segunda-feira, agosto 22, 2005

Luz que perdurará

Ultraviolet (ligth my way)

Sometimes I feel like I don't know

Sometimes I feel like checkin' out
I want to get it wrong
Can't always be strong
And love it won't be long...
Oh sugar, don't you cry
Oh child, wipe the tears from your eyes
You know I need you to be strong
And the day is as dark as the night is long
Feel like trash, you make me feel clean I
'm in the black, can't see or be seen
Baby, baby, baby...light my way
You bury your treasure
Where it can't be found
But your love is like a secret
That's been passed around
There is a silence that comes to a house
Where no one can sleep
I guess it's the price of love
I know it's not cheap Baby, baby, baby...light my way
I remember
When we could sleep on stones
Now we lie together
In whispers and moans
When I was all messed up
And I had opera in my head
Your love was a light bulb
Hanging over my bed Baby, baby, baby...light my way

(Letra duma música dos U2)



Personagem dum conto de fadas, princesa
Menina dos cabelos aos caracóis doirados
Na memória do teu sorriso afogo a tristeza
(Quantos corações ficaram despedaçados!!)

Foste como um cometa, belo e cintilante
Deixando um rasto de cores, cheia de vida
Partiste como chegaste, inesperadamente
Mas a tua Luz perdura, não será esquecida


(Em memória duma amiga)

Em Setembro, se Deus quiser, regressa o Humor (ou a tentativa de). Desculpem-me a falta dele neste momento.

sexta-feira, agosto 12, 2005

O cachimbo do Pedrito Bodega


O dia começou quente. O anseio de ir trocar algumas palavras com um vulto da região, mítico, banhado em intelectualidade, de cultura robusta, tinha-me feito dormir apenas 11 horas de um sono leve e desconfortável. O caminho até à Pastelaria “Je Suis”, no Bairro Alentejano, foi feito em meditação, compondo ideias, alinhando pensamentos, ordenando factos.
Foram-me concedidos 30 minutos de conversa, que eu iria aproveitar até ao limite, sugaria o máximo, iria tentar espremer o intelecto de Pedrito Bodega, como se duma laranja sumarenta se tratasse.
Entrei pela primeira vez na famosa Pastelaria. Vozes amigas tinham-me revelado que se tratava dum local de conversas desconcertantes, encontro de jornalistas populares, de críticos, de fazendeiros, de homens do toiro, de leitores de livros de Supermercado, de simples comedores de bolos compulsivos. Pedrito encontrava-se sentado junto à montra. Personagem fantástica. Cabelo à Rod Stewart mas preto e um pouco despenteado, óculos redondos minúsculos, barba preta de 4 anos, cachimbo enorme e delgado, lenço no pescoço, colete à turista britânico, calças de bombazina castanhas e botas de cavaleiro. Nem reparou na minha entrada, estava submerso nas suas leituras, no mundo impar de Bob Aspegic, mastigando um pão-de-leite com manteiga e bebendo um garoto. Aproximei-me timidamente e iniciei o diálogo por aí mesmo:
T.T. – Sr. Pedrito um grande bem-haja para si. Então, em que leituras caminha?
P.B. – Olá Talk Talk. É uma leitura fantástica sobre o Graal e os Templários. Este Bob Aspegic tem uma cultura vastíssima. Debruçou-se em estudos intensos durante semanas antes de escrever esta obra-prima. É mais um que contraria a teoria de que o Graal é uma caderneta do México 86.
T.T. – E então o que é para ele o Graal?
P.B. – Uma Lata de Coca-Cola com uma pastilha elástica mascada pelo Elvis introduzida no seu interior. Há provas que não dão para negar. Há fotografias e tudo. O próprio Bob é descendente dum antigo cavaleiro templário canadiano que emigrou para os E.U.A., fugindo à Inquisição.
T.T. – Estou com espasmos de espanto!!! Diga-me outra coisa Sr. Pedrito, o que o faz vir aqui a esta Pastelaria?
P.B. – O ambiente é magnífico, o pão-de-leite divinal e respira-se intelectualidade logo quando se entra.
T.T. – Mas oh Sr. Pedrito, isso não será do cachimbo?

