O barco a remos que os transportava para a Ilha do Rato era propriedade de Tia Albertina. Senhora de grandes virtudes, dona de casa a tempo inteiro, vendedora de jogo ilícito e atleta de levantamento de copo 3 nas horas vagas. A custo conseguiram convence-la a emprestar-lhes o batel. Aliás… a muito custo. Foram necessários 250 euros e a promessa de que o barco sobreviveria à viagem sob pena de serem severamente punidos fisicamente. Quando uma ameaça destas vem de alguém com 140 quilos, com pernas e braços facilmente confundíveis com troncos de árvore, deve ser levada a sério.
A maré subia rapidamente. Pedrito cadenciava a remada, procurando ignorar o cheiro a peixe, impregnado na madeira da embarcação, e os gemidos de Piaçá que começava a ficar almareado com o balanço provocado pelo rio.
Aproximavam-se da Ilha rapidamente. Alguns barcos de pescadores circundavam-na, muitos outros para ela se dirigiam. Era a romaria habitual ditada pela maré e pelo bom tempo. Fizeram o desembarque pela parte sul da ilha. O curto areal, repleto de mosquitos e cascas de canivetes serviu para se sentarem a retemperar forças e a definir estratégias.
- Fazes alguma ideia por onde devemos começar? – Questionou Pedrito Bodega ainda ofegante pelo esforço despendido.
- Faço. Pela casa em ruínas. Tudo o resto é areia, lodo e vegetação. Tem que estar ali.
Após o breve descanso, começaram a cortar caminho por entre a vegetação. A ilha não teria mais de 10 hectares. Na parte central existia o que restava duma pequena casota: a laje térrea em betão revestida com ladrilhos hidráulicos, algumas paredes de tijolo, destroços de mobiliário.
Entraram nas ruínas. O cheiro naquele local fazia o barco da Tia Albertina parecer um prado de flores num matinal dia de Primavera. As paredes estavam recheadas de alusões clubistas, juras de amor, frases de cariz político, símbolos erótico-pornográficos. Mas de todas as gravuras, houve uma que prendeu a atenção de Piaçá. A sigla dos Cavaleiros da Tasca, GCT, estava desenhada a tinta vermelha, na parede nascente, com uma seta apontada para o chão. Piaçá agarrou num pedaço de madeira, que teria sido em tempos a perna duma cadeira, e começou a bater na laje junto à parede onde estava a seta. O som oco indicava que havia ali algo. Entusiasmado bateu com mais força. O pau soltou-se da mão, batendo-lhe no pé direito. O incidente provocou-lhe imensas dores, iniciando então uma série de movimentos, que foram desde o saltar ao pé-coxinho, até ao cantarolar do “Fado do 31” deitado no chão, agarrado ao pé, como um futebolista após uma entrada mais dura. Pedrito Bodega decidiu agir. Agarrou o pau e ele próprio bateu naquela zona da laje. Com facilidade o ladrilho partiu e vislumbrou-se o que parecia uma pequena câmara circular com menos de 1 m de diâmetro. Após olhar para o seu interior, Bodega introduziu o braço direito apercebendo-se que, por entre pedaços cerâmicos e teias de aranha, a profundidade era de 50 cm. Reparou também na existência dum saco plástico com algo lá dentro. Fez emergir o saco. Era um saco do Feira-Nova duma campanha de Natal. Abriu o saco e tirou do seu interior uma caixa de sapatos (da Sapataria Tó-Zé) já meio deteriorada pelo tempo. O seu coração pulsava descontroladamente. Será que finalmente encontrara o que durante meia vida procurou?
O abrir da caixa de sapatos fez os olhos de Pedrito encherem-se de lágrimas. Piaçá, já menos dorido, rastejou até ele e olhou para o conteúdo da caixa. Estava revelado o segredo. O Graal estava ali, na Ilha do Rato: era uma pequena taça de cortiça. Junto à taça estava um manuscrito, com aspecto antiquíssimo, enrolado com uma fita doirada. Ao abrirem o manuscrito puderam ler:
Ó Pedrito foste apanhado
Tu e o lunático do Piaçá
É que o Graal foi comprado
Numa loja em Massamá
A maré subia rapidamente. Pedrito cadenciava a remada, procurando ignorar o cheiro a peixe, impregnado na madeira da embarcação, e os gemidos de Piaçá que começava a ficar almareado com o balanço provocado pelo rio.
