicologia com Doctor James – I

Iniciamos aqui mais uma rúbrica. Desta feita teremos o apoio do Doctor James, um conceituado expert em Psicologia das Relações. As cartas que James recebe são aqui publicadas parcialmente, bem como as suas respostas.

Olá Doutor James:
Sou um tipo extremamente sensível. Só de fixar os olhos no luar caiem-me lágrimas… diz-se que as moças não apreciam homens sensíveis… será verdade?
Nuno, Brejos

Não Nuno, isso não é verdade. Ás vezes quando como gelados dóiem-me as gengivas e nenhuma moça me “deu com os penantes” por causa disso. Também já ouvi falar de tipos que são alérgicos a pêssegos, quando os comem a cabeça incha até ficar com a forma dum gigantesco balão de ar. São situações que acontecem.
Nunca tinha conhecido ninguém alérgico à Lua. Já experimentaste andar de óculos-de-sol á noite? Acho que irias parecer um bocado totó mas pronto, sempre é melhor do que começar a lacrimejar em frente das miúdas. Elas ainda iam pensar que tu estavas a chorar e ficavam a achar que eras maricas.
Dr. James

segunda-feira, julho 28, 2008

Manual do Guerreiro Niitsumy – Capítulo Final

- O Guerreiro Niitsumy é másculo. Ri-se perante as adversidades, desinfecta as feridas com aguardente, lava os dentes com Calgon. Se por algum acaso verter água dos olhos é porque bocejou ou porque inadvertidamente arrancou pêlos do nariz.
- O Guerreiro Niitsumy desconhece o sabor do medo. A sua espada é forjada para trespassar seres maléficos como Minotauros, Orcs, Trolls e por vezes baratas que aparentemente têm asas e vagueiam em salas de estar.
- O Guerreiro Niitsumy é uno com o Universo. O Guerreiro Niitsumy não lança comandos de televisão ao ar. A excepção a esta norma acontece quando está a passar o vídeoclip da Sabrina na TV.

sexta-feira, julho 25, 2008

A música do Talk Talk – The Cure

Já foi um blog. Agora passa a ser uma rúbrica aqui no I-Glamour.

Não conhecia esta música até a ouvir ao vivo em Março último… o concerto abriu assim... Plainsong!

quarta-feira, julho 23, 2008

Manual do Guerreiro Niitsumy – Capítulo Terceiro

- Aos Mestres Jedi é permitida a entrada na Ordem dos Guerreiros Niitsumy. No entanto devido ao Processo de Bolonha terão que realizar duas cadeiras de modo a obterem as devidas equivalências. As cadeiras são: “Cabeçadas à Cais do Sodré” e “Comer jaquinzinhos à mão”.
- O Guerreiro Niitsumy sabe que a sua descomunal superioridade física, técnica e intelectual relativamente aos outros resulta dessa fantástica qualidade que possui: a modéstia.
- O Guerreiro Niitsumy não deve tomar café quando bebe álcool. O café tomado após a ingestão de “algumas” imperiais e dois copos de whisky provoca-lhe visão turva, baralhação e um pouco mais tarde náuseas, vómitos e diarreia. Em combate este tipo de sintomas é chato. Em casa, ás 3 da manhã e sem voluntários para lhe fazer um cházinho, também.

segunda-feira, julho 21, 2008

Manual do Guerreiro Niitsumy - Capítulo Segundo

- O Guerreiro Niitsumy deve possuir traquejo no manejo da varinha mágica e deve gostar de bacalhau à Zé do Pipo e de sopa de nabiças passada. Deve ainda ser capaz de arrotar o nome completo sem recorrer a bebidas com gás.
- O Guerreiro Niitsumy, caso se veja na contingência de partir para alguma missão heróica num país distante, deve providenciar um jantar de despedida aos amigos. Durante o jantar e uma vez que nem pode mentir nem revelar a sua identidade secreta deve permanecer amordaçado, não comendo e ingerindo as bebidas pelo nariz.
- O Guerreiro Niitsumy não deve em caso algum andar no engate enquanto está em serviço. Seria extremamente injusto para todos aqueles homens que nunca poderão tentar a sorte vestidos de túnica bege, chapéu bicudo amarelo e botas de borracha lilases.

quinta-feira, julho 17, 2008

Manual do Guerreiro Niitsumy – Capítulo Primeiro

- O Guerreiro Niitsumy deve ser um modelo de virtude e honra. Deve dizer sempre a verdade, não deve, em caso algum, praguejar, falar com a boca cheia de comida e deve ser capaz de permanecer em posição completamente erecta mesmo quando está aflitinho para fazer chichi ou cocó.
- O Guerreiro Niitsumy não deve confraternizar com Yetis de pêlo longo. São bichos extremamente instáveis quando consomem vinho tinto e um coice de Yeti pode pôr fim a uma brilhante carreira.
- O Guerreiro Niitsumy não deve andar armado fora das horas de serviço. Como armas incluem-se sabres, fisgas, palhinhas e talões do Modelo de valor igual ou superior a 100 euros.

