Mais um texto do grande Zé Caxias:
“Renegado da minha terra (a Ilha do Rato) pela baixa da maré, aqui fico, preso no Continente, com o olhar perdido na imensidão do Mar da Palha. Nem os pezinhos de dança na Cleópatra me fazem sair desta carga nostálgica que me afecta a mente e o charme. A minha barcaça, herdada do meu “treta” avô, Fred o Marinheiro, permanece no cais seco aguardando a volta da maré. Espero que a maré demore a voltar pois com aquele casco roto e com o cabo que devia estar a prender a barcaça a fazer de estendal da roupa lá no quintal da Tia Albertina, acho que é bem capaz de se perder a herança centenária nos lodos do Tejo.
Ainda não tinha referido a tia Albertina, mulher cativante, tem a cultura de um pau de vassoura, a educação de um rinoceronte e a bondade de um pontapé no cu com botas de biqueira de aço. É mulher do enorme Jaquim Zarolho, corsário ao serviço do Capitão Migas no “Madalena do Gaio”. O trabalho do Jaquim é assaltar cacilheiros e canoas desportivas no Mar da Palha, a tia Albertina é dona de casa e nas horas livres faz negócio ilícito de venda de rifas. Casal espantoso. Em breve conto estar com eles. Provavelmente na próxima semana, altura em que acaba o prazo de 2 meses que a Tia me deu para pagar os dois contos de réis que me cobrou pela bainha das calças que comprei na Feira da Moita nos saldos. Um até um dia daqueles para todos vós e para todos nós também.”
terça-feira, março 08, 2005
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