
Uma tabuleta indicando “Lago da Serpente – 7 km”, quebrou a monotonia da viagem, provocando uma saída da Auto-estrada. O autocarro transportando o grupo de Guerreiros Niitsumy entrou de seguida numa estrada esburacada, estreita demais para o cruzamento de dois veículos. A orla da floresta branca surgia à esquerda e em frente. Do lado direito o lago. A estrada terminava estranhamente à entrada da floresta. Uma Placa dizendo “Cuidado! Afaste-se da Floresta e não tome banho no Lago porque pode acordar o Bicho!”, fez estremecer a confiança do grupo. Mesmo assim penetraram no negrume em busca da casa de Rhonda, a Feiticeira Vidente. Desde cedo, o sexto sentido niitsumico indicava que estavam a ser observados.
O som de água corrente quebrava o silêncio da Floresta. Uma elevação rochosa lembrando uma muralha surgia à sua frente. Uma enorme cascata caía da elevação formando um pequeno lago. A floresta envolvia o conjunto criando um cenário de rara beleza. No centro do lago existia uma pequena ilha com um prado verdejante, que não teria mais de 50 m2, com uma espécie de torre em madeira no centro.
Juanito Caracas, Niitsumy Venezuelano tomou a iniciativa e gritou:
- Hey, Senhorita Rhonda… somos Niitsumy, queremos falar consigo.
Nisto ouviu-se um som fortíssimo e continuo a fazer lembrar o motor de um avião. A torre abriu-se e transformou-se numa ponte, ligando o local onde eles estavam à outra extremidade do pequeno lago, mesmo no centro da cascata.
Os Niitsumy atravessaram a ponte, passando por debaixo da cascata entrando numa gruta. Era um autêntico apartamento de luxo, uma enorme sala, com sofás vermelhos e um enorme tapete de Arraiolos no chão. Nas paredes um enorme retrato da feiticeira e uma pintura abstracta. Não haviam cadeiras nem mesas, apenas um trono de pedra num canto, talhado na rocha, onde com um ar austero Rhonda observava os visitantes. Era uma mulher magra, morena, cabelo ondulado preto, de idade completamente incerta. Vestia uma espécie de combinação preta com meias transparentes. Umas botas e um blusão de cabedal pretos completavam a sexy toilette (qualquer semelhança com a Cher é pura coincidência). Sem deixar que se apresentassem Rhonda exclamou:
- Primeiro deixem-me que lhes diga que não tenho chá nem bolinhos para tanta gente. Segundo, eu sei o que vos trás por cá mas recordo-vos que não trabalho de graça para ninguém, nem para vocês…
Dinheiro. O eterno motor da Humanidade. Mas este grupo de Guerreiros Niitsumy estava sem ele. Num momento de inspiração Talk Talk segredou ao ouvido de Charm. Em seguida os dois começaram a estalar os dedos, o refrão começou a ouvir-se…”Help me Rhonda, Help Help me Rhonda…” Os outros Guerreiros, lembrando-se do êxito dos Beach Boys começaram a acompanhar. Foi a loucura. Vinte tipos em uníssono cantarolando o “Help me Rhonda” de braços abertos na direcção da feiticeira. A gruta possuía uma acústica extraordinária. Foi o suficiente:
- Pronto, pronto…vocês são uns queridos – Disse Rhonda já com um semblante amigável e denotando alguma comoção – Mogodochi não foi raptado. O homem apenas quis tirar umas férias. Estava farto disto. Du Frak, o Yeti Cobrador de Cotas, falou-lhe duma discoteca em Portugal, na Margem Sul…uma tal de Cleópatra. O Grande Mestre achou que era a altura ideal para se divertir um pouco. Foi simplesmente abanar o capacete.