sexta-feira, setembro 16, 2005

A Última Bala – Episódio VII


Tinha-se a clara sensação que aqueles quatro indivíduos tocavam juntos há já muito tempo. A coordenação entre eles era absolutamente extraordinária. O ritmo imprimido pela lata de tintas de Stylish e pelas colheres de pau de Talk, a presença em palco de Seducer e a voz de puro glamour melodioso de Charm estavam a deixar a assistência à beira do êxtase. Tocaram-se temas conhecidos da senda country punk rockeira, intercalados por improvisações na área do Heavy West Metal, do Country Pop ou do Hip Hop and Away.
A noite começava a cair sem que alguém reparasse nisso. Entre canções, solos de colher de pau, anedotas, teatralizações e pequenas pausas para petiscadas, as horas iam passando, os nossos heróis iam ficando mais confiantes quanto ao sucesso da missão e também quanto às suas qualidades musicais, os comancheros estavam cada vez mais relaxados e bêbados. Tão relaxados que nem se aperceberam que agora no meio deles se encontrava um cowboy com a estrela de xerife ao peito. Era um indivíduo de sorriso largo, com vestes numa fusão entre estrela Disco dos anos 70 e um cowboy clássico saído dum filme com o John Wayne. Tinha uma pistola prateada, chapéu branco, camisa verde com golas a lembrar as orelhas do Dumbo, calças à boca-de-sino vermelhas, colete prateado cheia de brilhantes, sapatos de dança de salão.
Decorria um solo de colheres de pau, proporcionada por Lucky Talk, baseada no tema “ Zumba na Caneca”. A concentração do solista era total, até que olhando para o público viu o dito cowboy. Era Holiday Sparks, xerife de Mourish River. A auto-confiança e orgulho rapidamente se transformaram em pânico.
- Olha é o Lucky Talk – disse Sparks em voz alta mostrando admiração – Força Talk, força Talk allez allez. Talk rules!!!!!!!!!! Yehhhhhhhhhh.
Nunca a voz de Sparks tinha suado tão alta, tão ampliada. Os músicos pararam de tocar ficando imóveis como estátuas. Os comancheros mostraram-se confusos olhando uns para os outros com caras de admiração. Peres Pestana sentiu aquele nome entrar-lhe pela mente e pensou: “Lucky Talk?!. É o Xerife de Glamour City, o famoso cowboy marinheiro!!! Isto é uma emboscada.” Já em voz alta diz:
- Isto é uma emboscada! Eles não são músicos, a eles amigos! A eles!!!
A audiência estava incrédula. Olhavam uns para os outros, olhavam para os artistas, olhavam para o seu chefe. Não faziam a mínima ideia do que fazer. Sparks apercebendo-se do erro que tinha cometido, saltou para o palco e virando-se para o público disse:
- Ahhhhh… portanto… quer dizer…eu, é pá eu não tenho muito jeito para estas coisas, portanto passo a palavra ao Stylish.
Stylish levantou-se do banco onde se encontrava sentado e virando-se precisamente para o “back stage”, proferiu as seguintes palavras para aqueles fãs-comancheros que se encontravam na direcção oposta:
- Amigos: estamos aqui hoje porque essencialmente a vida trouxe-nos na direcção que nos fez aqui chegar. O senhor Peres Pestana, que respeito, é um grande trapaceiro e está a tentar enganar-vos. Diz ele que nós não somos aquilo que de facto somos e que vocês sabem que somos porque nós no fundo somos aquilo que sempre deveríamos ser. Nós somos o que a vida permite, porque simplesmente a vida permite que sejamos aquilo que ela é. Bla bla bla bla bla bla bla bla…
(E este discurso prosseguiu. É aqui que a versão livro toma um rumo diferente da versão Blog. No livro este discurso vai até ao capítulo final, chegando à página 448 das 450 páginas do mesmo. Mas como a versão aqui relatada é a do Blog… continuemos…)
Adivinhava-se o nascer do Sol quando o discurso de Stylish se deu por findado. Metade dos comancheros tinham entretanto adormecido, outros dois suicidaram-se, cinco mudaram de vida e juntaram-se à cruz vermelha, quatro partiram para Glamour City na esperança de comprarem um álbum com os temas que tinham ouvido, os restantes entraram num estado tal que se tornaram espantalhos profissionais em campos de milho.
Peres Pestana sentia-se derrotado, estava sozinho contra cinco indivíduos que queriam a sua pele. Em desespero proferiu:
- Cinco contra um! Não é justo. Proponho um duelo. Um contra um, como nos bons velhos tempos. Se eu vencer parto livre e se me matarem… levam-me e serão heróis nacionais.
- Eu não quero ser herói – disse Stylish acendendo um cigarro – eu só quero as gomas para o meu cavalo.

(continua)

9 comentários:

Anónimo disse...

Tens uma imaginação inesgotável! Já tenho um link do meu para o teu blog!

Talk Talk disse...

Miss15:
Agradeço-te a consideração. Mas fica sabendo que nem tudo é simples imaginação. Há muita coisa baseada em factos veridicos (por muito que custe a acreditar lolol). Não percas o último episódio.
Um beijinho.

Anónimo disse...

Há cavalos com sorte porra!!! Eu cá tenho que me contentar com fardos de palha, nada de doces!!!!!!!!!!!!!!!

Suga_Mentes disse...

por favor , uma cena no saloon , se possivel com estensiva descrição das dançarinas de Can-Can ....

Suga_Mentes disse...

e uma futura discussão sobre o uso de ligueiros

Morfeu disse...

Este episódio está incrível...mesmo. A musica de fundo e as muitas coisas baseadas em factos verídicos...tornas humor em vida, em memorias...num diário.
Penso que posso desde já agradecer em nome de todos, porque mais que um post, mais que uma história, é a nossa vida, somos nós, um tributo à Amizade.
Obrigado Talk, obrigado ....

Suga_Mentes disse...

talk talk , que se passa com a Marluce , tá zangada ? não é do tipo de se zangar ,pois não ?
Da-lhe um beijinho meu ...
Diz-lhe que o clube de fãs sem ela , não é a mesma coisa .

Talk Talk disse...

suga-mentes:
Não tenho ouvido falar da Marrrrluce. Não sei o que aconteceu com ela, se calhar trocou-nos por alguma boys band ou assim...

Anónimo disse...

This is very interesting site... »