O tempo não volta para trás. Sim… é uma frase mais gasta do que as partes íntimas duma prostituta de 50 anos a atacar há 30 no Pinhal de Coina. Mas a vida é mesmo assim. É por isso que eu olho sempre em frente, nunca para trás. Também nunca olho para o chão o que juntando ao facto de calçar o 45/46 (e com a ajuda da falta de civismo) vem demonstrar que a relação que tenho com a merda de cão não é simples coincidência. Eu também quase nunca acredito em coincidências. Quase nunca. Mas às vezes elas acontecem. E às vezes não são boas coincidências. Mas o que interessa é continuar a caminhar… convém é ir olhando para o chão, não vá pisar-se uma “mina" de cão ou meter o pé dentro duma sarjeta.
Mas no fundo todos temos memórias e vivemos com elas. Lembro-me de começar a desenvolver a minha aptidão para conseguir o que queria com o menor esforço possível. Sem pedalar, o meu triciclo percorria as ruas da Vila de baixo para cima, de cima para baixo. Também me lembro de começar a desenvolver o lado imaginativo (ou incompreensivelmente estranho se preferirem) nas horas passadas naquela janela a olhar o rio, a Ilha do Rato, os barcos, os aviões militares a aterrar no Montijo, ao mesmo tempo que comia torradinhas ou bolachas baunilha.
Já não cabo num triciclo e duvido que haja alguém de bom senso que me tente puxar num com a ajuda de um cordel, cada vez há menos aviões a aterrar no Montijo, olho o rio e a Ilha do Rato de outros sítios, as (verdadeiras) bolachas baunilha estão a desaparecer, as torradinhas já não têm o mesmo sabor e a machadada final: o último dos meus Velhotes foi-se. Não vou voltar àquela casa nem àquela janela, mas também não vou precisar… há coisas que a memória, até num tipo que anda à procura do telemóvel com ele na mão, teima em guardar.
Para o meu Avô, rijo, torto e com um feitio de meter medo ao susto, no entanto sempre tão bondoso e doce comigo.
Mas no fundo todos temos memórias e vivemos com elas. Lembro-me de começar a desenvolver a minha aptidão para conseguir o que queria com o menor esforço possível. Sem pedalar, o meu triciclo percorria as ruas da Vila de baixo para cima, de cima para baixo. Também me lembro de começar a desenvolver o lado imaginativo (ou incompreensivelmente estranho se preferirem) nas horas passadas naquela janela a olhar o rio, a Ilha do Rato, os barcos, os aviões militares a aterrar no Montijo, ao mesmo tempo que comia torradinhas ou bolachas baunilha.
Já não cabo num triciclo e duvido que haja alguém de bom senso que me tente puxar num com a ajuda de um cordel, cada vez há menos aviões a aterrar no Montijo, olho o rio e a Ilha do Rato de outros sítios, as (verdadeiras) bolachas baunilha estão a desaparecer, as torradinhas já não têm o mesmo sabor e a machadada final: o último dos meus Velhotes foi-se. Não vou voltar àquela casa nem àquela janela, mas também não vou precisar… há coisas que a memória, até num tipo que anda à procura do telemóvel com ele na mão, teima em guardar.
Para o meu Avô, rijo, torto e com um feitio de meter medo ao susto, no entanto sempre tão bondoso e doce comigo.