sexta-feira, abril 20, 2007

Universidade do Charme: Comunicado do seu Reitor: Zé Caxias

Ultimamente tem sido posto em causa o bom-nome da nossa Instituição. Há muitos a opinar, poucos a dizer a verdade. Ainda ontem, enquanto cortava a cabelo na barbearia do Treme-treme, o chico-esperto do Tó Talhadas jurava a pés juntos que o Talk Talk nunca tinha pisado os corredores da Universidade e que ainda assim possuía um certificado que o diplomava em Engenharia de Gestão do Charme! É destas inverdades que nascem os boatos e é com boatos que se estraga a reputação das pessoas.
Claro que o Talk nunca pisou os corredores da Universidade. Aquilo é soalho antigo e envernizado e um tipo com uns cascos daqueles não pode nunca pisar aquele pavimento!
As aulas, às quais ele nunca faltou, foram tomadas quase todas na Vivenda da Ti’ Chica, ou então na boate da Aurora, agora conhecida por Bar Sedução… e fui eu, com a ajuda das minhas assistentes brasileiras e ucranianas, que as leccionei!
Outro rumor que corre célere como o cavalo lusitano é o de que os exames são forjados de forma a facilitar a vida aos alunos! “São demasiadamente fáceis”, dizem eles!
Eu queria ver as bocas envenenadas que dizem isso a, após emborcarem 3 litros de vinho tinto, levarem uma matulona de 80 quilos por umas escadas a cima, enfiarem-na dentro dum quarto e só saírem de lá no outro dia de manhã! Ou então queria vê-los a tentar seduzir a Fofinha, a vaca charolesa do Tio Bento, especialmente depois dela ter passado a tarde com o Rinites, o Toiro Bravo do Zé da Adega!
Ganhem juízo e não sejam invejosos… o Charme não é para todos.

quarta-feira, abril 18, 2007

Acabou o café

Já devem ter reparado que eu tenho a mania que sou o número um e mais não sei o quê. Não é a gozar, quem me conhece sabe que sou vaidoso e que estou plenamente convencido das minhas qualidades. Pelo menos em três coisas: A fazer música com duas colheres, na rapidez com que devoro bolachas baunilha e no estilo criativo com que bebo café.
Não é que esta introdução tenha muito a ver com o que vou escrever a seguir, mas para além disto ter que começar de alguma maneira é quase sempre quando estou a beber café que me acontecem coisas esquisitas!
E lá estava eu, na pastelaria, a ler um livro do Pato Donald e a beber o cafezito (desta vez colocando a chávena no bicípite antes de a levar à boca) quando reparei na mesa do lado. Três raparigas com pouco mais do que 18 anos e um tipo das mesmas idades. Ele levantou-se e foi à casa de banho. Elas começaram a bombardear no rapaz. “É um totó”, “Não sei porque andas com ele”, “O que queres, o Vitó só sai comigo às 6ªfeiras…”, “Tás a precisar é de um pequeno-almoço destes aqui do lado!”.
Confesso que foi mesmo esta última frase que me chamou mais a atenção. O “aqui ao lado” era a minha mesa e para além da chávena de café e do livro de BD não havia mais nada em cima dela. Após uns risitos veio a abordagem:
- Desculpe, não tem vergonha de ler livros para crianças?
- Tenho, por isso é que venho para o pé delas lê-los.
- Pois… deves ser é estúpido!
- Poder de encaixe é uma necessidade para quem gosta de dizer graçolas!
- O quê?! Vai mas é à merda!
Entretanto chegou o “Totó” de ar admirado e perguntou à namorada:
- Este gajo estava a meter-se contigo?
- Deixa estar que a gente tratou do assunto
Mesmo assim virou-se para mim e disse:
- Olha lá, algum problema?
- Sim, dois. Um teu outro meu. O teu é que parece que o Vitó vai começar a sair também aos sábados e o meu é que adorava continuar aqui a ouvi-los dizer disparates mas tenho que ir… acabou-se-me o café!

sexta-feira, abril 13, 2007

Sessão de autógrafos

Não sei se o meu aparecimento num programa televisivo teve influência. O tema, “A presença do Homem de Cro-Magnon na Sociedade Actual” no canal III do National Geographic talvez tenha vindo exponenciar de vez a minha popularidade.
Não tive mãos a medir para tantos autógrafos. Foi quase uma loucura! É certo que a entrevista que dei para o programa foi realizada, que decorreu numa gruta, decorreu em dialecto “Cro-magnês” e as minhas vestes (tanga à tigre, ténis, cachimbo e moca) eram um pouco diferentes das que uso enquanto estrela do Charming Punk Rock, mas mesmo assim penso que me reconheceram e o facto influenciou a presença de fãs nesta sessão de autógrafos levada a cabo na Taberna do Salpicado no Rosário.
Os outros membros da banda (mais uma vez) não puderam estar presentes. O Stylish continua a penar com as aftas na nuca, o Crazy Charm aderiu de vez à tribo dos zulus e agora diz que é Pai de Santo e que lê o futuro na massa das pizzas, o Seducer continua detido por contrabando de limalhas de ferro… enfim, resto eu para levar a banda para a frente!
A apresentação do novo álbum correu assim de feição, rodeado daqueles que adoram os I-Glamour. As novas músicas transportam-nos para sonoridades mais melodiosas e calmas, para isso contribui e muito a gaita-de-beiços do Charm e em especial o chocalho da Salsicha, a vaca charolesa do Robalo Fernandes. Contamos ainda com a participação do Luís Keita, o Vice-Rei do Kizomba, numa versão da música Apita o Comboio, onde o Pimba se mistura com o Punk Rock e com os sons africanos num melting pot (o que eu gosto desta expressão!) irresistível.
Não se esqueçam de comprar o CD, estará brevemente disponível na Feira da Vinha das Pedras, que decorre todas as quintas-feiras, na banca da Marianita Maia.

