O grande jornalista musical, Ricky Valentim, que escreve para o Pasquim do Rato, na secção de Cultura e Recreio, indicou-nos o Sexy Sparks dizendo: “Maltinha, aquele tipo vai levar-vos longe. Foi ele que tornou os Boca Seca naquilo que eles são hoje, será um manager 5 estrelas”.
O Café Bitola, na Praça do Coco do Padre, é o local onde Sexy Sparks passa os fins de tarde, agarrado a uma caneca de moscatel com limão, comendo rissóis de camarão e lendo livros de BD.
Foi nesse mesmo estabelecimento que encontrámos o Sparks pela primeira vez. Chegámos ao local por volta das 4 da tarde, num dia frio e chuvoso de Inverno. Nenhum sinal dele. Sentámo-nos e pedimos à empregada de mesa que nos servisse enquanto aguardávamos ansiosamente por aquele que viria a ser o nosso manager. Eu pedi o habitual, chá de tília e uma sandes de torresmos regada em vinagre, Mr. Stylish optou pela canja de galinha, água morna, sabão e tremoços, Rebel Seducer bebeu um bagaço e comeu uma bola de Berlim, Crazy Charme pediu um café e … um palito.
A chegada de Sexy Sparks foi simplesmente surreal. A áurea luminosa que imanava deixou-nos estupefactos, boquiabertos até. As botas de borracha amarelas e o turbante ao estilo Ali Baba davam-lhe um ar quase “cool”, o jeito de andar tipo militar, mas como se tivesse calos nos pés, transportavam-no para níveis de estilo ainda por trilhar. Trazia ao pescoço um cordel do qual pendia um transístor, donde brotavam vozes esganiçadas, com informações preciosas sobre o tempo, o trânsito e tratamentos de beleza, nos intervalos ouviam-se excertos de música pop. Sentou-se junto às casas de banho e exclamou. “Moça, traz-me o costume se faz favor, hoje quero ler o Incrível Hulk”. Abeirei-me e questionei-o: “Olá Sparks, eu sou o Talk Talk, não sei se já ouviste falar dos i-glamour?”. Com a calma que o caracteriza replicou: “Hã? É pá eu não ligo a essas coisas da religião, por favor queira retirar-se que eu quero lanchar sem ser incomodado”. Fiquei imóvel. Com a chegada da sua dose diária tentei mudar a conversa mostrando-me interessado: “Vejo que gostas do Hulk, eu gosto mais do Surfista Prateado, aquele que anda pelos ares em cima duma prancha!”. A resposta foi decisiva para a nossa futura relação: “É pá não me chateies ok? eu estou-me a borrifar para esse larilas da prancha e para a tua religião mene, dá o bazo e deixa-me comer em paz, estou farto de aturar malaicos como tu pá!” Por vezes a retirada é a melhor estratégia. Por vezes é bom dar um passo atrás para depois avançar dois passos à frente. Eu penso assim. Rebel Seducer não. Num salto voou para cima da mesa do Sparks. O poderoso Hulk foi rasgado em dois tempos, a caneca de moscatel percorreu os 6 metros que separavam a mesa, onde se encontrava repousada, da arca dos gelados. “Vais ouvir o Talk Talk ou preferes um banco nos cornos?” perguntou o Seducer num tom um pouco mais alterado. A nova estratégia resultou. Conseguimos explicar ao Sexy Sparks o que éramos. Ele ouviu, compreendeu, mostrou-se entusiasmado. Tornou-se nosso manager.
Desde então temos tido uma relação profissional baseada no rigor e uma amizade marcada pela cumplicidade. Eu comecei a ver com outros olhos o Incrível Hulk, ele agora lê o Surfista Prateado.
O Café Bitola, na Praça do Coco do Padre, é o local onde Sexy Sparks passa os fins de tarde, agarrado a uma caneca de moscatel com limão, comendo rissóis de camarão e lendo livros de BD.
