sexta-feira, outubro 13, 2006

A história de Rocky – Parte III

Lino Chelas era um tipo com sorte. Calhava sempre estar no lugar certo à hora certa, ou por outro lado, a evitar o lugar errado na hora errada. Até no dia em que acabou para o boxe, essa sina o acompanhou. O tareão que levou do Ulisses Melro deixou-o em coma, então já não foi ter com a amante, como era hábito fazê-lo após os combates. O marido cornudo, aguardava-o à esquina com uma caçadeira pronta a rebentar-lhe com os miolos. Chelas acabou por não aparecer, uma vez que passou essa noite (e as 130 subsequentes) no Hospital de São José.
No sítio certo à hora certa, Lino Chelas observou o espancamento de Rocky aos malfeitores. Regressava da fisioterapia e era comum passar por ali, embora a hora diferente. Um copo 3 na Taberna do Silva e uma “regadela às azeitonas” nos canaviais junto à linha do comboio tinham feito que se atrasasse cerca de 30 minutos.
Ficou estupefacto. Viu ali um potencial pugilista, capaz de dominar o boxe na categoria de pesos pesados. Precisava apenas duns retoques. Quando o viu mais calmo, aproximou-se e meteu conversa:
- Olá jovem. Já ouviste falar no Ginásio do Chelas? Ensinamos boxe ao pessoal… acho que eras capaz de ter jeito para a coisa, estás interessado?
- LUTAR NÃO. LUTAR NÃO – Articulou Rocky de forma rude.
- Mas não é uma luta rapaz… é um desporto, é bom para a saúde. Não ouves o que dizem os médicos pá?
- DESPORTO? AHHRHHRHRHR RHRHRURURURURUR. SIM. BOXE DESPORTO ENTÃO SIM!
Na manhã seguinte lá estava Rocky no ginásio. Vinha vestido a preceito. Fita na cabeça, calções pretos, camisa de manga cava que de tão curta lhe dava pelo meio do tronco, deixando a pelugem da barriga ao léu.
Sem grandes demoras Chelas começou a treinar o seu futuro campeão. Ensinou-lhe a filosofia do pugilismo, os golpes, os gestos. Aos poucos Rocky ia-se tornando numa verdadeira máquina de guerra. Pronto a golpear sem piedade os adversários mais temíveis. Só havia um problema: como inscrever um Yeti numa modalidade que somente aos seres-humanos era permitida?

3 comentários:

Miguel Baganha disse...

Qui ça, uma navalha de barba e um pouco de sabão Clarim, ajudem a eliminar a inestética pelugem do Yéti, possibilitando assim a inscrição deste pugilista promissor...eheheh.

Um abraço e boa semana, Talk-Talk!

Curte fixe ;-)

Barão da Tróia II disse...

Passei por cá para desejar uma boa semana e que ganhe o Yeti.

Mac Adame disse...

Hmmm... Só aos seres humanos? Estás a falar a sério? Aquela espécie de trogloditas que abunda no boxe são seres humanos? Pronto, acredito! Mas que disfarçam bem, lá isso disfarçam...