segunda-feira, janeiro 05, 2009

Agente 007 – Parte I

Era um casino como tantos outros. Da pequena cave de 10 metros quadrados oculta num prédio de oito andares imanava um estranho odor. Talvez fosse do ambiente carregado de puro dramatismo ou então eram apenas os sovacos do Roberto Bifanas a produzir suor.
Somente eu e Bifanas permaneciamos em jogo. Quem vencesse limpava a mesa. E ainda era uma mesa razoável: 15 rebuçados de sabor a morango, 7 pastinhas gorila de cores diversas e 1 pacotito de 5 bolachas-baunilha.
Uma peça apenas me separava da vitória. Sentia-me confiante, era caso para isso, já por duas vezes tinha sido campeão regional de Dominó. Bifanas ainda tinha três peças para despachar. Com a vitória quase certa dei um trago no Sumol laranja e esboçando um ligeiro sorriso disse:
- Sabes Bifanas, ainda vais a tempo… desiste agora e as bolachas são tuas…
- Não posso meu caro James, não posso… vou arriscar…
E arriscou. Jogou a peça 6-1. “Amarelei” e fui buscar uma peça ao monte. Bifanas esguichou um risinho estúpido e joga 1-4. "Avermelhei” e fui buscar outra peça. Bifanas soltou uma gargalhada ridícula e jogou 4-4. “Amuei por completo” e pontapeei a mesa que virou sobre Bifanas deixando-o estatelado no chão. Os seguranças do Bifanas saltaram como loucos sobre mim. De forma quase ágil, esquivei-me com estilo, pulando sobre a mesa tombada na direcção da porta. Mas… tanto estilo para nada. Uma cave com 2,00 metros de pé-direito não é o sítio ideal para um calmeirão andar aos pulos. A minha cremalheira embateu contra o tecto da sala. Caí inanimado. Acordei no dia seguinte deitado numa cama do Hospital. Mal abri os olhos ouvi uma voz familiar que me disse de forma doce:
- Olha lá oh minha besta! Que escabeche foi aquele ontem?
- Calma chefe… o Bifanas mais um pouco e vai revelar-me quem é o Mestre do Crime…
- O quê?! Tem juízo James. Ele vai é lambuzar-se com as bolachitas de baunilha que os contribuintes da Ilha do Rato pagaram. E da próxima vez que te ver vai mandar os capangas dele darem-te um sova.
- Não vai nada… ele sabe!
- Sabe o quê?
- Ele sabe de que material é feito aqui o “je”!
- Pois, pelo menos a cabeçorra deve ser de pedra, abriste um buraco na laje!

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