A Tasca do Azedini vinha mesmo a calhar. Andar a cavalo cansa. Um repasto de peixe frito com arroz de tomate, regado a vinho tinto era o elixir de que necessitávamos para o retemperamento das forças. Dom Caxias aguardava-nos lá pacientemente. A nossa chegada e a boa-nova que trazíamos, fê-lo transformar-se por momentos numa espécie de vendedor ambulante cigano, tal a gritaria que lhe saiu das entranhas. Dom Caxias estava no seu escritório particular, uma divisão em pladur, situada no logradouro da Tasca. De seguida ordenou que fossemos comer, queria fumar o seu cachimbo em paz, enquanto meditava sobre os negócios.
- Onde estão as minhas azeitonas? Azedini, onde estão a porra das minhas azeitonas? – Perguntou Crazy “Olives” já em desespero.
- Oh meu… passa mas é para cá a vinhaça. – Ordenou Santini Seducer.
- Eu cá quero é água! – Exclamou Angelo Stylish quase ao mesmo tempo.
Ao ver um Azedini totalmente perdido decidi pôr alguma calma na situação:
- Vá lá pessoal… o homem é só um…
- É só um uma merda!!!!! Eu tenho fome! Eu quero comer. – Gritou Benedito Sparks com o seu esbugalhar de olhos tão característico.
É fácil adivinhar que se iniciou uma discussão. As azeitonas do Crazy, que entretanto tinham chegado, serviram para arremesso. Nisto entrou pela porta principal um indivíduo ainda jovem, de estatura média, de estrutura larga. Vinha vestido à motard, trazendo um capacete na mão. Parou no meio da Tasca e sem olhar para nós exclamou:
- Quero falar com Dom Caxias. Alguém sabe onde o posso encontrar?
Reconheci logo aquela voz. Era o Jony. Um velho amigo que tinha saído em tempos da Organização.
- Olha quem é ele! – Disse eu – Sim senhor… já lá vai muito tempo. Que te traz por cá?
- Olha o Talk! – Disse ele sorrindo abertamente. - Pensava que já não estavas por aqui. Ehhh… e os outros cromos todos também ainda aqui estão!!!
Esta última frase, como se pode calcular, não caiu muito bem. Para evitar males maiores levei-o sem perder mais tempo ao encontro de Dom Caxias.
Dom Caxias ficou surpreendido. Não esperava aquela visita. Sentou-o numa cadeira de madeira gasta pelo tempo, em frente da sua secretária. Nós os cinco sentámo-nos onde podíamos para sabermos o que se passava, a fome tinha passado misteriosamente.
Com algum acanhamento Jony lá foi explicando as razões da sua visita:
- Dom Caxias… venho pedir a sua ajuda. O meu negócio na transacção de Unhas de Yeti não anda nada bem. Entrou no mercado um tal de Martelini. O tipo consegue vender o produto a metade do preço, para além de conseguir amolecer as unhas, o que é considerado uma vantagem em qualquer restaurante chinês. Está a roubar-me a clientela toda. Não sei que fazer…
Dom Caxias iniciou então o seu típico ritual: olhou o tecto fazendo uma estranha careta, bateu com o cachimbo na secretária, colocou tabaco no cachimbo acendendo-o com o isqueiro da bic que lhe ofereci no Natal, deu uma passa e começou a cantarolar um antigo êxito dos Modern Talking numa “língua” que apenas ele compreende. É assim que reflecte. É assim que interioriza as questões, que toma as suas sensatas decisões. Calou-se por um momento, fitou Jony com um ar sério e disse:
- Partiste um dia convencido que não precisavas de mim. Eras o maior. Senhor do teu destino. Passados estes anos todos voltas…. e vens ter comigo a pedir ajuda. Que sei eu do negócio de unhas do Bicho Grande das Neves? Em que te poderei ajudar? Eu que sou um humilde homem… que apenas percebo de iscas, vinho tinto e dominó.
- Por favor Dom Caxias… perdoe-me e ajude-me… – Implorou Jony.
Jony sabia o que tinha a fazer. Teria que prestar a devida vassalagem ao Padrinho no ritual secular. Cantando a famosa música “Dom Caxias é bom companheiro”, teve que o transportar ás cavalitas pelo Bairro das Palmeiras durante hora e meia. Depois disso juntou-se a nós na patuscada. Era de novo um dos nossos. O negócio das unhas de Yeti tornara-se agora um mercado alvo da Organização.