Aproximavam-se da Ilha rapidamente. Alguns barcos de pescadores circundavam-na, muitos outros para ela se dirigiam. Era a romaria habitual ditada pela maré e pelo bom tempo. Fizeram o desembarque pela parte sul da ilha. O curto areal, repleto de mosquitos e cascas de canivetes serviu para se sentarem a retemperar forças e a definir estratégias.
- Fazes alguma ideia por onde devemos começar? – Questionou Pedrito Bodega ainda ofegante pelo esforço despendido.
- Faço. Pela casa em ruínas. Tudo o resto é areia, lodo e vegetação. Tem que estar ali.
Após o breve descanso, começaram a cortar caminho por entre a vegetação. A ilha não teria mais de 10 hectares. Na parte central existia o que restava duma pequena casota: a laje térrea em betão revestida com ladrilhos hidráulicos, algumas paredes de tijolo, destroços de mobiliário.
Entraram nas ruínas. O cheiro naquele local fazia o barco da Tia Albertina parecer um prado de flores num matinal dia de Primavera. As paredes estavam recheadas de alusões clubistas, juras de amor, frases de cariz político, símbolos erótico-pornográficos. Mas de todas as gravuras, houve uma que prendeu a atenção de Piaçá. A sigla dos Cavaleiros da Tasca, GCT, estava desenhada a tinta vermelha, na parede nascente, com uma seta apontada para o chão. Piaçá agarrou num pedaço de madeira, que teria sido em tempos a perna duma cadeira, e começou a bater na laje junto à parede onde estava a seta. O som oco indicava que havia ali algo. Entusiasmado bateu com mais força. O pau soltou-se da mão, batendo-lhe no pé direito. O incidente provocou-lhe imensas dores, iniciando então uma série de movimentos, que foram desde o saltar ao pé-coxinho, até ao cantarolar do “Fado do 31” deitado no chão, agarrado ao pé, como um futebolista após uma entrada mais dura. Pedrito Bodega decidiu agir. Agarrou o pau e ele próprio bateu naquela zona da laje. Com facilidade o ladrilho partiu e vislumbrou-se o que parecia uma pequena câmara circular com menos de 1 m de diâmetro. Após olhar para o seu interior, Bodega introduziu o braço direito apercebendo-se que, por entre pedaços cerâmicos e teias de aranha, a profundidade era de 50 cm. Reparou também na existência dum saco plástico com algo lá dentro. Fez emergir o saco. Era um saco do Feira-Nova duma campanha de Natal. Abriu o saco e tirou do seu interior uma caixa de sapatos (da Sapataria Tó-Zé) já meio deteriorada pelo tempo. O seu coração pulsava descontroladamente. Será que finalmente encontrara o que durante meia vida procurou?
O abrir da caixa de sapatos fez os olhos de Pedrito encherem-se de lágrimas. Piaçá, já menos dorido, rastejou até ele e olhou para o conteúdo da caixa. Estava revelado o segredo. O Graal estava ali, na Ilha do Rato: era uma pequena taça de cortiça. Junto à taça estava um manuscrito, com aspecto antiquíssimo, enrolado com uma fita doirada. Ao abrirem o manuscrito puderam ler:
Ó Pedrito foste apanhado
Tu e o lunático do Piaçá
É que o Graal foi comprado
Numa loja em Massamá
FIM
4 comentários:
Presumo que ao beberem dele não ganharam a vida eterna :-)
Bom feriado!
Não francis. Mas como era de cortiça pelo menos não tinha micróbios.
Bom feriado.
Genial!!!! Segui com um interesse quase fanático...eheheheh
Obrigada TAlk
Beijinho e bom feriado
Mais um Final de uma "historia" para Oscar...
Esperamos pela próxima. Um abraço
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