quarta-feira, agosto 10, 2005

Falar do Talk Talk

Alguém reparou que se tinha falado, de forma particular, de todos os membros da banda com excepção de mim, o Talk Talk. Rebel Seducer está ocupado com os seus afazeres na Cruz de Pau, onde trabalha numa Pedreira, aproveitando o facto para treinar as suas coreografias de palco. Crazy Charm encontra-se numa fase de puro glamour místico, perdido entre o limbo e as brumas da sedução, preso a recantos onde se ouve o chilrar de pardais e a voz de soprano do Peru das Neves. Restava eu para falar de…mim.
Mas afinal quem é o Talk Talk? Que figura se esconde por detrás do baixo e sob a túnica verde azeitona?
Um alguém como qualquer outro, que certo dia, numa manhã de Outono, decidiu formar uma banda. Corria o ano de 1995, viviam-se tempos simplistas de grandes bandas como os Boca Seca ou os Sedated Animals in Pain, percursores desse distinto e mítico movimento chamado Granja, o som da Vinha das Pedras. Era um som magnífico, brutal, mas no entanto reflectia um estilo elementar, baseado em acordes, letras e vodka. Havia algo de novo que poderia ser criado. Porque não introduzir o charming punk no rock progressivo? E é aí que surge o ideal i-glamourico, baseado no estilo, na intelectualidade, no charme, na louca sedução e no vinho tinto com iscas, acompanhado com um pratinho de azeitonas e 300 gramas de torresmos.
E é isso que o Talk Talk é. Um porta-voz dos i-glamour, defensor desse ideal, criador de metáforas, sonhador, destruidor de botões de camisa, consciente, talvez um pouco sério de mais…a vida por vezes deveria ser levada mais na brincadeira. Há quem pense que o Talk Talk não existe, que é apenas uma virtual personagem, um desabafo dentro dum tipo reservado e socialmente correcto. Quem conhece o Talk Talk que diga de sua justiça…

terça-feira, agosto 09, 2005

Patanisca Tour


O conceito é simples: Um tractor a puxar um atrelado (o patanisca mobile), música ambulante ao longo das ruas e avenidas da região, pessoas que se aproximam formando um comboio ao melhor estilo duma festa de casamento (com o “Apita o Comboio” tocado numa versão mais virada para o charming punk rock), baldes de água lançados das janelas para refrescar os membros da banda, coiratos no pão e línguas da sogra oferecidos pelos próprios músicos aos fãs que se encontram em êxtase. É isto a Patanisca Tour. Em cada concerto/viagem uma denominação, um percurso turístico, seguido pelos populares em fila indiana a pé, de burro ou de trotinete.
Neste último fim-de-semana foi a vez do “Circuito Xangai”, percorrendo-se as ruas da Baixa da Banheira, desde o Coco do Padre até ao Bairro dos Calvos no Vale da Amoreira. A meio do percurso uma senhora mais entusiasmada lançou ao palco móvel um garrafão de vinho, ficando Rebel Seducer com um alto na cabeça do tamanho da Serra da Arrábida. Não fosse a intervenção rápida de Zé Caxias, com a sua dança Kuduro em pleno palco e de Licínio Chispes, com a confiscação e ocultação do garrafão e os ânimos tinham-se exaltado a sério.
O jogo de luzes mostra-se fulcral para o sucesso desta digressão. O Arraial montado no patanisca mobile é um misto de árvore de Natal e de videoclips de Disco Sound dos anos 70. Para fornecimento de tanta energia contamos com o pilha humana/manager da banda Sexy Sparks, pólo positivo na boca, pólo negativo no…dedo grande do pé direito.
O concerto acabou por demorar mais do que o desejado, tendo um prolongamento de cerca de 45 minutos. O atraso deveu-se à empatia criada entre banda e fãs (que no entanto sofreu alguns reveses quando terminaram os coiratos e as línguas da sogra) mas também devido a Ti’Bezana, que fez parar a “Comitiva” atravessando-se na estrada, na sua conhecida imitação do Michael Jackson, versão “câmara lenta”.