Foi nesse mesmo estabelecimento que encontrámos o Sparks pela primeira vez. Chegámos ao local por volta das 4 da tarde, num dia frio e chuvoso de Inverno. Nenhum sinal dele. Sentámo-nos e pedimos à empregada de mesa que nos servisse enquanto aguardávamos ansiosamente por aquele que viria a ser o nosso manager. Eu pedi o habitual, chá de tília e uma sandes de torresmos regada em vinagre, Mr. Stylish optou pela canja de galinha, água morna, sabão e tremoços, Rebel Seducer bebeu um bagaço e comeu uma bola de Berlim, Crazy Charme pediu um café e … um palito.
A chegada de Sexy Sparks foi simplesmente surreal. A áurea luminosa que imanava deixou-nos estupefactos, boquiabertos até. As botas de borracha amarelas e o turbante ao estilo Ali Baba davam-lhe um ar quase “cool”, o jeito de andar tipo militar, mas como se tivesse calos nos pés, transportavam-no para níveis de estilo ainda por trilhar. Trazia ao pescoço um cordel do qual pendia um transístor, donde brotavam vozes esganiçadas, com informações preciosas sobre o tempo, o trânsito e tratamentos de beleza, nos intervalos ouviam-se excertos de música pop. Sentou-se junto às casas de banho e exclamou. “Moça, traz-me o costume se faz favor, hoje quero ler o Incrível Hulk”. Abeirei-me e questionei-o: “Olá Sparks, eu sou o Talk Talk, não sei se já ouviste falar dos i-glamour?”. Com a calma que o caracteriza replicou: “Hã? É pá eu não ligo a essas coisas da religião, por favor queira retirar-se que eu quero lanchar sem ser incomodado”. Fiquei imóvel. Com a chegada da sua dose diária tentei mudar a conversa mostrando-me interessado: “Vejo que gostas do Hulk, eu gosto mais do Surfista Prateado, aquele que anda pelos ares em cima duma prancha!”. A resposta foi decisiva para a nossa futura relação: “É pá não me chateies ok? eu estou-me a borrifar para esse larilas da prancha e para a tua religião mene, dá o bazo e deixa-me comer em paz, estou farto de aturar malaicos como tu pá!” Por vezes a retirada é a melhor estratégia. Por vezes é bom dar um passo atrás para depois avançar dois passos à frente. Eu penso assim. Rebel Seducer não. Num salto voou para cima da mesa do Sparks. O poderoso Hulk foi rasgado em dois tempos, a caneca de moscatel percorreu os 6 metros que separavam a mesa, onde se encontrava repousada, da arca dos gelados. “Vais ouvir o Talk Talk ou preferes um banco nos cornos?” perguntou o Seducer num tom um pouco mais alterado. A nova estratégia resultou. Conseguimos explicar ao Sexy Sparks o que éramos. Ele ouviu, compreendeu, mostrou-se entusiasmado. Tornou-se nosso manager.
Desde então temos tido uma relação profissional baseada no rigor e uma amizade marcada pela cumplicidade. Eu comecei a ver com outros olhos o Incrível Hulk, ele agora lê o Surfista Prateado.
2 comentários:
Versão Moebius, espero. ;-)
Ai ai a minha edição especial numero 4053 do indomável e incrível Hulk. Quando esta cena aconteceu estava a olhar de relance para a mesa, dos meus companheiros, e reparei que o bagaço que Rebel Seducer bebia, ( também utilizado nas situações mais severas de desentupimento de tubagens industriais ), não era a reserva especial do boteco, pelo que compreendi que a serenidade de Rebel Seducer tinha sido atingida pelo ardor ligeiramente caustico da bebida. Com isto em mente senti, de imediato, um respeito inigualável pelo bom gosto do meu amigo Rebel Seducer e é claro senti-me impelido a ouvir a historia daqueles estranhos, ou será que foi por causa do amargo sabor de ter perdido uma revista do Hulk....hã não sei, bem vou beber o meu copo de três com uma chamuça, a servir de acompanhamento, e reflectir sobre esta duvida.
Desde já o meu abraço a tão bons companheiros
Crazy Charme
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