segunda-feira, abril 09, 2007

Cartas de Amor de Licínio Chispes: Carta I

Olá miúda:

Eu sei que achas que eu sou um chaparro. Daqueles bem feiinhos e ressequidos pelo sol, onde até os pardais temem poisar e os cães se recusam a alçar da pata traseira para regar os cogumelos. Mas também, porra, tu não és propriamente a Miss Baixa da Banheira. Especialmente agora que pesas mais de 100 quilos e também por causa daquela recente bebedeira que apanhaste, que te fez ir com os queixos ao chão, partindo-te os últimos dois dentes inteiros que tinhas.
E depois a beleza não é tudo. Há algo mais para além disso. Há a amizade e a confiança. Que mais podes desejar do que um tipo feio? Já reparaste que isso faz baixar a probabilidade de seres traída? Pronto… é verdade que a hipótese se mantém… mas eu não tenho dinheiro para ir à Vivenda da Ti’Chica nem disponibilidade física para pular a cerca do Manel da Adega para ir correr atrás das cabras.
Eu acho sinceramente que nascemos um para o outro. Tu para cozinhares para mim, eu para dizer bem dos teus petiscos, até daqueles rissóis a saber a ranço e do arroz que costumas fazer que mais parece argamassa. Ou então para me coçares as costas enquanto eu te cato a bicheza que teima em habitar a tua farta cabeleira e outras zonas bem mais farfalhudas e encaracoladas.
Moça, eu no fundo sou um romântico, é por isso que escrevo estas linhas com a lágrima a cair-me do sobrolho. Eu sei que está vento e também sei que o areal do Rosário é fino e propicio a lacrimações, mas não é por isso, é que tu sabes como ficam os meus olhos sempre que bebo água-ardente depois de ressacar uma piela de vinho carrascão.
Vá lá… não te armes em esquisita e volta para mim, lembra-te dos bons tempos que passámos, daquelas primeira duas horas até eu conhecer a tua mãe, o parvalhão do teu padrasto e o cão de loiça que tu tratas por Bobi! Recordo com saudade aquele dia em que fomos à Praia da Barra-a-barra apanhar banhos de Sol, de te ver pela primeira vez em fato de banho. Notei logo que tínhamos muita coisa em comum: Ambos com peitos pequenos, ombros largos e muitos pêlos nas pernas…
Olha, fico por aqui. Volta para mim e deixa-te de tretas. Se por algum acaso decidires não voltar pelo menos tem o bom senso de mandar alguém vir entregar-me o pincel e a lâmina da barba. Não sei para que levaste isso, tu que nunca foste de te preocupar com a imagem!

quarta-feira, abril 04, 2007

O Burro Desdentado

Diz o sábio povo que um azar nunca vem só. O Ti’Bezana, homem sensato, gosta de acrescentar algo mais a esse provérbio: “Um azar nunca vem só, trás sempre um burro desdentado com ele”.
Sinceramente nunca percebi o que o Ti’Bezana quer dizer com aquilo, também não sei se é bem isso que ele diz. Geralmente quando o oiço proferir ditos populares estamos ambos na sua adega, no Cabeço Verde. Lá a acústica é má e não é fácil falar com a torneira da pipa de vinho nos beiços. Lembro-me da vez que o ouvi dizer: “vai lá fora buscar pão e torresmos meu trambolho, mexe-me essa grande melancia que tens em cima dos ombros a fazer de cabeça!”. Fui, voltei bastante depois sem os torresmos pois não os encontrei. Como tinha passado imenso tempo a pipa já tinha esvaziado e tornara-se mais fácil entender o Ti’Bezana, agora de boca livre, que me disse pasmado:
- Onde foste tu pá?!
- Então fui buscar o pão e os torresmos que o Tio me pediu!
- Estás bonito estás… mas eu não disse nada disso!
- Não?!
- Não, estava só a cantarolar aquela música da Shakira e depois vi-te a dar de frosques… porra também não canto assim tão mal!
- Claro que não Ti, a sua voz é excelente.
- Há bom… e então os torresmos? Porque é que não os trouxeste? Ai essa cabeçorra!