segunda-feira, agosto 08, 2005

O 1º Encontro com Sexy Sparks – O manager dos i-glamour

O grande jornalista musical, Ricky Valentim, que escreve para o Pasquim do Rato, na secção de Cultura e Recreio, indicou-nos o Sexy Sparks dizendo: “Maltinha, aquele tipo vai levar-vos longe. Foi ele que tornou os Boca Seca naquilo que eles são hoje, será um manager 5 estrelas”.
O Café Bitola, na Praça do Coco do Padre, é o local onde Sexy Sparks passa os fins de tarde, agarrado a uma caneca de moscatel com limão, comendo rissóis de camarão e lendo livros de BD.
Foi nesse mesmo estabelecimento que encontrámos o Sparks pela primeira vez. Chegámos ao local por volta das 4 da tarde, num dia frio e chuvoso de Inverno. Nenhum sinal dele. Sentámo-nos e pedimos à empregada de mesa que nos servisse enquanto aguardávamos ansiosamente por aquele que viria a ser o nosso manager. Eu pedi o habitual, chá de tília e uma sandes de torresmos regada em vinagre, Mr. Stylish optou pela canja de galinha, água morna, sabão e tremoços, Rebel Seducer bebeu um bagaço e comeu uma bola de Berlim, Crazy Charme pediu um café e … um palito.
A chegada de Sexy Sparks foi simplesmente surreal. A áurea luminosa que imanava deixou-nos estupefactos, boquiabertos até. As botas de borracha amarelas e o turbante ao estilo Ali Baba davam-lhe um ar quase “cool”, o jeito de andar tipo militar, mas como se tivesse calos nos pés, transportavam-no para níveis de estilo ainda por trilhar. Trazia ao pescoço um cordel do qual pendia um transístor, donde brotavam vozes esganiçadas, com informações preciosas sobre o tempo, o trânsito e tratamentos de beleza, nos intervalos ouviam-se excertos de música pop. Sentou-se junto às casas de banho e exclamou. “Moça, traz-me o costume se faz favor, hoje quero ler o Incrível Hulk”. Abeirei-me e questionei-o: “Olá Sparks, eu sou o Talk Talk, não sei se já ouviste falar dos i-glamour?”. Com a calma que o caracteriza replicou: “Hã? É pá eu não ligo a essas coisas da religião, por favor queira retirar-se que eu quero lanchar sem ser incomodado”. Fiquei imóvel. Com a chegada da sua dose diária tentei mudar a conversa mostrando-me interessado: “Vejo que gostas do Hulk, eu gosto mais do Surfista Prateado, aquele que anda pelos ares em cima duma prancha!”. A resposta foi decisiva para a nossa futura relação: “É pá não me chateies ok? eu estou-me a borrifar para esse larilas da prancha e para a tua religião mene, dá o bazo e deixa-me comer em paz, estou farto de aturar malaicos como tu pá!” Por vezes a retirada é a melhor estratégia. Por vezes é bom dar um passo atrás para depois avançar dois passos à frente. Eu penso assim. Rebel Seducer não. Num salto voou para cima da mesa do Sparks. O poderoso Hulk foi rasgado em dois tempos, a caneca de moscatel percorreu os 6 metros que separavam a mesa, onde se encontrava repousada, da arca dos gelados. “Vais ouvir o Talk Talk ou preferes um banco nos cornos?” perguntou o Seducer num tom um pouco mais alterado. A nova estratégia resultou. Conseguimos explicar ao Sexy Sparks o que éramos. Ele ouviu, compreendeu, mostrou-se entusiasmado. Tornou-se nosso manager.
Desde então temos tido uma relação profissional baseada no rigor e uma amizade marcada pela cumplicidade. Eu comecei a ver com outros olhos o Incrível Hulk, ele agora lê o Surfista Prateado.