- Onde estão as minhas azeitonas? Azedini, onde estão a porra das minhas azeitonas? – Perguntou Crazy “Olives” já em desespero.
- Oh meu… passa mas é para cá a vinhaça. – Ordenou Santini Seducer.
- Eu cá quero é água! – Exclamou Angelo Stylish quase ao mesmo tempo.
Ao ver um Azedini totalmente perdido decidi pôr alguma calma na situação:
- Vá lá pessoal… o homem é só um…
- É só um uma merda!!!!! Eu tenho fome! Eu quero comer. – Gritou Benedito Sparks com o seu esbugalhar de olhos tão característico.
É fácil adivinhar que se iniciou uma discussão. As azeitonas do Crazy, que entretanto tinham chegado, serviram para arremesso. Nisto entrou pela porta principal um indivíduo ainda jovem, de estatura média, de estrutura larga. Vinha vestido à motard, trazendo um capacete na mão. Parou no meio da Tasca e sem olhar para nós exclamou:
- Quero falar com Dom Caxias. Alguém sabe onde o posso encontrar?
Reconheci logo aquela voz. Era o Jony. Um velho amigo que tinha saído em tempos da Organização.
- Olha quem é ele! – Disse eu – Sim senhor… já lá vai muito tempo. Que te traz por cá?
- Olha o Talk! – Disse ele sorrindo abertamente. - Pensava que já não estavas por aqui. Ehhh… e os outros cromos todos também ainda aqui estão!!!
Esta última frase, como se pode calcular, não caiu muito bem. Para evitar males maiores levei-o sem perder mais tempo ao encontro de Dom Caxias.
Dom Caxias ficou surpreendido. Não esperava aquela visita. Sentou-o numa cadeira de madeira gasta pelo tempo, em frente da sua secretária. Nós os cinco sentámo-nos onde podíamos para sabermos o que se passava, a fome tinha passado misteriosamente.
Com algum acanhamento Jony lá foi explicando as razões da sua visita:
- Dom Caxias… venho pedir a sua ajuda. O meu negócio na transacção de Unhas de Yeti não anda nada bem. Entrou no mercado um tal de Martelini. O tipo consegue vender o produto a metade do preço, para além de conseguir amolecer as unhas, o que é considerado uma vantagem em qualquer restaurante chinês. Está a roubar-me a clientela toda. Não sei que fazer…
Dom Caxias iniciou então o seu típico ritual: olhou o tecto fazendo uma estranha careta, bateu com o cachimbo na secretária, colocou tabaco no cachimbo acendendo-o com o isqueiro da bic que lhe ofereci no Natal, deu uma passa e começou a cantarolar um antigo êxito dos Modern Talking numa “língua” que apenas ele compreende. É assim que reflecte. É assim que interioriza as questões, que toma as suas sensatas decisões. Calou-se por um momento, fitou Jony com um ar sério e disse:
- Partiste um dia convencido que não precisavas de mim. Eras o maior. Senhor do teu destino. Passados estes anos todos voltas…. e vens ter comigo a pedir ajuda. Que sei eu do negócio de unhas do Bicho Grande das Neves? Em que te poderei ajudar? Eu que sou um humilde homem… que apenas percebo de iscas, vinho tinto e dominó.
- Por favor Dom Caxias… perdoe-me e ajude-me… – Implorou Jony.
Jony sabia o que tinha a fazer. Teria que prestar a devida vassalagem ao Padrinho no ritual secular. Cantando a famosa música “Dom Caxias é bom companheiro”, teve que o transportar ás cavalitas pelo Bairro das Palmeiras durante hora e meia. Depois disso juntou-se a nós na patuscada. Era de novo um dos nossos. O negócio das unhas de Yeti tornara-se agora um mercado alvo da Organização.
5 comentários:
Dom Caxias, Benedito Sparks, grande malucada :-)
Continuo à espera da Guerra das Estrelas.
a guerra de padrinhos de um lado os "jaquinzinhos" fritos do outro o spaguetti...e macarrão da sicilia..ou será napoles...a camorra
Microbio:
Também já estás linkado
francis:
Depois desta vem a Star Wars versão i-glamour
carlos barros:
É mais uma guerra à portuguesa...dum lado os janquizinhos do outro os pastéis de bacalhau :-)
Um abraço a todos e bom fim-de-semana.
Talk... falar do Martelini e do Jony agora é que já não falta “quase” ninguém, Meu Deus falar destes meninos… até do menino do Mundo. Um grande abraço para ti e boa sorte para mais este “conto”.
Enjoyed a lot! » »
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