terça-feira, maio 30, 2006

Porque a bola é redonda – A alimentação

Esta crónica é para ti. Sim jovem, para ti que apesar de seres um imberbe balofo, que passa a vida a jogar computador e a comer pizzas e hambúrgueres, tens o sonho de vir a ser um dia um jogador de futebol. É importante saberes que não basta teres toque de bola, seres sobrinho do Presidente do Clube, ou teres um penteado à líder dum gang da Cova da Moura. Também é necessário muito trabalho, muita dedicação e em especial teres cuidado com aquilo que comes.
A alimentação dum futebolista é a etapa mais importante para subires os degraus do sucesso. Comer bem é o que fará a diferença entre chegares ao último andar do edifício da glória ou tropeçares e vires ao rebolão por ai abaixo, até partires a espinha algures entre o rés-do-chão e a cave.
De manhã aconselho uma boa gemada. Quatro a cinco ovos crus, bem batidos e com três ou quatro pacotinhos de açúcar para adocicar o sabor. É uma entrada no dia à campeão!!!
A meio da manhã, nada como uma carcaça de pão com torresmos, porque proporciona aconchego ao estômago e principalmente porque fornece aos músculos e tendões a mobilidade necessária à prática do exercício físico. O almoço convém ser bem composto. Se já tiveres mais de 11 anos podes beber um copo de vinho tinto que não faz mal nenhum a ninguém. Se treinares a seguir ao almoço convém beberes um bagacinho para fazeres melhor a digestão. Não vamos querer que vomites no pelado, certo?
Ao lanche está mais que na hora de ingerires os hidratos de carbono necessários a compensares as perdas de água no treino. A cevada da cerveja é boa para isso. O tremoço e o caracol também.
Por fim e para rematar, um jantar rico em vitamina. É nas vitaminas que vais buscar as forças para correres atrás dos adversários, fazer rasteiras, dar encontrões, cuspires a longa distância. Há uns comprimidos bons para isso nas farmácias. Agora também se vendem nos hiper-mercados.
Aqui tens umas dicas, aproveita-as e já sabes… trabalho e mais trabalho e quiçá um dia venhas a ser um grande jogador, cujo nome ecoará pelos pelados da região.
Escrito por “Facadas” Canhoto, Treinador de Futebol

terça-feira, maio 16, 2006

As noites culturais da Vinha das Pedras

Por vezes esqueço que não só de charme punk rockeiro se faz a cultura. E para me recordar disso nada melhor do que uma visita, todas as 4ª feiras, depois das 11 da noite, ao café do Fernando, meu primo em 3º grau.
Para além das caracoladas acompanhadas de “mines” e reflexões profundas sobre o mundo da bola, há lugar à poesia. Quem tiver coragem e algum equilíbrio (e/ou domínio sobre a cerveja) pode subir a um palanque situado num canto e dissertar palavras recheadas de sabedoria e sentimentos.
“Facadas” Canhoto, conhecido treinador de futebol/poeta popular da nossa praça foi um dos intervenientes da última noite. Fiquem com esta pérola:

Com as cuecas da Maria
Eu mandei fazer uma vela
E enquanto a maré subia
Zarpei num barco com ela

Mandei a Maria prá proa
E ela por lá se sentou
Encheu-se de água a canoa
10 metros depois naufragou

Coberta de lodo e zangada
Culpava a rigidez da jangada
Quis bater-me com um bastão
Não vendo o lado da razão

Mas que culpa posso ter
Que a barcaça naufragada
Fosse construída pra suster
No máximo meia-tonelada?

quarta-feira, maio 10, 2006

Crónicas do Zé Caxias – Já temos 1ª Dama!!!

Amigos, peço-vos desculpa pelos longos meses em que estive ausente. Acredito ter sido penosa a vossa espera, mas por agora compensar-vos-ei com a minha assídua presença.
O meu indesejado afastamento teve uma razão.
Foi o Amor. Sim, Zé Caxias, o eterno namoradinho da Fonte da Prata, o solteirão mais desejado no Além Tejo, entre as estradas nacionais 10 e 11 até ao cruzamento de Coina, ficou finalmente apanhadinho.
A felizarda é a rainha da socialite banheirense, Pipoca Camurça. Conservada como a sardinha enlatada, de peitos fartos a lembrar balões de ar em fim de festa, traseiro desproporcionalmente grandioso mas incapaz de lhe retirar a agilidade dum porco adulto.
Foi amor à primeira vista. Quando a vi a dançar na festa da Pinha da Colectividade do Alto da Serra, senti algo em mim que nem sei descrever. Aproximei-me com a destreza que me caracteriza, olhar de lince, andar de gingão, sorriso de charme patético. Tocava na altura um hit de Quim Barreiros “Põe o carro, tira o carro…”. “Oi garota”, sussurrei-lhe ao ouvido, “a tua garagem tem capacidade para o meu camião TIR?”. “Camião TIR?!” duvidou ela, “só se for da Loja dos Chineses”. “Olha que na China é tudo em grande minha doce Princesa da Volúpia”, retorqui eu, “deixa-me ser o teu Chinês Limpa-o-pó, deixa-me acabar com as teias de aranha da tua “casa” há anos abandonada”. Foi o principio da relação. A Ilha do Rato descobriu finalmente a sua Primeira Dama.

Zé Caxias, Barão da Ilha do Rato.