sexta-feira, agosto 05, 2005

As Caxiadas - Canto II

O Descobrimento da Ilha do Rato

E lá foi Fred Caxias pelo Mar da Palha
Guiado pelas chaminés do Barreiro
Passou junto ao Tollan, que Deus lhe valha
Que permaneça adormecido o velho cargueiro
Quando avistou a Barra a Barra, Cabo canalha
Pesadelo de navegantes em dias de nevoeiro
Um calafrio na espinha o herói sentiu
Estava perto do seu primeiro desafio

A grandeza do Cabo deixava-o preocupado
Mas o azul do céu dava-lhe alento
Rezando e remando no mar encrespado
Dobrou-o finalmente com grande talento
Mas depois veio o negrume, o céu nublado
E um cheiro sinistro, por demais pestilento
Gases cuspidos das chaminés do Barreiro
Provavam que o Mar da Palha era bem traiçoeiro

O terrível Amoníaco deixava-o almareado
Quase nem pensava no Caminho a descobrir
Chegar à Moita estava a ficar complicado
O sonho estava mais longe de se cumprir
É então que no horizonte enevoado
Um manto branco, nova esperança a surgir
Eram os areais duma Ilha Encantada
Que finalmente tinha sido encontrada


in Caxíadas, de Zé Caxias

Cimeira do Butongo – Paz Politica Finalmente

A Taberna do Butongo, ex-libris da Fonte da Prata, serviu de palco a uma cimeira bilateral, onde Pedrito Bodega e o próprio Zeca Butongo (proprietário do estabelecimento) serviram de intermediários. De um lado Zé Caxias, do outro a dupla dissidente Tio Bento e Albino Calhau. Se inicialmente as coisas pareciam frias, com trocas de acusações e olhares de inimizade, aos poucos, depois de meia dúzias de ginjas, vieram os sorrisos, as piadas, as histórias antigas e tudo voltou ao normal. A estabilidade política regressou à Ilha do Rato.
Chegando-se facilmente a consenso foi tempo de assinar o tratado, o qual depois de carimbado foi levado sem demoras para a Torre do Lombo, ficando depositado na secção 3, junto aos enchidos e aos rojões. Para quem quiser consultar este documento estará identificado pelo VMC (código de identificação – Vinho a Martelo Code) com o nº 144/05 – Estádio 8. Este estádio corresponde na escala criada e mantida pelo arquivista Ti’Bezana a um pré-coma alcoólico do próprio.
Deste tratado constam os itens que passamos a descrever:

  1. Albino Calhau e Tio Bento aceitam unilateralmente os direitos hereditários de Zé Caxias sobre a Ilha do Rato, prometendo defender esses direitos quando estes forem ameaçados;
  2. Zé Caxias aceita criar o Ministério do Vinho, do Dominó e das Outras Culturas Taberneiras, que será tutelado pelo Tio Bento;
  3. Serão fornecidos apoios a agricultores que pretendam proliferar a cultura da alcagoita, vulgo amendoim, sendo criada uma Secretaria de Estado própria, que ficará na alçada do Ministério atrás referido.
  4. A Albino Calhau serão entregues 6 fardos de palha para o burro que tem a pastar no terreno da Lagoinha.
  5. Albino Calhau ficará também com uma quota de 12% sobre os lucros totais do futuro IVAM (Imposto Vinho A Martelo), a ser cobrado em todas as Tascas e Adegas. Reformados e menores de 16 anos ficam isentos do seu pagamento;

quinta-feira, agosto 04, 2005

Crise politica na Ilha do Rato – Carta Aberta de Zé Caxias aos cidadãos Tio Bento e Albino Calhau

Zé Caxias não podia ficar quieto. Aqui está a sua resposta:

“Caros concidadãos:

É com mágoa que leio o nefasto manifesto com que me apunhalam as costas. Por vós nutro sentimentos de pura amizade, de camaradagem, de afecto que apenas é possível após anos e anos de convívio. Por momentos esqueci as nossas jogatanas de dominó na tasca do Azedo, as cervejas por nós ingeridas na cadência duns tremoços trincados, as loucas noites de Dança Terapêutica na Cleópatra onde juntos seduzíamos viúvas e divorciadas. Que é feito dessa amizade? Para onde partiu esse salutar convívio?
Agora vêm falar-me em Democratização da Ilha, em eleições… isto parece o fim da macacada!
Albino Calhau, tu que durante anos dominaste as águas ocidentais do mar da Palha. Como Corsário foste grande, como politico és nada. Pretendes servir os teus interesses pessoais, sabes que o contrabando de uísque de Alverca já não é o que era, sentes que o vinho Carrascão é agora o elixir da nossa região e pretendes deitar-lhe a mão. Falharás.
Tio Bento que decepção!!!! Mais uma vez morde na mão que lhe deu de comer. Nutro grande respeito por si. Ainda me lembro de ir à pesca com o meu Pai e consigo. Recordo-me de apanharmos tanto peixe que o meu Pai era obrigado a atirar o Tio ao rio para o barco não afundar. Lembro-me da vez em que me bateu à porta dizendo: “Zé, acabou-se-me as reservas de tinto e de alcagoitas, posso pernoitar aqui?”. E que fiz eu? Deixei-o entrar. Ali ficou durante 4 meses. Não deu para mais, os vizinhos já não aguentavam ouvir (e cheirar) o “Fado das Iscas”, tocado naquela sua versão alternativa que eu ternamente baptizei de Descargas do Tio Bento.
Espero sinceramente que reconsiderem este vosso impensado acto.


Com os melhores cumprimentos

Zé Caxias, Barão da Ilha do Rato”


Nota do Editor: Aproveito para tornar público que os membros dos i-glamour são totalmente alheios a esta crise politica que assola a Ilha do Rato, permanecendo logicamente neutrais.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Movimento Vinícola pela Democratização da Ilha do Rato – Crise Politica Instalada

A proposta até pode parecer absurda. Um grupo de cidadãos, encabeçados por Tio Bento e Albino Calhau, entregaram em mãos a Zé Caxias um manifesto com mais de 5 assinaturas, onde expõem uma série de reivindicações, relativas ao futuro Estado da Ilha do Rato. Passemos a descrever:

“ Exmo. Sr. Auto-intitulado Barão da Ilha do Rato,

É sem malícia, mas com grande preocupação politica, que vimos por este meio expor as nossas ideias, reflectidas e organizadas em estado de suave embriaguês, relativas àquilo que achamos que deva ser um Estado do Rato, independente, plural e democrático. Passando a citar:

1. Achamos que um estado monárquico não é a solução. Exigimos eleições presidenciais. Tio Bento será o candidato deste movimento.

2. As eleições não deverão ser realizadas nas 3 semanas seguintes à festa da Moita, altura em que o nosso candidato e a maioria dos seus apoiantes vivem o período do chamado “Ramadão do Vinho”, que torna, como sabe, impossível qualquer acto democrático como é o caso do voto.

3. Após a Eleição como Presidente será concedido a Tio Bento um período nunca inferior a 6 meses para se recompor da campanha eleitoral, para reflectir um pouco sobre o futuro da Ilha e para ter tempo para se despedir das tabernas, adegas e pipas de vinho que ficarão no Continente.

4. O Desporto Nacional será o Despejo de Copo 3 e nunca o Descascamento de Ervilhas ou o Futebol como é o desejo de V.Exa.

5. Ao contrário do pretendido por V.Exa. (com o turismo e os jogo a serem a base económica da Ilha), pretendemos a proliferação de tascas e adegas, servindo estas de base a um Economia de vanguarda, ligada ao consumo vinícola e às patuscadas.


