Crónicas de Zé Caxias – A arte do Engate

O engate tem muito que se lhe diga. Bem, ás vezes nem é preciso dizer nada. O charme é tudo. Quem tem charme e o usa em estilo devora tipas como porcos devoram bolotas frescas em manhãs de Primavera. Vários tipos de engate poderia aqui descrever, cada qual com pontos fracos e fortes, cada qual a aplicar em determinadas situações.
O tipo de engate que uso frequentemente no entanto é universal, infalível e pode ser aplicado a qualquer hora do dia. Vou descreve-lo por etapas:

Visualização – Nada como um olhar de lince, daqueles capaz de atravessar paredes, elas enlouquecem, especialmente se for acompanhado duma ligeira mexida no cabelo e um abrir ligeiro de lábios, como que mostrando uma certa indiferença perante a caça.

Aproximação – O andar é tudo. A forma suave do caminhar até chegar à presa é fundamental. Aconselho o balançar de ombros acompanhado de movimentos afirmativos da cabeça.

Abordagem – Momento chave. Aqui se define tudo. Pouca conversa e muita acção mostrando confiança é o segredo. Exemplo? Que tal: “Oi, hoje é o teu dia de sorte, chegou o Senhor do Amor, Rei do Charme e Chefe do Estilo, que rico corpinho tu tens, como é que te chamas Princesa?”

Conversação – Serve apenas para apimentar a coisa, enfim para dar algum adocicado a tudo isto, pois é certo que ela já rasteja aos nossos pés. Pode-se falar do tempo, de politica, dos afazeres domésticos, da cor dos cabelos, no entanto convém focar a virilidade e a intenção de que não haja tabus no momento da verdade.