segunda-feira, abril 09, 2007

Cartas de Amor de Licínio Chispes: Carta I

Olá miúda:

Eu sei que achas que eu sou um chaparro. Daqueles bem feiinhos e ressequidos pelo sol, onde até os pardais temem poisar e os cães se recusam a alçar da pata traseira para regar os cogumelos. Mas também, porra, tu não és propriamente a Miss Baixa da Banheira. Especialmente agora que pesas mais de 100 quilos e também por causa daquela recente bebedeira que apanhaste, que te fez ir com os queixos ao chão, partindo-te os últimos dois dentes inteiros que tinhas.
E depois a beleza não é tudo. Há algo mais para além disso. Há a amizade e a confiança. Que mais podes desejar do que um tipo feio? Já reparaste que isso faz baixar a probabilidade de seres traída? Pronto… é verdade que a hipótese se mantém… mas eu não tenho dinheiro para ir à Vivenda da Ti’Chica nem disponibilidade física para pular a cerca do Manel da Adega para ir correr atrás das cabras.
Eu acho sinceramente que nascemos um para o outro. Tu para cozinhares para mim, eu para dizer bem dos teus petiscos, até daqueles rissóis a saber a ranço e do arroz que costumas fazer que mais parece argamassa. Ou então para me coçares as costas enquanto eu te cato a bicheza que teima em habitar a tua farta cabeleira e outras zonas bem mais farfalhudas e encaracoladas.
Moça, eu no fundo sou um romântico, é por isso que escrevo estas linhas com a lágrima a cair-me do sobrolho. Eu sei que está vento e também sei que o areal do Rosário é fino e propicio a lacrimações, mas não é por isso, é que tu sabes como ficam os meus olhos sempre que bebo água-ardente depois de ressacar uma piela de vinho carrascão.
Vá lá… não te armes em esquisita e volta para mim, lembra-te dos bons tempos que passámos, daquelas primeira duas horas até eu conhecer a tua mãe, o parvalhão do teu padrasto e o cão de loiça que tu tratas por Bobi! Recordo com saudade aquele dia em que fomos à Praia da Barra-a-barra apanhar banhos de Sol, de te ver pela primeira vez em fato de banho. Notei logo que tínhamos muita coisa em comum: Ambos com peitos pequenos, ombros largos e muitos pêlos nas pernas…
Olha, fico por aqui. Volta para mim e deixa-te de tretas. Se por algum acaso decidires não voltar pelo menos tem o bom senso de mandar alguém vir entregar-me o pincel e a lâmina da barba. Não sei para que levaste isso, tu que nunca foste de te preocupar com a imagem!

3 comentários:

Francis disse...

É verdade. Mais importante que a aparência é a beleza interior de cada um. É por isso que sempre que conheço uma gaja lhe peço algumas radiografias! :-)))

Anónimo disse...

"Mulher gordinha é igual a mortadela: Redondinha, cheia de gordurinhas e quem come adora, mas não conta pra ninguém." :)))

Talk Talk disse...

Francis:
Eu para além das radiografias costumo pedir alguns exames de apalpação... ah... e prefiro ser eu a realiza-los não vão sair falseados, ehehehe
Um abraço

Maria:
Mulher gordinha tende a ser simpatica... e não há como uma mulher sorridente!
Um beijinho.