sexta-feira, julho 11, 2008

As Histórias do Bolinha III

Há coincidências engraçadas... Parabéns Zé!
O alvoroço criado só poderia significar uma coisa: Bolinha em acção! Rodeado por uma legião de amigos, caminhava calmo (e manco) pelo Campus na direcção da casa-de-banho do Edifício Central. Zé Martelo havia trazido uma espécie de pomada milagrosa com a qual pretendia curar Bolinha da entorse no pé direito. Todos queriam assistir ao milagre.
A casa-de-banho era pequena para albergar tanta gente. Uns empoleirados nas paredes laterais da retrete, outros dentro do próprio cubículo ladeando o “paciente”, outros ainda à porta aguardando novas lá do interior.
O pé do Bolinha estava qualquer coisa de medonho. A cor roxa (acho eu) provocada pela entorse quase chegava ao joelho. No fundo lembrava uma enorme batata-doce com dedos.
Zé, com a delicadeza que o caracteriza, iniciou o tratamento agarrando no chispe do Bolinha como se estivesse a preparar massa de pão.
- Então pá… está tudo bem? – Perguntou enquanto “amassava” o pé do desgraçado.
- Sim… es… está tudo óptimo! – Respondeu o Bolinha com um sorriso forçado nos lábios e uma lágrima no canto do olho.
- Estás a chorar pá?
- Achas?! Ah ah ah… estás louco! Eu lá ia chorar por causa dumas massagenzitas no pé!
A rapaziada estava duplamente impressionada. Por um lado a disformidade horripilante do pé, por outro a acalmia do Bolinha perante a adversidade. Zé não entendeu a ironia nas palavras do Bolinha. Achou que podia ir mais além, que podia esfregar ainda mais aquela espécie de pedúnculo que outrora tinha servido para caminhar e para servir de apoio ao corpo.
As dores começavam a ser mais do que insuportáveis. Bolinha parou a respiração e começou a assobiar. A melodia suave do assobio era duma música antiga que ele tinha ouvido num filme. É então que algo acontece: A rapaziada começou a assobiar a melodia acompanhando o Bolinha. O som foi crescendo e às tantas ecoava estrondosamente no interior da casa-de-banho espalhando-se pelos corredores e salas do Edifício.
E aos poucos a dor lá foi passando…


A melodia era esta...

quinta-feira, julho 03, 2008

Maré-cheia

A uma maré-vazia sucede-se uma maré-cheia. O rio tem os seus ciclos, tal como a vida. É bom ver os lodos cobertos pelo prateado do Tejo, ouvir o chapinhar das tainhas, cheirar a maresia trazida pelos ventos do norte. É para esses momentos que vivo. É neles que me inspiro.
Partir pela manhã na minha herdada barcaça, na subida da maré, indo até à Ilha do Rato, é um ritual que sigo desde que me lembro de existir. Comecei esta romaria com o meu Tio-Avô, o saudoso “Custou” Caxias. A alcunha provém das semelhanças físicas e de hábitos com o velho lobo-do-mar francês. Este meu tio possuía uma cultura impar, alicerçada nas horas passadas a jogar à bisca lambida e ao dominó com outros marinheiros.
Para além de marinheiro e estudioso do mar foi também um grande mecenas, tendo criado a famosa e tantas vezes incompreendida Fundação Caxias.
A Fundação, com sede na Tasca do Azedo, tem a responsabilidade cívica de apoiar jovens com valor, nomeadamente jogadores de dominó, poetas, músicos e todos aqueles que de alguma forma desejem viver da sua arte. Os tipos de apoio variam consoante a qualidade e experiência a nível artístico, podendo ir desde a motivante palmadinha nas costas até à entrega duma bolsa mensal. A bolsa pode alternar entre o azul-bebé, o rosa choque e o preto e tem fecho éclair. Contém várias coisas no seu interior como um isqueiro, canetas Bic (laranja e cristal), um baralho de cartas, dois bilhetes de autocarro dos Colectivos do Barreiro, saquetas de Ultra-levur e um after-shave da loja dos chineses.
Agora vou porque o tempo escoa. A Ilha do Rato espera-me para lá deste mar-chão. Voltarei na descida da maré, isto se o casco não decidir que é hoje que se rende à investida do rio ou se a lendária Ninfa não me raptar, mantendo-me cativo (contra a minha vontade, claro) nos areais da Ilha. Se esta última coisa suceder não se incomodem a pedir ajuda, eu cá me hei-de desenrascar!