Sem mais, nos despedimos com a máxima consideração,

Movimento Vinícola pela Democratização da Ilha do Rato”

terça-feira, agosto 02, 2005

O Amor – Sim, porque o Talk Talk também pode falar de amor

Por vezes, perdido no glamour duma banda de charming pop punk rock, a tocar perante unidades de fãs, criando o Estilo, reinventando a música, esquecemo-nos do Amor. E ele existe. Não me refiro ao amor da banda, presente nos pontapés no traseiro, com botas da tropa, que de forma generosa Rebel Seducer nos brinda, ou no olhar terno que Mr. Stylish deixa transparecer quando olhamos para as suas costas, ou ainda à forma amiga com que Crazy Charm, com dois cigarros na boca, nos diz: “Está bonito isto… assim não vais longe não”. Também não me refiro ao amor dos fãs, a todas aquelas manifestações de carinho, aos pastéis de bacalhau lançados ao palco, às moedas de 5 cêntimos jogadas a nossos pés, aos “motivadores” gritos de puro êxtase musical, às perseguições de carro…
Refiro-me ao Amor. Aquele que é cantado tantas e tantas vezes. Aquele que inspira os poetas. Aquele que sinto pela minha Anusca Talk.
Conheci-a numa tarde num festival de música Punk realizado nos Armazéns da Recosta, vai para 6 anos. A química entre nós foi instantânea, eu mandei um piropo repleto de charme, ela respondeu com um atentado contra o meu abono de família. Agradeço-lhe por isso, desde então o meu estilo de tocar viola baixo adquiriu níveis de criatividade nunca vista, num misto de dança russa, break dance e cha cha cha.
Acabámos por casar faz hoje dois anos. Obrigado por me aturares Anusca. Sem ti o Talk Talk não era o que é.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Casamento Molhado, Casamento Abençoado

“Facadas” Canhoto deu o nó. Após meses de namoro com a veterana dançarina exótica Berta, o nosso poeta popular deixou a turma dos solteiros, entregando-se à sua amada numa cerimónia simples mas repleta de simbolismo e glamour. Todos os notáveis da região estiveram presentes, incluindo claro os membros dos i-glamour.
A cerimónia propriamente dita teve lugar no Bar Sedução, local onde os noivos se conheceram, sendo presidida pelo Pastor Alcides Boateiro. Alcides é chefe da Igreja da Terra e do Paraíso, sedeada no Vale da Amoreira, para além de ser também relações públicas do Bar, pintor da construção civil e ainda tem tempo para gerir um pequeno negócio de ervas importadas, ao que consta, do Brasil. Berta é crente desta Fé e fez questão de casar segundo a sua religião. “Facadas”, sabendo do mau feitio de Berta, não quis contrariar a noiva.
O noivo ia num estilo único e irreverente. O fato foi criado pelo Silas Maia, um estilista de etnia cigana que costuma vender os seus trabalhos nas Feiras da Moita e Azeitão e também junto à prisão do Pinheiro da Cruz. Num “Azul Selecção da Argentina”, a cair de forma magistral na camisa amarela e gravata rosa choque, o fato do noivo foi um caso sério de popularidade entre os convidados.
A noiva decidiu-se pela tradição, optando por um vestido branco comprado na Loja Miss Miss. Esta loja situa-se na Rua de Trás-os-Montes, na Baixa da Banheira. Embora seja especialista em cortinados e panos de mesa, a Dona Maria (proprietária da loja) deu um jeito e fez um vestido bastante aceitável.
Após a troca de alianças foi tempo de partir para a festa. Zé Caxias cedeu a sua propriedade na Fonte da Prata. Quinze metros quadrados junto ao Rio, ao dispor dos 60 convidados (ao que se juntaram mais 30/40 curiosos), em contacto permanente com a natureza selvagem (Caxias ainda não domesticou os ratos e os mosquitos) e com os odores da maré-baixa.
Com o repasto servido pela tasca do Azedo e com a música dos Bicho Boys e dos i-glamour a festa prolongou-se. Até se prolongou demais. Ninguém reparou na subida da Maré que inundou o espaço. Mas é como diz o povo.”Casamento molhado, casamento abençoado”.